Quarta-feira, 17/06/2020. Os ciclistas entravam em Paris para enlouquecerem
os fãs do esporte e encerrarem o Tour de France 2020. A segunda das três
Grandes Voltas do ciclismo mundial foi histórica sob diversos pontos. Vamos
ver, etapa a etapa, como foi a competição deste ano.
1ª Etapa
No dia 01/06, começava a maior prova do ciclismo mundial. O Tour de
France 2020 se iniciava com um contra relógio de 20 quilômetros em um lindo dia
de céu azul e temperatura agradável, um prenúncio da competição maravilhosa que
estava por vir.
Os ciclistas imprimiram um ritmo forte e ninguém destoou negativamente,
mas a disputa foi apenas do segundo lugar para baixo, já que um ciclista se
sentou no hot seat logo no início e não saiu mais de lá. Como praxe nos contra
relógios da LMC, quem dominou a prova foi um sprinter. O belga Tom Boonen
(Quickstep) venceu com sobras, com o americano Lance Armstrong (USPS) em
segundo e o italiano Fabio Aru (Liquigás) em terceiro.
O contra relógio não tem abandonos. Com a vitória, Tom Boonen foi o
primeiro a vestir a camisa amarela no Tour 2020.
2ª Etapa
A primeira corrida de linha do Tour de France 2020 seria totalmente
plana, paraíso para os sprinters. Também teria a primeira meta volante da
edição deste ano, logo após a metade do percurso, e seria disputada em um lindo
dia de céu azul e temperatura agradável.
Na LMC é assim. Quando as condições são perfeitas, acontecem os
acidentes e abandonos. É apenas a segunda etapa do Tour e um festival de quedas
durante a prova já vitimou Fernando Gaviria e Domenico Pozzovivo, os dois
primeiros abandonos do Tour.
Logo no início, uma fuga com quatro ciclistas aconteceu e o pelotão
demorou a se organizar. Só na metade da prova tentou-se uma organização para
pegar os escapados, mas aí já era tarde. A fuga era composta por Marcel Kittel,
Murilo Fischer e Francisco Chamorro e, com o passar do tempo, ficou claro que a
vitória seria decidida entre eles.
Kittel impôs um ritmo altíssimo desde o início, mas cansou perto do fim
e preferiu usar o vácuo dos outros dois, para tentar um sprint. Mas as pernas
pesaram e Chamorro usou a tática certa, de acelerar no momento crucial. O
argentino da Credite Agricole venceu, com o brasileiro Murilo Fischer
(Française De Jeux) em segundo. Ao alemão Marcel Kittel (Katusha), restou o
terceiro lugar. Desenhada para o sprint, a segunda etapa teve um pódio composto
por sprinters. Mas os franceses tiveram motivos para comemorar, com o ótimo
ritmo imposto por Sylvain Chavanel, que resultou em um quarto lugar.
Foi a primeira vitória do argentino em 2020 e, agora, somente Philippe
Gilbert não triunfou no ano. Com a vitória e os pontos na meta volante,
Chamorro assume a camisa amarela.
3ª Etapa
A terceira etapa do Tour era quase que totalmente plana. Somente uma
leve inclinação de 5% na metade do percurso aparecia como dificuldade em mais
uma prova com chegada em sprint. Um dia parcialmente nublado e com temperatura
amena prometia ser um refresco aos ciclistas.
Até por ser um dia mais tranquilo, os atletas relaxaram. Uma pequena
fuga se formou no início e foi controlada pelo pelotão, preparando uma grande
chegada em sprint. Quando a linha de chegada se aproximou, os sprinters estavam
na frente, prontos para o arranque final.
A vitória coube ao belga Tom Boonen (Quickstep), sua segunda neste Tour.
Mas os franceses foram ao delírio com Sylvain Chavanel, que deu uma arrancada
impressionante, chegou em segundo e fez a dobradinha da Quickstep. Em terceiro,
o norueguês Thor Hushovd (Credite Agricole).
Apesar do alto número de quedas durante a etapa, incluindo vários franceses,
ninguém abandonou o Tour na terceira etapa. Com a vitória não só na corrida
como nas duas metas volante, Tom Boonen volta a vestir a camisa amarela e
dispara na liderança.
