A FIFUBO promoveu em 2020 a terceira edição do seu Mundial de Futibou de Butaum. Inicialmente previsto para o meio do ano, após a Liga chegar ao final do primeiro turno e a Copa Olé coroar seu campeão, o Mundial acabou começando em abril. A quarentena nos deixa em casa, os finais de semana podem ser dedicados aos jogos, o calendário corre em velocidade absurda. Por este motivo, a competição começou no dia 17 de abril e terminou em 9 de maio.
Sem novas seleções, o Mundial foi novamente com 9 participantes divididos em 3 grupos de 3, com distinção entre cabeças de chave, divisão 1 e divisão 2, com base na colocação final de cada equipe no último Mundial (os 3 primeiros foram cabeças de chave, do quarto ao sexto eram divisão 1 e os 3 últimos, divisão 2). Com apenas 3 equipes por grupo, se repetiu aquele fenômeno das eliminações precoces. Mesmo assim, a emoção foi alta, porque a seleção que ia se classificar como melhor segunda colocada levou várias equipes na disputa até o último jogo.
Desde o Japão 0x3 França da abertura até a Alemanha vencer a Coreia do Sul nos pênaltis (4x1), após o empate em 1x1 no tempo normal, tivemos 13 jogos, com 44 gols marcados, o que dá uma média de 3,4 gols por jogo. O número de gols marcados superou em um a edição de 2019 (44x43). Das 13 partidas, 8 terminaram com um vencedor e 5 acabaram em empate. Curiosamente, na fase final só houve um jogo que terminou com vencedor (Brasil 4x0 Holanda, na disputa do terceiro lugar). Os outros 3 jogos acabaram empatados e o vencedor foi definido nos pênaltis. Aliás, foi a primeira vez que o campeão saiu da disputa penal, já que em 2018 e 2019 tivemos um vencedor durante o tempo regulamentar.
O ataque mais positivo foi o do Brasil, com 10 gols marcados, uma média de 2,5 por jogo. Curiosamente, em 2019 o Brasil também teve o ataque mais positivo e também marcou 10 gols. Já o Japão tem a vergonha de dizer que deixa o Mundial como pior ataque, ou melhor, sem ataque, já que não marcou um gol sequer. Isso é um recorde vergonhoso. A França teve a melhor defesa da competição, com apenas 2 gols sofridos, enquanto a pior defesa foi a da Holanda, com 10 gols.
28 jogadores marcaram gols na edição deste ano, 3 a mais do que no ano passado. 11 jogadores foram eleitos melhor em campo, o mesmo número do ano passado. O aspecto disciplinar é que chamou a atenção, com 8 jogadores e 1 treinador recebendo cartões amarelos (em 2019, foram 4 jogadores e 1 treinador) e 3 expulsões (contra 2 em 2019). 3 árbitros e 1 auxiliar receberam suspensões (em 2019, foram 2), o que levou inclusive a uma briga em campo e mudanças na segurança do campo de jogo. Este é um tópico a se discutir no próximo Bootecon.
ANÁLISE DAS EQUIPES
Alemanha - Uma história de aplicação e superação levou os alemães ao título mundial, o primeiro de sua História na FIFUBO. Após um quarto lugar em 2018 e o quinto em 2019, ficou a sensação de que os jogadores são muito aplicados taticamente e são bons de bola, mas não têm ânimo para grandes disputas. Porém, a comissão técnica conseguiu injetar um ânimo ímpar em seus atletas e isso resultou em bons resultados na Liga (onde é o vice líder e único invicto) e em uma campanha no Mundial que, se não foi brilhante, foi eficiente. A Alemanha jogou quatro partidas, venceu duas e empatou as outras duas, avançando nos pênaltis. Aos poucos, o time foi se encaixando e os resultados foram aparecendo. Na primeira fase, o que chamou a atenção foi a aplicação defensiva, quando não sofreu gols e derrotou a França (2x0) e o Japão (1x0), sendo massacrada e tendo a frieza de ir à frente para decidir. Nas semifinais, novamente dominada, arrancou um empate com a Holanda (2x2) e avançou nos pênaltis (3x2). Na final, a tensão foi literalmente até o último minuto, quando Klose empatou a partida com a Coreia do Sul (1x1) e levou a decisão para os pênaltis, quando conquistaram o título. O destaque da equipe foi justamente Klose. O camisa 11 era muito criticado pela escassez de gols, mas marcou em momentos importantes, inclusive no último lance contra a Coreia do Sul (quando também cobrou o pênalti que valeu o título), terminando o Mundial como um dos artilheiros e o MVP.
