domingo, 16 de setembro de 2018

Copa do Rei 2018 - Final - 16/09/2018

Último domingo de inverno, céu azul, temperatura amena e Itaquá Dome lotado para a grande final da  Copa do Rei 2018. O torneio trouxe muitas novidades: novo comando em várias seleções, mudança no preparo físico dos jogadores, novos bancos de reservas, despedida da arbitragem tradicional e, para a final, a grande surpresa foi a inauguração do placar do Itaquá Dome. Vamos ver como foi a final desta importante Copa!

O novo placar do Itaquá Dome
A Argentina superou todas as crises políticas que a AFA insiste em fabricar, apresentou uma comissão técnica entrosada e conseguiu se recuperar da decepcionante campanha na Copa do Mundo, onde foi eliminada na primeira fase com 3 empates e terminou em quinto lugar. Na Copa do Rei, a equipe venceu a Holanda (4x1) e o Brasil (4x3) para chegar à final.

A Argentina foi a campo com 1. Abbondanzieri; 2. Mercado, 4. Demichelis, 6. G. Milito, 3. Vangioni; 14. Mascherano (c), 8. Conca, 7. Di Maria, 10. Messi; 13. Alario e 9. Scocco. O treinador, Carlos Bianchi, e o auxiliar, Alfio Basile, tinham no banco 5. Kranevitter e 11. Tevez

A Alemanha também teve que se superar nesta Copa. Após uma boa campanha no mundial, onde terminou na quarta posição, a equipe teve um ganho absurdo nas partes tática e técnica, crescendo e encarando de frente seus rivais até aqui. O grande problema, que a fez se superar na Copa do Rei, foi a indisciplina. Nos dois jogos, a equipe teve jogadores expulsos e levou gol na falta que originou a expulsão, tendo que se desdobrar com um a menos e conseguir classificações heróicas. Com isso, a equipe não teria a dupla de ataque titular, pois Podolski e Klose foram expulsos nas partidas anteriores e cumpriam suspensão. Assim, a Alemanha vinha para a final com um esquema que oscilava entre o 4-5-1 e o 3-5-2. Para chegar até aqui, superou a França nos pênaltis, por 4x2, após empate em 2x2 no tempo normal e, na semifinal, a Inglaterra, por 3x1.

A Alemanha foi a campo com 1. Neuer; 6. Hummels, 2. Mertesacker, 5. Badstuber, 3. Lahm (c); 7. Schweinsteiger, 4. Reus, 14. Draxler, 8. Kroos, 13. Muller; 9. Goetze. O treinador, Lothar Matthaus, e seu auxiliar, Parraguez, não tinham atletas no banco, devido a suspensões.

ARGENTINA 5x4 ALEMANHA

O nível altíssimo da competição teve seu ápice nesta final. Um jogo eletrizante desde o pontapé inicial e muita emoção até o juiz, Juan Carlos Loustau, erguer o braço e encerrar a competição. A Alemanha veio disposta a fazer pressão desde o início e tentar construir o placar logo, pois sabia que o cansaço bateria na reta final e não haveria reservas para manterem o ritmo alto.

A pressão deu resultado e, com apenas um minuto, o placar já foi inaugurado. Após boa jogada entre Schweinsteiger e Muller, que Abbondanzieri defendeu, a Alemanha voltou a pressionar. Reus forçou o erro de Messi, Mertesacker tocou a Draxler na meia direita e o camisa 14 esticou para Mario Goetze. Dentro da área, o camisa 9 chutou de primeira e encobriu o goleiro argentino, fazendo Alemanha 1x0.

O ritmo forte dos alemães surpreendeu o time argentino, que se viu em desvantagem no placar e precisava se reagrupar para tentar o empate. Mas a Alemanha veio preparada para a final. Quando não tinha a bola, jogava no 4-5-1, com dois volantes e 3 armadores. Quando tinha a bola, enquanto Hummels virava terceiro zagueiro, Thomas Muller partia para o ataque e a equipe jogava no 3-5-2. A estratégia dava certo e os argentinos tinham dificuldades, mas a entrada de Bianchi no comando técnico provou-se acertada para fazer o time sulamericano entender sua importância no cenário mundial.

Aos 4 minutos, Mario Goetze recebeu na ponta direita e avançou, mas Gabriel Milito o desarmou com elegância e tocou a Di Maria no meio. O camisa 7 procurou Scocco na esquerda e o camisa 9 se viu marcado por três adversários. De canto de olho, percebeu Vangioni arrancando pela meia. O passe encontrou o camisa 3, que adiantou a bola e, no melhor estilo Roberto Carlos, desferiu potente chute e venceu Neuer, empatando a peleja: Argentina 1x1.