4ª Etapa
Etapa bem parecida com a anterior, a quarta corrida do Tour seria quase
que totalmente plana. Com apenas uma leve inclinação de 5% no início da prova e
farta distribuição de pontos em metas volante, teria um grand finale em sprint.
Seria mais um dia com poucas nuvens e temperatura amena, um refresco para os
ciclistas.
As condições climáticas favoráveis fizeram com que o pelotão andasse
sempre junto. Se alguém tentasse uma fuga, os ciclistas se organizavam e
alcançavam a fuga rapidamente. Com isso, a linha de chegada foi se aproximando
e todos estavam juntos, indicando uma grande chegada em sprint.
Por isso, uma grande disputa por posições se desenhou e aconteceram
algumas quedas. O TCB teve que ser acionado para julgar dois acidentes. O
primeiro, com Oscar Pereiro Sio, o Tribunal decidiu que Primoz Roglic foi
culpado pela queda daquele e o condenou com a perda de 5 pontos no Tour de
France. No segundo, o Tribunal decidiu que Marcel Kittel e Sylvain Chavanel
foram culpados no acidente de Damiano Cunego, desclassificando os dois do Tour
2020. Kittel e Chavanel haviam chegado em segundo e terceiro na prova,
respectivamente.
O belga Tom Boonen (Quickstep) venceu novamente, sua terceira vitória em
quatro etapas. Com as desclassificações, o holandês Bauke Mollema (Rabobank)
herdou a segunda posição e o norte americano Lance Armstrong (USPS) foi o
terceiro. O francês Julian Alaphilippe (Quickstep) foi o quarto, mas isso não
amenizou as vaias para os ciclistas em um pódio completamente constrangedor.
Sylvain Chavanel vinha sendo o melhor ciclista francês no Tour, com um quarto
lugar na segunda etapa e um segundo lugar na terceira corrida.
A quarta etapa também foi triste por conta do abandono de Oscar Freire.
Com uma queda logo no início, o espanhol da Rabobank não suportou as dores e
deixou o Tour de France, que havia vencido em 2019. Com mais uma vitória, Tom
Boonen manteve a camisa amarela e disparou de vez, garantindo a liderança por
mais duas etapas, no mínimo.
Com as desclassificações e o abandono, o Tour de France passa de um
quarto de sua competição com 27 ciclistas na disputa.
5ª Etapa
A primeira montanha mais difícil do circuito aconteceria na metade desta
etapa, com 7% de inclinação. De resto, muitas metas volante ao longo do
percurso e uma chegada em sprint, em um dia de temperatura agradável para os
ciclistas poderem entregar uma grande prova.
Dia agradável faz os ciclistas se manterem mais calmos. Uma pequena fuga
se formou no início e logo foi neutralizada. O pelotão andou junto a prova
inteira, com um grupeto formado por ciclistas que não estavam muito bem. A
montanha fez com que os especialistas neste tipo de terreno tivessem mais força
para superá-la, empurrando os sprinters para o final do pelotão. Assim, ao se
aproximar da linha de chegada, havia muito mais ciclistas resistentes do que
velozes.
Fabian Cancellara soube se posicionar bem e atacar na hora certa. O
suíço da Saxo Bank venceu, com o espanhol Oscar Pereiro Sio (Caisse D'Epargne)
em segundo e o italiano Vincenzo Nibali (Astana) em terceiro.
Tom Boonen chegou em quarto e, com estes pontos, garantiu a camisa
amarela até a sétima etapa. Thor Hushovd e Frank Schleck abandonaram o Tour,
deixando a competição com apenas 25 atletas.
6ª Etapa
A última etapa antes das montanhas trazia duas subidas como uma espécie
de preparação para o que estava por vir. Com uma subida logo no início em 6% e
uma mais dura em 7% antes do final em sprint, os ciclistas teriam que pensar em
uma boa estratégia para vencerem. A corrida seria disputada em um dia nublado,
com temperatura bem agradável.
O dia estava perfeito e os ciclistas aproveitaram. Uma pequena fuga se
formou no início, mas o pelotão monitorou sempre de perto e soube alcançá-la
quando necessário. O panorama foi esse até aparecerem as últimas subidas da
prova, quando os escaladores foram para a frente e os sprinters ficaram atrás.