Argentina - Com uma péssima campanha na Liga, a Argentina chegou ao Mundial imersa em uma crise política gigantesca. Durante a Liga, acertou para Iniesta ser seu novo treinador, com Cristóvão de auxiliar. O Mundial seria a despedida da dupla Carlos Bianchi e Alfio Basile e a dupla resolveu sair atirando. Negou a Cristóvão o pedido para atuar como observador, para já ir se aclimatando, e largou a equipe logo após a eliminação na primeira fase. A Argentina estreou bem, derrotando a Inglaterra por 2x1, mas teve Messi expulso em um lance de muita polêmica. Contra o Brasil, poderiam se classificar até com empate, mas a ausência de seu camisa 10 e um futebol perfeito praticado pelos adversários trouxe uma derrota por 1x4 e os argentinos foram eliminados na primeira fase, terminando a competição em sexto lugar. Apesar de ter naufragado com a equipe no jogo decisivo, Dario Conca foi o destaque da Argentina na competição. Marcou um gol contra a Inglaterra e foi um ótimo organizador de jogadas.
Brasil - Vice campeões em 2018, campeões em 2019, os brasileiros entraram na competição como favoritos a mais uma conquista. Mas o futebol apresentado foi pobre e preguiçoso e o Brasil chegou a estar ameaçado de eliminação. A equipe estreou empatando com a Inglaterra (1x1) e, sob pressão, botou toda a sua habilidade para fora ao vencer a Argentina (4x1), se classificando às semifinais. Naquela fase, um empate com a Coreia do Sul (1x1) e uma derrota nos pênaltis (2x4) colocaram um ponto final no sonho da conquista do bicampeonato. Restou o consolo de derrotar a Holanda (4x0) e ficar com a medalha de bronze, indo ao pódio pela terceira vez, em três Mundiais. O destaque, novamente, foi Rivaldo. O camisa 10 marcou 3 gols e foi um dos artilheiros da competição.
Camarões - De saco de pancadas a grata surpresa, os Leões Indomáveis vão crescendo na FIFUBO. Com boa campanha na Liga, os africanos chegaram ao Mundial com muito mais leveza e um pouco de disciplina tática para tentarem avançar na competição. Perderam para a Holanda (2x3) e empataram com a Coreia do Sul (3x3), terminando a campanha na sétima posição. Se não conseguiram a vaga nas semifinais, ao menos puderam voltar na cerimônia de encerramento para celebrar. Louis Mfede foi o destaque da equipe e um dos artilheiros do Mundial, levando para Camarões o seu primeiro troféu.
Coreia do Sul - Sensação da temporada, os líderes da Liga chegaram aqui com favoritismo. Após o terceiro lugar em 2019 (quando estreou na FIFUBO), os Tigres Asiáticos só foram perder o primeiro (e único) jogo na FIFUBO na Liga desse ano (1x2 Alemanha) e ainda caíram no grupo mais fácil da competição. A soberba bateu e o que seria uma classificação fácil só foi conquistada no finalzinho. Após vencerem a Holanda por 3x2 na estreia, chegaram a estar perdendo para Camarões, mas arrancaram o empate em 3x3 que os levou à fase seguinte, quando enfrentaram o Brasil e empataram em 1x1, avançando nos pênaltis (4x2). Na final contra a Alemanha, em um jogo tenso, sofreram o gol de empate no último instante e, nos pênaltis, os jogadores tremeram e desperdiçaram duas das três cobranças que fizeram. O 4x1 nas penalidades deu o título aos alemães, mas fizeram a Coreia do Sul subir mais um degrau. Bronze em 2019, prata em 2020, pode ser que o título venha em 2021. Apesar de começar mal a competição, Jayeon foi novamente o destaque da equipe. Foi um dos artilheiros, levando a Bola de Ouro que lhe escapou em 2019.
