sábado, 24 de novembro de 2018

Arte e Botões - Pão de Açúcar - 24/11/2018

Período sem jogos na FIFUBO, mas não sem movimentação no blog. Mais uma arte e um grande exercício de imaginação. Vamos apresentar um fictício time do Pão de Açúcar, misturando com uma triste realidade de nosso futebol: as divisões de base!

A ideia original do texto era para criticar mais um rebaixamento do Vasco à série B. Mas o time conseguiu uma heroica vitória sobre o São Paulo (2x0) e está praticamente livre do descenso, mas a crítica continua. Entra ano, sai ano, entra diretoria, sai diretoria, troca treinador, volta treinador e o que manda são os interesses de uma minoria. A culpa é sempre a crise financeira e a famigerada Lei Pelé, que acabou com o patrimônio do clube. Mas a dita lei comemora 20 anos em 2018 e não é possível que o Vasco, até hoje, não tenha se recuperado disso! E é o único que não consegue se recuperar?

Pois é, o patrimônio do clube foi dilapidado, mas não pela Lei Pelé e sim pelos dirigentes, que preferem contratar reservas que atuam nas séries C e D e em campeonatos de menor escalão, "revelações" e "destaques" de campeonatos que ninguém viu, infelizmente. Se há uma crise financeira, por que não olhar para a própria divisão de base? Eles conhecem a realidade do clube, são dedicados à causa, podem segurar as pontas lá e até render algum dinheiro em transferências. Mas o Vasco insiste em dispensá-los, principalmente se forem bons. Vale lembrar que Luan era reserva nos juniores mesmo sendo capitão das seleções de base. Hoje, está a passadas largas para ganhar o título nacional com o Palmeiras. E o que o Vasco lucrou com isso? Pois é...

Mas vamos esquecer um pouquinho essa história triste e falar de uma história de sucesso. O Pão de Açúcar Esporte Clube foi criado em 1985 pelo empresário Abílio Diniz, dono do Grupo Pão de Açúcar. A ideia era fazer um trabalho social de formação de atletas, sem vínculo profissional. O time de futebol foi criado em 2003 e ia até o time de juniores. Ao estourarem a idade, os jogadores eram encaminhados para outros times, onde poderiam iniciar sua vida profissional. Com a alcunha de clube formador, o projeto do Pão de Açúcar era uma iniciativa importante para lapidar as pedras preciosas que brotam no nosso futebol todos os dias. Alguns anos mais tarde, o Pão de Açúcar montou uma equipe profissional e começou a jogar as divisões de acesso do futebol paulista. Em 2011, a fusão com o clube do Sendas (objeto de futura postagem) resultou na mudança de nome. Ali nascia o Audax-SP que, hoje, se chama Grêmio Osasco Audax.

A ideia da postagem é exaltar o clube formador, o Pão de Açúcar que dá oportunidades aos jovens talentos de desenvolverem seu futebol e se tornarem nossos futuros craques. Sempre quis uma ideia para fazer uma arte do Pão de Açúcar e, vendo como o Vasco não dá oportunidade para seus jovens valores, juntei as duas coisas.

A brincadeira aqui é a seguinte: empresário de sucesso e homem com olhar aguçado para grandes oportunidades, Abílio Diniz peneirou nas divisões de base do Vasco um grupo de jogadores talentosos, levou-os para o Pão de Açúcar e, lá, deu a eles todas as condições de, enfim, virarem os grandes jogadores que se espera. Vamos ver como ficou?



No gol, Jordi foi o escolhido. Considerado o novo Helton, o goleiro foi muito bem na base e chegou a ter oportunidades no time principal. Mas era considerado inexperiente e o Vasco contratou outros nomes para seu lugar, inclusive promovendo outros juniores e deixando-o cada vez mais sem espaço no clube. Jordi chegou a ser emprestado para um time do Irã e, até hoje, continua sem sequer sentar no banco.

Na lateral direita, Richard. Talvez uma das maiores revelações do clube nos últimos anos, capitão do time de base, bom na defesa e no apoio, joga de cabeça em pé e tem ótimo senso de colocação. Estourou a idade e foi dispensado do clube. A lateral esquerda fica com Alan Cardoso. Não é um projeto de craque, nem de longe, mas tem pernas largas, que ajudam no desarme, e chega bem ao ataque.