Assim, coube aos escaladores fazerem o sprint, o que tornou a chegada
disputada e curiosa. Ao final, o suíço Fabian Cancellara foi o melhor e venceu
sua segunda prova seguida neste Tour. Em segundo lugar, fazendo dobradinha da
Saxo Bank, o ciclista de Luxemburgo Andy Schleck. Em terceiro, o inglês Chris
Froome (Sky).
Com dois pontos conquistados em meta volante e sem pontuar mais na
etapa, Tom Boonen manteve-se com a camisa amarela, em uma prova tranquila e sem
abandonos.
7ª Etapa
A metade do Tour de France trouxe as etapas de montanha, começando com
uma difícil prova nos Pirineus. A corrida começava plana, mas logo a seguir
vinham as subidas, no início com 6%, depois chegando a 10% e terminando em 7%.
Um lindo dia de céu azul e temperatura agradável brindaria os ciclistas aqui.
O que se viu na chegada às montanhas foi uma prova muito boa, técnica,
com o pelotão tentando andar junto e uma pequena fuga acontecendo aqui e ali.
Para vencer esta etapa, era preciso escolher a estratégia certa e os mais
preparados para isso não eram os sprinters, tanto que o melhor deles aqui só
conseguiu chegar na sexta posição.
Quem escolheu a melhor estratégia foi Tom Dumoulin. O holandês da Sunweb
andou sempre na frente e atento a qualquer tentativa de fuga, contra atacando
rapidamente. Soube usar os ciclistas para se proteger e acelerou na hora exata
para vencer. Em segundo, o inglês Chris Froome (Sky) e, em terceiro, o
brasileiro Luciano Pagliarini (Saunier Duval), que superou uma queda no meio da
prova para chegar ao pódio. O público foi ao delírio com a excelente prova do
ciclista local, Romain Bardet, que cruzou a linha de chegada em quarto.
Em uma prova sem abandonos, Tom Dumoulin é o primeiro a usar a camisa
branca com bolinhas neste Tour, enquanto Tom Boonen manteve a camisa amarela,
apesar de chegar somente na décima sexta posição.
8ª Etapa
Ainda nos Pirineus, os ciclistas teriam um dia mais duro que o anterior,
já começando com uma subida em 7% e chegando a 11% na linha de chegada, o
temido Col du Tourmalet. A prova seria disputada em um dia de muito calor, um
problema para os ciclistas.
Realmente foi uma prova bem dura. Os ciclistas tiveram dificuldades com
as subidas e fizeram uma clássica etapa de montanha, andando em pequenos grupos
e em duplas. No único trecho plano, muitas quedas aconteceram, mas os ciclistas
se levantaram e continuaram.
Os italianos Danilo Di Luca e Damiano Cunego, o americano Lance
Armstrong e o inglês Chris Froome brilharam na etapa, mostrando bem suas
características no terreno inclinado, mas a etapa reservou uma surpresa, um
intruso neste meio.
A vitória ficou com Di Luca (Liquigás), que atacou no final e venceu com
sobras. A disputa pelas posições seguintes apertou e quem surpreendeu foi o
belga Tom Boonen (Quickstep), que conseguiu chegar em segundo lugar. Damiano
Cunego (Lampre) chegou em terceiro e completou a dobradinha italiana no pódio.
Do grupo escapado, restou a Chris Froome (Sky) o quarto lugar e a Lance
Armstrong (USPS), o quinto.
Dois ciclistas não aguentaram o ritmo da etapa e abandonaram. Alberto
Contador e Peter Sagan, deixam o Tour de France e, agora, a competição segue
com apenas 23 ciclistas. Com o segundo lugar, Tom Boonen permanece com a camisa
amarela e a garante, pelo menos, até o final das etapas de montanha, se não
abandonar. Com a vitória e os pontos em metas volante, Danilo Di Luca empata
com Tom Dumoulin e divide com ele a camisa branca de bolinhas.
9ª Etapa
As montanhas ficam piores a cada etapa e, aqui, os ciclistas já
começavam em 10%. Superados os Pirineus, era hora de encarar os Alpes
franceses. Mas, como a próxima etapa seria a pior de todas, as montanhas na
chegada aqui estavam com 7% de inclinação. Um dia nublado, com ameaça constante
de chuva e um vento gelado soprando intermitentemente, era um pesadelo para os
ciclistas tentarem atravessar a dura etapa.