Com a igualdade no placar e menos da metade do primeiro tempo jogado, a partida ganhou em emoção e as duas equipes se fartaram de perder oportunidades. Os alemães tiveram chances que Abbondanzieri salvou, mas dava para perceber que não tinham tanto fôlego, após o início em alta velocidade. Os argentinos, por outro lado, tinham tranquilidade e organização, fazendo os alemães correrem atrás da bola para cansarem.

Aos 10 minutos, um sumido Di Maria resolveu jogar. Mascherano cercou Thomas Muller e Di Maria roubou-lhe a bola, iniciando uma jogada de ataque onde buscou tabelas com Vangioni e Messi, até chegar ao campo do adversário. Di Maria passou a bola a Scocco na esquerda, recebeu de volta, invadiu a área, olhou o posicionamento de Neuer e o deslocou com um toque de muita categoria no canto direito, para fazer Argentina 2x1.

No intervalo, só a Argentina poderia mudar e o fez. Bianchi tirou Gabriel Milito e Alario para colocar Kranevitter e Tevez, prevendo que teria o contra ataque. Matthaus não pôde fazer mudanças, mas ajeitou o posicionamento da equipe e pediu que os jogadores se esforçassem mais ainda para conquistar o inédito título.

Se alguém tinha dúvida da genialidade de Carlos Bianchi, perdeu essa dúvida logo aos 40 segundos. A Alemanha deu a saída de bola no 'toca y me voy' de Muller e Kroos. No bico da área, o camisa 13 alemão recebeu a bola de volta e se preparou para a conclusão. Mas Kranevitter estava no lugar certo e lhe roubou a bola no último momento, tocando a Di Maria na meia. O camisa 7 abriu a Scocco na ponta esquerda e o camisa 9 partiu no contra ataque, puxando a marcação para o seu lado. Com um toque para o lado direito, encontrou Conca livre. O camisa 8 invadiu a área, trouxe para o pé esquerdo e tocou na saída de Neuer, fazendo Argentina 3x1.

A Alemanha tem uma grande equipe, bem armada e muito técnica, mas peca na indisciplina. A equipe só não chegou à final inteira porque, em todos os jogos, algum jogador cometia uma besteira e era expulso, sobrecarregando os demais. Aqui, não foi diferente. Aos 3 minutos, o capitão Phillip Lahm foi ao ataque e acabou cometendo falta tripla, levando o cartão vermelho. Schweinsteiger herdava a faixa de capitão e a Alemanha se via, novamente, em desvantagem numérica.

O karma alemão nesta Copa do Rei não é só de ter um jogador expulso em cada jogo, mas também tomar um gol na falta que originou a expulsão. E, novamente, karma is a bitch. Demichelis cobrou a falta para Mercado, que lançou Conca na direita, exatamente no buraco deixado por Lahm. O camisa 8 foi até a entrada da área, trouxe para o pé esquerdo e chutou cruzado, sem chances para Neuer, fazendo Argentina 4x1.

Nova expulsão seguida de gol, Argentina marcando 4 novamente... tudo conspirando maravilhosamente para o título argentino. Mas outra marca desta Copa fez questão de aparecer aqui, que é a Lei do Um a Menos. A Alemanha voltou a se agigantar na desvantagem e endureceu o jogo. Logo na saída de bola, aos 4 minutos, Thomas Muller e Toni Kroos foram tabelando, tabelando, envolvendo a defesa  argentina, até que Kroos recebeu na entrada da área, trouxe para o pé direito e chutou cruzado para vencer Abbondanzieri: Alemanha 2x4.

Se de um lado temos a superação alemã, do outro temos o gênio Carlos Bianchi. Sem se alterar nem levantar voz, o comandante argentino acalmou sua equipe, distribuiu ordens e a equipe fez a bola circular para gastar o tempo. E, envolvendo o time adversário de lá pra cá, o campo se abre e as coisas ficam mais fáceis. Aos 7 minutos, uma trama que envolveu Mascherano, Conca, Messi e Di Maria encontrou Vangioni na ponta esquerda. O camisa 3 foi ao fundo e cruzou rasteiro para trás. Scocco recebeu, trouxe para o pé esquerdo e chutou rasteiro no canto de Neuer, fazendo Argentina 5x2.