A dupla de zaga está no time principal hoje. Luiz Gustavo é versátil e, apesar de zagueiro, tem jogado muito bem na lateral direita. Contra o São Paulo, foi o melhor em campo, impedindo o último passe do adversário. Ricardo Graça era considerado a grande revelação da zaga, começando o ano como titular, mas andou falhando e perdeu vaga no elenco. Em sua defesa, vale ressaltar que dar a um garoto que acabou de subir a missão de substituir Anderson Martins e Breno e colocá-lo para segurar as pontas numa Libertadores não é uma forma muito legal de se formar um bom zagueiro...

A dupla de volantes vem jogando. Bruno Cosendey é um jogador voluntarioso. Precisa melhorar a marcação, mas é bom na saída de bola e chega bem como elemento surpresa. Andrey é o típico caso de como a base é mal aproveitada. Bom volante, bom no passe, chega bem ao ataque, chuta forte, mas perdeu muito espaço com as contratações de Raul, William Maranhão, Bruno Silva e outras dragas.

A dupla de armação é um misto de não aproveitamento e malandragem de empresários. Mosquito era  da geração de ouro da base, um jogador que joga mais encostado nos atacantes, tem habilidade e sabe concluir bem. Mas foi aconselhado por seu empresário a criar clima ruim em São Januário e forçar uma saída para o Atlético-PR, onde chegou a fazer parte do elenco que disputou a Libertadores, mas o Vasco recorreu à Justiça e prejudicou a carreira do jogador. Voltou a São Januário com o rabo entre as pernas e quando começava a recuperar o futebol foi negociado com o Arsenal de Sarandí (Argentina) e, hoje, está escondido no Deportivo Maldonado, da segunda divisão do Uruguai.

O seu companheiro de armação é um desperdício ímpar no futebol brasileiro: Matheus Índio. Chegou a ser emprestado, ainda na base, para o Arsenal da Inglaterra. Quando se preparava para chegar ao time de cima do Vasco, fez o mesmo que Mosquito, sumiu do clube e apareceu com contrato assinado na Penapolense, um contrato de fachada para ir para o Santos. A disputa judicial prejudicou sua carreira e, na mesma época de Mosquito, voltou ao Vasco (também com o rabo entre as pernas), de onde saiu para o Estoril de Portugal. Atualmente, está emprestado ao Boavista de Saquarema. É um desperdício grande, pois é o típico camisa 10. Meia canhoto de habilidade, visão de jogo, sabe organizar a equipe e é muito bom em cobranças de falta.

No ataque, a última dupla de sucesso dos juniores. Paulo Vitor é um jogador de extrema habilidade e um futuro brilhante, tanto é que foi alvo de uma disputa entre Vasco e Fluminense ainda na base. Mas, com a concorrência de Andrés Rios, Kelvin, Caio Monteiro e tantos outros, sobrou para o garoto habilidoso, que foi emprestado ao Albacete, da Espanha. Ao seu lado, Hugo Borges é outro desperdício enorme do Vasco. Artilheiro das divisões de base, vê todo mundo subir menos ele. Com problemas no ataque, o Vasco poderia buscá-lo e ver no que dá. Mas prefere mantê-lo até na reserva dos juniores, para que "ganhe experiência".

A reserva conta com 3 jogadores, um para cada setor do campo. O da defesa é Jussa. É volante de origem, mas é tão versátil que pode jogar na zaga, nas laterais, armando o jogo ou até no ataque. Emprestado ao Bonsucesso, atualmente joga no São Bernardo. No meio de campo, Dudu é o escolhido. Os profissionais do time de cima do Vasco já estão de olho nele, um talentoso meia armador canhoto, que deve ganhar alguma chance neste fim de ano. E o reserva do ataque é Lucas Santos, também conhecido como Robinho. No estilo de Paulo Vitor, é um jogador que atua pelas pontas, conduzindo a bola com extrema habilidade e servindo o centroavante.

A arte ainda traz o "treinador", que pode ser um "diretor", "incentivador", "mecenas" ou o que for. Mas é o grande responsável por esse projeto e, por esse motivo, está aqui acompanhando seus novos talentos. Abílio Diniz investe pesado nesses jogadores e, com certeza, engordará ainda mais a sua conta bancária em transferências.

Amanhã teremos o outro lado desse projeto de investimento na base. Vai rolar um grande clássico da base!

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