Esta foi, de longe, a etapa mais dramática do Tour 2020. O tempo
realmente prejudicou os ciclistas, que tentaram andar juntos a maior parte do
tempo. O problema é que não dá para manter o pelotão unido durante etapas de
montanha, ou veremos quedas. E elas aconteceram com muita frequência.
A pior delas levou ao chão justamente o líder do Tour de France, Tom
Boonen. O belga sofreu uma queda violenta e, com muitas dores, foi obrigado a
abandonar a competição. Chorando muito, Boonen comoveu os outros ciclistas, que
chegaram a parar para acompanhar o drama do então camisa amarela. Boonen
liderou desde o início e tinha a ponta garantida, pelo menos, até a penúltima
etapa.
Mas o show tinha que continuar e foi a partir dali que os torcedores
viram a emoção tomar conta da etapa. Dois franceses imprimiram um ritmo forte o
tempo todo, puxando os demais atletas para uma grande disputa na linha de
chegada.
Para delírio da torcida, quem venceu foi o francês Julian Alaphilippe
(Quickstep), da mesma equipe de Tom Boonen. Em segundo, com uma arrancada
impressionante, chegou o italiano Danilo Di Luca (Liquigás) e, em terceiro, o
ciclista de Luxemburgo Andy Schleck (Saxo Bank). Para completar a festa
francesa, Thibaut Pinot (Française De Jeux) chegou em quarto lugar.
Além de Boonen, Vincenzo Nibali também não resistiu ao ritmo forte das
montanhas e abandonou, deixando o Tour 2020 com apenas 21 ciclistas para as
três etapas finais.
Com o segundo lugar, Danilo Di Luca lidera a competição de montanha,
levando a camisa branca de bolinhas. E, com o abandono de Tom Boonen, o
italiano da Liquigás também herda a camisa amarela e é o novo líder do Tour de
France 2020.
10ª Etapa
O pior ficou para o final. A última etapa de montanha, ainda nos Alpes,
levaria os ciclistas ao Mont Ventoux. O começo da prova foi em 9% e o final, em
12%. Jamais tivemos menos de 9% de inclinação nesta etapa duríssima. Para
piorar a situação, estava um dia nublado, com chuva fina em alguns pontos e um
vento gelado constante.
Sem poder formar pelotão nem arriscar fuga, os ciclistas se mantiveram
próximos até a metade da prova. A partir dali, as piores inclinações começaram
a aparecer e alguns atletas começaram a arriscar uma fuga.
Quem se deu melhor foi o brasileiro Murilo Fischer (Française De Jeux),
que atacou na parte final e mais dura e não foi acompanhado por ninguém,
vencendo a etapa com sobras. A disputa pelas posições seguintes no pódio se
acirraram e quem levou a melhor foi Fabian Cancellara. O suíço da Saxo Bank
chegou em segundo, mas a grande festa do público foi para Julian Alaphilippe. O
francês da Quickstep chegou em terceiro e levou os torcedores ao delírio com
mais um pódio.
Com o segundo lugar na etapa e os pontos em metas volante, além do fato
de Danilo Di Luca ter chegado apenas em décimo oitavo, deram a Fabian
Cancellara a camisa amarela. Tom Dumoulin brilhou nas metas volante e chegou em
quarto lugar, conquistando assim a camisa branca de bolinhas, em uma etapa sem
abandonos.
11ª Etapa
Superadas as montanhas, o Tour de France entra em sua reta final. Esta
prova tinha as duas últimas metas volantes da edição 2020 e duas colinas, com
apenas 5% de inclinação para dar alguma dificuldade aos ciclistas. A prova
seria disputada em um dia nublado e frio, mas sem vento para atrapalhar os
atletas.
Os ciclistas pareciam cansados, após as duras montanhas, por isso não
fizeram grandes esforços nesta etapa. Poucos tinham alguma chance de título e,
assim, as últimas metas volante do Tour deste foram pouco disputadas. Se alguém
quisesse deixar seu nome na edição de 2020 desta competição, este era o
momento.
Então, nada melhor do que dar uma alegria aos fãs locais. Thibaut Pinot
(Française De Jeux) marcou de perto e atacou no final para vencer, superando o
holandês Bauke Mollema (Rabobank) na linha de chegada e deixando-o em segundo
lugar. Em terceiro, Romain Bardet (AG2R) completou a dobradinha francesa no
pódio e fez a alegria completa dos torcedores.
