domingo, 2 de dezembro de 2018

Arte e Botões - Liverpool 2005 - 02/12/2018

Último mês do ano começando e uma penca de artes para serem apresentadas. A ideia inicial era uma arte do Palmeiras, para celebrar a conquista do campeonato brasileiro, mas sabem como são os computadores. Depois de tudo pronto, eles apagam o trabalho e não há nada que se possa fazer. Então, como a ideia era celebrar campeões e campanhas épicas, vamos falar do Liverpool, campeão da UEFA Champions League 2004-05, no que foi conhecido como O Milagre de Istambul.

O Liverpool chegou à UCL vindo da terceira eliminatória, contra o Grazer da Áustria. No primeiro jogo, vitória por 2x0 e, no segundo, a derrota por 0x1 deu aos ingleses a vaga à fase de grupos. No grupo A, enfrentaram Monaco, Olympiakos e La Coruña. Com 3 vitórias, 1 empate, 2 derrotas, 6 gols marcados e 3 sofridos, a equipe inglesa se classificou em segundo (o Monaco foi o primeiro) e indicava mais uma temporada medíocre. Mas aí veio o mata-mata...

Nas quartas de final, duplo 3x1 sobre o Bayer Leverkusen. Nas quartas de final, pegaram o timaço da Juventus, vencendo por 2x1 em casa e segurando o 0x0 na Itália. Nas semifinais, a já existente rivalidade contra o Chelsea de Lampard e John Terry trouxe dois jogos dificílimos. No primeiro, fora, o empate em 0x0. No segundo, em Anfield Road, a vitória por 1x0 os levou à grande final na Turquia.

O problema é que do outro lado estava um dos maiores times do mundo, o poderosíssimo Milan, que liderou seu grupo F (que também tinha o Barcelona), com 4 vitórias, 1 empate e 1 derrota, 10 gols pró e 3 sofridos, passou pelo Manchester United com duplo 1x0 nas oitavas; pela Internazionale com 2x0 e 3x0 nas quartas; e pelo PSV com 0x2 e 3x1 nas semifinais.

O Liverpool tinha um grande time, que iremos analisar adiante. Mas o Milan era uma legião de craques. Dida no gol; Cafu, Stam, Nesta e Maldini na defesa (que tinha Costacurta e Serginho entre os reservas); Pirlo, Gattuso, Seedorf e Kaká no meio (com Rui Costa na reserva); e um ataque com Shevchenko e Crespo (Tommason era reserva). As bolsas de aposta estavam todas do lado italiano...

Seria louco quem não apostasse nos milaneses. Logo a um minuto de jogo, Maldini abriu o marcador. O Milan ampliou aos 39 e 44 do primeiro tempo, com gols de Crespo e praticamente liquidou a fatura. Uma seleção mundial, com 3x0 no primeiro tempo, cheiro de goleada impiedosa, mas um fato mudaria tudo.

Segundo conta em sua autobiografia, Gerrard disse que saía no intervalo quando viu Gattuso no túnel, dando uma piscadela desdenhosa e rindo dos rivais cabisbaixos. Ao chegar ao vestiário, viu seus companheiros de cabeça baixa, perdidos, a toalha no chão. Com um discurso motivador de quem ama o Liverpool desde que nasceu, o capitão levantou o ânimo de seus companheiros e mostrou que se o Milan fez 3 gols no primeiro tempo, o Liverpool poderia fazer o mesmo no segundo.

Com uma nova atitude em campo, coube ao próprio Gerrard descontar aos 9 minutos da etapa final, em cabeçada perfeita. Dois minutos depois, foi a vez de Vladmir Smicer, que entrara no intervalo, encostar no marcador, com um belo chute da entrada da área. A igualdade veio 4 minutos depois, com Xabi Alonso, que cobrou pênalti sofrido por Gerrard, Dida defendeu e o próprio Xabi concluiu no rebote.

Ainda segundo Gerrard, aqueles frenéticos 15 minutos mostraram que o Liverpool poderia virar o jogo. Mas a energia acabou e o Milan tinha Kaká e Serginho, dois jogadores de uma velocidade incrível. Os defensores fizeram a sua parte e a partida foi para os pênaltis. Ali, o Milan tinha jogadores descansados e o pegador de pênaltis Dida. O Liverpool tinha os brios de uma equipe que buscou uma igualdade contra um time muito superior.

Serginho isolou a primeira cobrança dos italianos, enquanto Hamman bateu com perfeição, à meia altura de Dida. Na segunda série, Pirlo chutou para defesa de Dudek, enquanto Cissé deslocou Dida com uma maestria impressionante.