França - Com uma campanha irregular na Liga e o melhor preparo físico da FIFUBO, os bleus chegaram com um grande ponto de interrogação em cima. Em 2018, favoritíssima ao título, a França terminou em sexto. Em 2019, com algum favoritismo, chegou em oitavo e penúltimo lugar. Ninguém mais daria crédito aos franceses, mas eles estrearam batendo o Japão por 3x0, naquela que foi considerada a melhor exibição de uma equipe no Mundial. A França poderia se classificar já no dia seguinte, quando enfrentou a Alemanha. Os bleus dominaram a partida inteira, se fartaram de perder oportunidades e amassar o travessão dos adversários. A Alemanha foi duas vezes à frente, aos 9 minutos de cada tempo, para fazer dois gols e ganhar por 2x0. Com chances remotíssimas de classificação, os franceses só torceram, mas não deu certo. Restou o consolo de melhorar um pouquinho em relação aos últimos anos e terminar em quinto. Com dois gols no primeiro jogo, Djorkaeff pintou como favorito às Bolas de Ouro de artilheiro e MVP. Saiu sem nada, mas foi o destaque francês na competição.
Holanda - Os europeus da Casa de Orange viveram um sonho neste Mundial. A equipe é conhecida por jogar com habilidade e deixar os adversários jogarem e, por isso, não consegue muitas vitórias. Penúltima em 2018 e última em 2019, além da última posição na Liga deste ano, a Holanda se acostumou a perder. Mas a comissão técnica conseguiu colocar na cabeça dos seus atletas um sentimento de fazer algo a mais pelo seu país no Mundial. Na estreia, os holandeses endureceram o jogo com os sul coreanos, mas perderam (2x3). No jogo seguinte, mesmo na adversidade, encontraram forças para virar e derrotar Camarões (3x2), ficando com a vaga nas semifinais como melhor segundo colocado. Naquela fase, jogaram muito melhor que os alemães e mereciam a vaga na final. Mas cometeram erros defensivos e o 2x2 levou a partida pros pênaltis, que trouxe a desclassificação. Na disputa do terceiro lugar, sem a mesma empolgação das partidas anteriores, acabou perdendo para o Brasil (0x4). Saiu sem medalha, mas com um honroso quarto lugar, sua melhor colocação até aqui. O destaque da equipe foi Dennis Bergkamp, que usou sua habilidade para levar a Holanda à frente e só não levou a Bola de Ouro de MVP porque, no segundo turno de votação, a junta técnica da FIFUBO optou por Miroslav Klose.
Inglaterra - Eternos favoritos e eterno fiasco. Novamente, o English Team entrou como favorito ao título e, novamente, decepcionou. Em 2018, a decepção foi com não levantar o troféu, já que conseguiram um terceiro lugar. Mas em 2019, a soberba já na preparação mostrou o que viria a seguir e sétimo lugar a jogou na divisão 2 do sorteio deste ano. Neste Mundial, os ingleses comemoraram um empate com o Brasil (1x1), em jogo difícil. Afinal, os Súditos da Rainha iriam enfrentar a Argentina da crise política e podiam vencer com sobras para avançarem às semifinais. Mas isso não aconteceu e os argentinos venceram (2x1), acrescentando mais um vexame à coleção dos ingleses. Os britânicos encerraram o Mundial em oitavo e penúltimo lugar, ficando mais um ano como divisão 2. Peter Crouch foi reserva na competição, mas entrou bem nas partidas e foi o destaque do time, se é que podemos dizer que alguém se destacou...
Japão - Por falar em fiasco, este é o maior da curta História dos Mundiais da FIFUBO. Surpreendentes em 2018, quando levaram o título, e consagrados em 2019, quando ficaram em segundo. Os Samurais vinham para a edição deste ano como favoritos a mais um título, apesar do sexto lugar na Liga até então. O Japão sabe disputar o Mundial e, quando a bola rolar, a diferença será vista. Mas os atletas não se esforçaram sequer uma vez durante as partidas. Totalmente dominados, tomaram uma escovada da França logo na estreia (0x3) e, com chances remotíssimas de classificação, viram a Alemanha os derrotar (0x1), eliminando os japoneses que amargaram o último lugar na competição. A equipe é a primeira da FIFUBO a sair de um Mundial sem marcar um gol sequer e isso significa muito quando se pensa que Kojiro Hyuga foi o artilheiro em 2018 (8 gols) e em 2019 (4 gols, empatado com Ronaldo). Além disso, o Japão teve o MVP nas duas edições (em 2018, Jun Misugi; em 2019, Oliver Tsubasa). O trabalho para se recuperar deste fiasco será longo.