A Alemanha descontou na saída, aos 8 minutos. Thomas Muller deu a saída no 'toca y me voy', mas Toni Kroos resolveu ir para o outro lado. Driblou Messi e Conca para puxar a bola para o pé direito e acertar um chute forte, vencendo Abbondanzieri e fazendo Alemanha 3x5.

A Argentina tentou gastar o tempo e Di Maria mandou a bola para as arquibancadas, a fim de fazer com que o tempo para buscá-la acabasse com o jogo. Mas a Alemanha se reagrupou rápido, no 3-5-1, e conseguiu uma ótima jogada no tiro de meta. Neuer cobrou a Muller no meio, que tocou a Reus na esquerda. O camisa 4 avançou pela ponta e rolou a Goetze no meio, que estava de costas pro gol e marcado. Como pivô, o camisa 9 tocou atrás a Toni Kroos, que invadiu a área e chutou na saída de Abbondanzieri para anotar seu hat trick: Alemanha 4x5, aos 9 minutos.

Neste momento, não havia um só torcedor sentado no Itaquá Dome. Todos estavam de pé, pulando, cantando e preocupados com um ataque cardíaco neste final de jogo eletrizante. Os jogadores e treinadores também estavam nesta tensão, mas a Argentina tinha um jogador que estava gelado em campo: Dario Conca. O camisa 8 pediu a bola, rodou o campo inteiro e conseguiu gastar o tempo. A bola só saiu dos pés de Conca para o juiz Juan Carlos Loustau pedir a bola e encerrar o jogo.

E o placar ficou assim mesmo, Argentina 5x4 Alemanha
ARGENTINA CAMPEÃ DA COPA DO REI 2018

Não há dúvidas de que o time argentino foi superior aos seus rivais, merecendo com toda a certeza o título de campeão da Copa do Rei. A chegada de Carlos Bianchi e seu entendimento com Alfio Basile mudaram o ambiente e tiraram de cada jogador o que ele podia render, mostrando que a equipe pode alçar voos maiores na FIFUBO.

Talvez o maior exemplo desta mudança argentina seja Di Maria. Com 4 gols, ele terminou a competição como artilheiro isolado e, também, foi eleito o melhor jogador. Ao repórter Leo Farinela, Di Maria falou:

"A chegada de Bianchi foi crucial para a nossa mudança de atitude. Nos treinamentos, já dá para perceber o estilo diferente dele. Ele soube extrair de cada um de nós nossas melhores qualidades e o resultado está aí. Campeões!"

O treinador também falou sobre a conquista, política e o que fez para levar a eliminada na primeira fase da Copa do Mundo para o título da Copa do Rei:

"A primeira coisa que fiz foi reunir os jogadores e falar que o que acontece aqui no campo transcende qualquer disputa política. Política é lá nos bastidores da AFA; aqui, nós representamos os torcedores de um país apaixonado pelo futebol e pela sua seleção. Nos treinos, localizei os pontos fortes e fracos de cada um, preparei um treinamento em conjunto com o Basile e pudemos explorar o potencial de cada jogador. Os resultados apareceram e, agora, é só comemorar."

Com isso, a Argentina conquista seu primeiro título na FIFUBO. Não é propriamente um troféu, já que a Copa do Rei dá ao seu vencedor a bandeira da Liga dos Reinos e o direito de portá-la até o próximo campeonato, quando a solenidade de abertura exige que o capitão do time campeão a entregue ao monarca supremo. Mesmo assim, é um prestígio enorme vencer este torneio e a Argentina coloca seu nome na História como a primeira campeã.
O monarca supremo da Liga dos Reinos entrega ao capitão da Argentina, Mascherano, a bandeira de campeão da Copa do Rei.

Os alemães saem derrotados, mas provaram que têm potencial para ir muito além. Com um pouco de foco na parte disciplinar, talvez não tenham que se esforçar tanto para mostrarem um futebol de respeito. Do outro lado, os argentinos são uma realidade e têm como missão, agora, não deixarem o sucesso lhes subir à cabeça.
Jogadores e comissão técnica da Argentina posam para a foto oficial com a bandeira de campeões da Copa do Rei 2018.

NOTAS RÁPIDAS

  • A FIFUBO dá uma pausa em competições, devendo voltar no próximo mês, com o Troféu do Presidente, outra competição de seleções, mas republicana. Mesmo assim, continuará enviando equipes para jogos na FMN.
  • O final de semana foi bem corrido e, por isso, não teve a postagem Arte e Botões. Mas a arte deste final de semana não ficará esquecida. Nesta segunda ou na terça, a respectiva arte será postada.
Parabéns à Argentina, campeã da Copa do Rei 2018!

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