Na terceira série, Tommason deslocou Dudek, enquanto Dida pegou a cobrança de Riise. Na quarta série, gol de Kaká e, também, de Smicer. E aí chegamos à quinta decisiva série. Schevchenko teria que acertar para manter a disputa acesa, mas Dudek pegou novamente e o Milagre de Istambul estava completo. Liverpool 3x2 e campeão da UEFA Champions League.


A equipe aqui representada não é totalmente a que jogou a final. Foram feitas 3 substituições, mas eu coloquei somente 2 reservas. Saiu da equipe o lateral esquerdo Traoré, que jogou a final, mas não me agrada muito. Então, vamos deslocar Riise para lateral, rearrumar umas peças e formar o mesmo 4-4-2 em linha que jogou aquela partida.

No gol, o pegador de pênaltis Dudek, que não se destacou só na UCL, mas nas Copas da Inglaterra e da Liga com defesas que levaram a equipe inglesa a conquistar alguns troféus. A defesa começa com Steve Finnan na lateral direita, um irlandês bom para fechar o lado da área. A dupla de zaga tem o finlandês Sami Hyypia (excelente no jogo aéreo) e o espetacular Jamie Carragher, um ícone do Liverpool. Na lateral esquerda, John Aarne Riise, o norueguês bom na defesa, bom na armação e dono de um chute fortíssimo.

O meio de campo tinha Luis Garcia na extrema direita. O espanhol da camisa 10 era um jogador muito habilidoso, bom condutor de bola. Ao seu lado, o maior ídolo da História do Liverpool, Steven Gerrard. Coube a ele levantar o ânimo no vestiário, marcar o primeiro gol e erguer a taça. Se Dudek não pegasse o pênalti de Shevchenko, ainda caberia a Gerrard cobrar o último penal e se consagrar. Fechando a cabeça da área, outro espanhol muito bom. Xabi Alonso marcava bem a entrada da área, sabia sair jogando e era dono de um chute forte, além de assumir responsabilidade. Na extrema esquerda, Harry Kewell, talvez o maior jogador da História do futebol australiano e grande craque da geração dourada daquele país. Jogador que sabia tratar a bola com habilidade, o camisa 7 se destacava pela sua boa mobilidade e ainda chegava bem na conclusão.

A dupla de ataque começa com Vladimir Smicer, um tcheco de boa habilidade, mas que sofreu muito com contusões ao longo de sua estada em Anfield Road. Chegou para jogar a final e mostrou que sabia circular bem a área e chutar com efeito. Ao seu lado, Milan Baros, outro tcheco bom de bola. O centroavante sabia se posicionar na área para marcar gols, mas também sabia fazer o papel de pivô e foi assim, com um leve toque, que tirou a defesa do Milan da área e deixou Gerrard livre para sofrer o pênalti que resultaria no gol de empate.

A equipe ainda vem com dois reservas. O alemão Dietmar Hamann, um volante de 1,89m de altura que era considerado grosseiro para muitos analistas, mas era um jogador com um senso de posicionamento incrível e consciência suficiente para sair jogando. O típico jogador que era fundamental para a equipe, mesmo que a torcida não visse.

O francês Djibril Cissé só era reserva nesse time porque seu brilhante futuro foi abreviado por algumas fraturas. Surgiu no modesto Auxerre da França, onde jogou de 1998 até 2004 e foi artilheiro do campeonato francês. Ali, chegou ao Liverpool como o novo Zidane, tamanha a habilidade com que tratava a bola. Após uma série de lesões, a habilidade ficou de lado e Cissé passou a ser conhecido como um jogador de velocidade. Por esse motivo, entrou aos 40 do segundo tempo da final, para puxar contra ataques e manter a bola no campo do rival. Quando começava a se destacar em Marselha, para onde foi após ser vendido pelo Liverpool, sofreu fratura exposta e, dali, passou a ser conhecido somente como um centroavante de força. Mas o que interessa mesmo é sua passagem na final pelo Liverpool, onde foi importante também na frieza com que cobrou seu pênalti.

Finalizando essa arte, o grande arquiteto daquela conquista épica, o treinador espanhol Rafa Benítez. Um projeto que começou em 1998 com o francês Gerard Houllier deu ao Liverpool a base daquela equipe que se consagraria campeã da UCL. Houllier saiu em 2004, dando lugar justamente a Rafa Benítez, que mesclava o estilo amigão com a perfeição nos treinamentos. Sua forma de motivar os jogadores também foi crucial para aquela conquista.

Bom, sem o Palmeiras campeão brasileiro, tivemos que improvisar. Espero que gostem e, quem sabe, poderemos recuperar a arte do Palmeiras e postá-la nas próximas semanas. A FIFUBO fica sem jogos até a outra semana e, dependendo da chegada ou não de alguns times (sim, mais novidades!) teremos a Jarra Tropon ou a Supercopa FIFUBO, as duas competições do ano. E, a partir dali, teremos só peladas de fim de ano.

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