CLASSIFICAÇÃO FINAL
1º Alemanha - 4 jogos, 2 vitórias, 2 empates, 0 derrota, 6 gols marcados, 3 gols sofridos;
2º Coreia do Sul - 4 jogos, 1 vitória, 3 empates, 0 derrota, 8 gols marcados, 7 gols sofridos;
3º Brasil - 4 jogos, 2 vitórias, 2 empates, 0 derrota, 10 gols marcados, 3 gols sofridos;
4º Holanda - 4 jogos, 1 vitória, 1 empate, 2 derrotas, 7 gols marcados, 10 gols sofridos;
5º França - 2 jogos, 1 vitória, 0 empate, 1 derrota, 3 gols marcados, 2 gols sofridos;
6º Argentina - 2 jogos, 1 vitória, 0 empate, 1 derrota, 3 gols marcados, 5 gols sofridos;
7º Camarões - 2 jogos, 0 vitória, 1 empate, 1 derrota, 5 gols marcados, 6 gols sofridos;
8º Inglaterra - 2 jogos, 0 vitória, 1 empate, 1 derrota, 2 gols marcados, 3 gols sofridos;
9º Japão - 2 jogos, 0 vitória, 0 empate, 2 derrotas, 0 gol marcado, 4 gols sofridos.
ARTILHARIA
1º Miroslav Klose (Alemanha), Rivaldo (Brasil), Louis Mfede (Camarões) e Jayeon (Coreia do Sul) - 3 gols;
5º Bastien Schweinsteiger (Alemanha), Lukas Podolski (Alemanha), Ronaldo (Brasil), Hajime Taki (Coreia do Sul), Yuri Djorkaeff (França), Boudewijn Zenden (Holanda) - 2 gols;
11º Angel Di Maria (Argentina), Dario Conca (Argentina), Mathias Kranevitter (Argentina), Alex (Brasil), Cafu (Brasil), Denilson (Brasil), Roberto Carlos (Brasil), Zé Roberto (Brasil), Bertin Ebwelle (Camarões), Emile Mbouh (Camarões), Joo Sung (Coreia do Sul), Lee Young-Un (Coreia do Sul), Masao Tachibana (Coreia do Sul), Zinedine Zidane (França), Marc Overmars (Holanda), Patrick Kluivert (Holanda), Peter Crouch (Inglaterra) e Wayne Rooney (Inglaterra) - 1 gol.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Mundial deste ano não teve mudanças na sua estrutura. Era prevista a chegada de uma seleção, mas houve alguns problemas na fabricação da mesma e acho que não acontecerá mais. Também eram esperadas mudanças nas comissões técnicas, mas o mesmo problema de fabricação impediu que tal fato se consumasse.
Mesmo assim, este Mundial foi diferente dos outros. O centro do futebol mudou e a final entre Brasil e Japão, constante em 2018 e 2019, não aconteceu neste ano. Coreia do Sul e Alemanha já lideram a Liga e repetiram aqui a final, trazendo um campeão inédito. Também foi uma chance dos europeus voltarem às semifinais, já que no ano passado só os sulamericanos e asiáticos se mantiveram na disputa, após a fase inicial.
Também houve mudança no preparo físico dos jogadores e Camarões foi uma grata surpresa. Os atletas estão voando em campo e isso fez o jogo melhorar bastante, tanto é que um dos artilheiros da competição veio dos africanos.
A quarentena prejudicou muito o espetáculo. A FIFUBO planejava bater o recorde mundial de torcedores presentes, na final deste ano, com lugares em todo o complexo do Imperatriz Arena. Como o estádio de futebol tem capacidade para 150 mil pessoas, a ideia era usar também as arenas de futsal (50 mil), handebol (20 mil), basquete (20 mil), vôlei (10 mil), parque aquático (20 mil), futebol society (10 mil), rúgbi (20 mil) e beisebol (30 mil), com telões espalhados nessas arenas e as arquibancadas lotadas. Isso daria um público total de 330 mil pessoas. Mas acabou que o recorde foi às avessas, pois todos os jogos foram com portões fechados. Os torcedores perderam parte da emoção, ao não irem ao estádio, mas acabaram tendo outras experiências e puderam acompanhar o Mundial pela TV e pelo rádio.
Agora é hora de voltar à ação com a Liga, o que deve ocorrer já neste sábado. A LMC também tinha dado uma parada, mas já voltou nesta sexta, com a quarta etapa do Criterium du Dauphiné. Os franceses foram ao delírio com a primeira vitória de um local. Romain Bardet (AG2R) dominou a montanha e venceu, com o belga Tom Boonen (Quickstep) em segundo e o argentino Francisco Chamorro (Credite Agricole) em terceiro. A liderança, no entanto, segue com o espanhol Alberto Contador (Astana).
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