domingo, 2 de setembro de 2018

Arte e botões - Áustria 1990 - 02/09/2018

Mais um domingo, mais uma arte, mais uma história curiosa. Desta vez, vamos falar da seleção da Áustria, que disputou a Copa do Mundo de 1990, na Itália!

Em 1990, nascia a FIFUBO. Ainda não tinha esse nome, mas já nos juntávamos eu, meu irmão e um vizinho, para disputar partidas de futebol de botão. Na época, já começava a despertar em mim a paixão pelo futebol e, em uma coincidência de fatores, os olhos do mundo (e os meus) se voltavam para a Itália, onde a Copa do Mundo aconteceria. Como todo garoto que se descobre fisgado por aquele esporte, a Copa do Mundo é uma ótima oportunidade de se aprofundar mais no novo amor e o álbum de figurinhas é uma fonte mais do que especial, para conhecer as seleções, os jogadores e começar a imaginar quem são os craques.

Por estar no grupo A e começar com a letra A, é óbvio que a Áustria foi uma das primeiras equipes a serem acompanhadas. Como não existia Youtube nem as notícias eram tão fartas, fui obrigado a pensar bastante para imaginar que aquela equipe era boa e seus jogadores também. Por isso, foi uma grande decepção vê-los perder na estreia para a Itália (0x1, gol de Schilacci) e no segundo jogo também (0x1, gol de Skurahvy). Somente no terceiro jogo veio a vitória (2x1, com Rodax e Ogris marcando para os austríacos), mas a eliminação já estava decretada e, nunca mais, a Áustria participou de um mundial ou um campeonato europeu.

Vendo as eliminatórias, também dá para perceber o quão ruim era o time. A classificação foi quase um milagre, com 3 vitórias, 3  empates e 2 derrotas nos 8 jogos. Mesmo assim, na minha imaginação, a Áustria era uma equipe muito boa. Não a ponto de ser campeã, mas dificultando muito a vida dos adversários. Anos mais tarde, descobri que a posição e camisa dos jogadores não era bem a que eu pensava. O craque do time era um volante medíocre; o volante era o camisa 10; o centroavante era lateral esquerdo e por aí vai. A equipe que apresentarei a seguir é a que eu imaginava, com os números, posições e características como sempre brinquei, sem nenhuma relação com o que os jogadores eram novamente:


Começamos a equipe com o goleiro Klaus Lindenberger. Era conhecido entre nós como o goleiro palhaço, justamente pelos uniformes espalhafatosos. Gostava de se jogar no lance e fazer verdadeiros contorcionismos para defender a bola.

A defesa começa com o camisa 2, Anton Pfeffer, um lateral direito de muita velocidade e cruzamentos precisos. A dupla de zaga era formada pelo camisa 6, Ernst Aigner, e o número 4, Robert Pecl. Com uma cara de bêbado afeminado, Aigner não era muito chegado ao jogo físico e não tinha muita técnica, mas não brincava em serviço, afastando a bola da área sem brincar. Já Pecl era um zagueiro mais técnico, de bom posicionamento, que conseguia fazer Aigner jogar. A lateral esquerda era composta pelo camisa 3, Michael Streiter, um lateral que fazia bons cruzamentos e ajudava a recompor a zaga.

O meio começa com o camisa 5, Andreas Herzog. Jogador de boa técnica, sabe desarmar o adversário sem precisar de faltas e ainda sabe sair jogando. Ao seu lado, o camisa 18 Peter Artner não tem tanta técnica, mas é igualmente incansável e sabe cobrir os espaços na defesa como poucos. Na armação, o camisa 8 Andreas Ogris é um excelente nome para o terceiro homem. Bom em passes curtos, sabe como organizar o time e ainda chega bem ao ataque para concluir. Mais à frente, o camisa 10, Gerhard Rodax é o toque de categoria do time. Bom organizador, dono de lançamentos com precisão cirúrgica, cobra as faltas e escanteios do time e ainda chuta bem de longe, com bolas fortes e colocadas.

O ataque é composto pelo camisa 9, Toni Polster, e pelo camisa 11, Heimo Pfeifenberger. Polster é o homem-gol da equipe. Dono de um posicionamento impressionante, sabe se desmarcar como poucos e faz gol de tudo quanto é jeito, lembrando um pouco o estilo Tulio Maravilha, mas com mais técnica que o brasileiro. Pfeifenberger, por outro lado, é um jogador que cai pelas pontas e joga com muita velocidade. Bom driblador, deixa a defesa adversária para trás e dá aquele passe açucarado para Polster se consagrar.

Os reservas são o meia Manfred Linzmaier, camisa 20, e o atacante Christian Keglevits, camisa 7. A despeito de sua cara de Macaulay Culkin depois de uma overdose, Linzmaier é um excelente armador. Sabe como poucos fazer a bola rolar e levar o time à frente. A despeito de sua cara de velho aposentado, Keglevits... bom, Keglevits não é lá um primor de jogador. Mas não tem problema. Por ser centroavante reserva, quase nunca entra em campo. Quando entra, não se espera que tenha a velocidade de Pfeifenberger, nem a pontaria de Polster. Então, quando faz um gol, é aquela festa.

Bom essa é a seleção da Áustria, que encarna muito bem a magia do futibou de butaum. No butaum, criamos nossos próprios craques e nossas histórias. Com essa Áustria, fiz o mesmo e, até hoje, guardo no coração as memoráveis partidas imaginárias que fiz com esta equipe.

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