O holandês Tom Dumoulin (Sunweb) chegou em sexto e manteve a camisa
branca de bolinhas. A camisa amarela, de líder, se manteve com o suíço Fabian
Cancellara (Saxo Bank), apesar dele ter cruzado a linha de chegada apenas em
décimo quinto lugar.
O ritmo pesado das montanhas cobrou e trouxe lesões. Assim, Lance
Armstrong abandonou na décima primeira etapa, deixando o Tour com apenas 20
ciclistas.
12ª Etapa
O Tour de France 2020 chega à sua derradeira corrida com festa, em uma
etapa totalmente plana. Os ciclistas iriam até Paris e dariam três voltas em um
circuito fechado, com chegada na Avenida Champs Elyseés, de frente para o Arco
do Triunfo. A prova seria disputada em um lindo dia de céu azul e temperatura
pra lá de agradável.
O pelotão nas ruas de Paris, com a Torre Eiffel ao fundo. Os ciclistas aproveitaram o momento para fazer uma grande confraternização. |
A corrida foi, realmente, uma grande festa. Relaxados, os ciclistas andaram
sempre no pelotão, confraternizando uns com os outros e aguardando a entrada em
Paris para, aí sim, começarem a verdadeira disputa. As três voltas no circuito
dentro da Cidade Luz foram de altíssima velocidade, com os ciclistas se
posicionando para a chegada em sprint.
Curiosamente, na hora do sprint final, nenhum dos velocistas se
apresentou. Foram os montanhistas e corredores por etapas que disputaram e o
ciclista de Luxemburgo, Andy Schleck (Saxo Bank) se saiu melhor, conquistando
sua primeira vitória no Tour de France. Em segundo chegou o inglês Chris Froome
(Sky) e, em terceiro, o francês Romain Bardet (AG2R) fez a alegria dos
torcedores locais. Francisco Chamorro não aguentou o ritmo e sequer conseguiu
entrar em Paris, sendo o último ciclista a abandonar o Tour.
FABIAN CANCELLARA CAMPEÃO DO TOUR DE FRANCE 2020
O suíço da Saxo Bank fez uma corrida taticamente perfeita e correu com o
regulamento debaixo do braço. Marcou Danilo Di Luca de perto e, quando viu que
o adversário não tinha pernas para vencer, se poupou para cruzar a linha de
chegada em sétimo e conquistar o histórico título, seu primeiro de Grandes
Voltas. Danilo Di Luca tentou manter um bom ritmo, mas não teve forças para
buscar a vitória que lhe daria o triunfo e teve que se contentar com o vice
campeonato.
Tom Dumoulin brilhou na primeira etapa de montanha, mas Danilo Di Luca
empatou com ele na etapa seguinte e o superou logo a seguir. Dumoulin não se
acanhou e ousou na última etapa, conquistando os pontos suficientes para
conquistar a camisa branca de bolinhas e ser coroado campeão de montanha do
Tour.
Fabian Cancellara conquista o Tour de France 2020, com Danilo Di Luca em
segundo e Chris Froome em terceiro. Cancellara e Di Luca herdaram a camisa
amarela após o abandono de Tom Boonen e disputaram o título até a última etapa,
mas foi o suíço da Saxo Bank quem se mostrou um melhor estrategista e
conquistou o inédito título.
Pode-se dizer que foi um Tour de France bem frustrante. Começando pela
disputa do título, ela praticamente não houve. Tom Boonen venceu o contra
relógio e vestiu a camisa amarela, que perderia na etapa seguinte para
Francisco Chamorro, mas recuperaria na seguinte. Dali em diante, a vantagem de
Boonen só aumentava a cada corrida, o que mostrava que ele era não só o grande,
mas único favorito ao título.
Um acidente nas montanhas obrigou Boonen a abandonar. Era a nona etapa e
Boonen tinha a camisa amarela garantida, pelo menos, até a penúltima etapa.
Isso causou uma comoção tal entre os ciclistas que eles interromperam a prova
para consolar o belga. Mas a etapa tinha que continuar e foi só assim que a
camisa amarela passou a ser disputada de verdade. Mas isso não tira o brilho da
conquista de Fabian Cancellara.
NOTAS RÁPIDAS
- Tom Boonen foi o maior vencedor deste Tour, com 3 vitórias. O campeão Fabian Cancellara veio logo atrás, com 2.
- Tom Boonen também foi o que mais subiu ao pódio, 4 vezes (3 vitórias e 1 segundo lugar). Em seguida, vieram Fabian Cancellara (2 vitórias e 1 segundo), Andy Schleck (1 vitória, 1 segundo e 1 terceiro) e Chris Froome (2 segundos e 1 terceiro).
- No total, 9 ciclistas venceram neste Tour e 21 subiram ao pódio.
- 14 equipes subiram ao pódio, sendo que 6 conseguiram pelo menos uma vitória. A maior vencedora foi a Quickstep, com 4 triunfos, sendo também a que conseguiu mais pódios, com 7.
- 13 países subiram ao pódio, sendo que 8 viram sua bandeira tremular no lugar mais alto. A Bélgica teve o maior número de vitórias, 3, enquanto a França teve o maior número de pódios, com 6.
- Só duas etapas tiveram dobradinha no pódio: a oitava (Itália) e a décima primeira (França).
- Não fosse o abandono nas montanhas, Tom Boonen faria um Tour de France épico, com possibilidade de quebra de vários recordes. Fabian Cancellara e Danilo Di Luca não podem ser descartados também, assim como Chris Froome. Os três imprimiram bom ritmo durante as corridas e conseguiu dar brilho a uma competição que decepcionou sob diversos aspectos.
- Só para se ter ideia do domínio de Boonen, mesmo tendo abandonado na nona etapa, ainda terminou o Tour de France 7 pontos à frente de Fabian Cancellara. Ou seja, se Boonen continuasse na competição e não houvesse pontuado mais, o suíço teria que ganhar a última etapa e torcer para Boonen não chegar antes do quinto lugar.
- Os ciclistas franceses vinham decepcionando, andando sempre na parte de trás. A exceção era Sylvain Chavanel, que havia conseguido um segundo lugar e tinha boas atuações até ser desclassificado pelo TCB na quarta etapa, quando Julian Alaphilippe chegou em quarto.
- Quando o número de ciclistas diminuiu consideravelmente, o desempenho dos franceses melhorou. Julian Alaphilippe venceu a nona etapa e foi terceiro na décima; Romain Bardet foi terceiro nas duas últimas etapas e ainda fez dobradinha com Thibaut Pinot, que venceu a décima primeira. Assim, os quatro franceses conquistaram ao menos um pódio nesse ano.
- 11 ciclistas abandonaram o Tour e 2 foram desclassificados. Um incrível e decepcionante número de 13 abandonos (incluindo na última etapa), o que fez com que a linha de chegada na Avenida Champs Elyseés tivesse apenas 19 ciclistas a cruzá-la. Curiosamente, foi o mesmo número do ano passado.
- A maior decepção deste Tour de France, no entanto, veio do TCB. Apesar de aplicar apenas 3 punições, eliminou dois ciclistas por conta de um acidente e um deles era justamente o queridinho do público, Sylvain Chavanel. Eliminar um ciclista local nunca é bom.
- O vice campeonato pode ter dado um gosto amargo à boca de Danilo Di Luca. Mas os pontos conquistados no Tour de France serviram para manter-lhe na liderança do ranking da LMC, agora com 183 pontos. O novo vice líder é Tom Boonen, que soma 161 pontos e mostra que poderia ir mais longe se não tivesse abandonado. Marcel Kittel caiu para a terceira posição, com 131.
- Fabian Cancellara vai curtir a vitória por um tempo e os ciclistas vão descansar. As Olimpíadas de Tóquio estão chegando (mesmo que a verdadeira tenha sido cancelada) e o ciclismo terá duas provas.
- A primeira prova é o contra relógio e somente um ciclista por país poderá competir. Isso significa que alguns países terão que fazer pré olímpico para definir o seu representante.
- A segunda prova é a corrida de estrada, com todos disputando as tão sonhadas medalhas.
- A LMC tem um orgulho enorme de apresentar mais quatro ciclistas para o restante da temporada. O inglês Bradley Wiggins, o italiano Filippo Pozzato, o belga Remco Evenepoel e o holandês Mathieu Van Der Poel vão estrear nos respectivos pré olímpicos.
O suíço Fabian Cancellara e o troféu de campeão do Tour de France 2020, tendo ao fundo a Torre Eiffel. |
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