Comecei a jogar futebol de botão em 1990. Já contei esta história aqui, mas vale recordar alguns pequenos trechos. Meu irmão tinha uma mesa Estrelão guardada num armário e eu resolvi pegá-la para brincar de futebol com os Comandos em Ação. Minha avó viu e resolveu me presentear com um time de botão, um Vasco do modelo panelinha. Durante 12 anos, as partidas eram disputadas naquele Estrelão, mas nem sempre meu irmão permitia. Mesa de jantar, chão do quarto e até a calçada de casa já viraram campo de jogo para os meus botões.
Em 2002, já com botões maiores e regras mais bem definidas, meu irmão e eu juntamos dinheiro e compramos o Itaquá Dome. O estádio, com capacidade para 80 mil torcedores, era o suficiente para nossas partidas. Mas, no final daquele ano, o campeonato do BNDES me fez mudar o tipo de jogo. Saíram os botões resinados e entraram os argolados, com a regra paulista 12 toques. Naquele momento, o Itaquá Dome era pequeno para o tipo de botão que eu utilizava, tanto que tive que fazer algumas adaptações na regra. Ao invés de 12 toques, 8. Ao invés de 4 dedos de distância de um botão para o outro, 3. Mesmo assim, o Itaquá Dome foi a casa da FIFUBO por 16 anos. Seu gramado já estava todo esburacado e, em alguns pontos, a linha do campo já não existia. Mas lá estava o Itaquá Dome, sediando a primeira Copa do Mundo de Futibou de Butaum da História da FIFUBO. O sonho de ter uma mesa oficial, que permitisse a utilização plena da regra oficial e a possibilidade de jogar em um campo com as dimensões perfeitas para o tipo de botão, sempre existiu. Também pesava o sonho da casa própria, já que o Itaquá Dome era "guarda compartilhada" entre o meu time (Imperatriz F.B.) e o do meu irmão (Achrilix). E este sonho parecia nunca se concretizar...
Eis que chega o dia 01 de outubro de 2018, uma data histórica para a FIFUBO. Naquele dia, eu estava no Tijuca Tênis Clube, para finalizar a compra da minha mesa oficial. Naquele dia, chegava a Niterói o Imperatriz Arena, um moderno estádio de futibou de butaum, com capacidade para 150 mil torcedores, amplo estacionamento, vestiários de última geração, sala de imprensa, aquecimento subterrâneo, banco de reservas ampliado e uma série de melhorias em relação ao Itaquá Dome. E, finalmente, o Imperatriz tem sua casa própria!
O Itaquá Dome não foi esquecido. A FIFUBO marcou uma despedida oficial, que foi realizada no dia 08/10/2018. De um lado, um combinado com os 13 times e, do outro, um combinado com as 8 seleções. Cada time enviou um atleta, enquanto algumas seleções enviaram mais de um, para formarem dois times com 11 jogadores e 2 reservas.
A partida foi bem desigual. Com mais ritmo de jogo, o combinado das seleções dominou o jogo desde o início e aproveitou o entrosamento dos jogadores para fazer incríveis jogadas coletivas, dando um verdadeiro espetáculo. Com apenas 1 minuto de jogo, uma figura oito montada por Messi. Hyuga e Zidane terminou com um chute cruzado do meia francês para fazer 1x0.
Aos 3 minutos, foi a vez de Beckham lançar a Messi no comando de ataque. O camisa 10 argentino fez o trabalho de pivô, tabelou com Hyuga e, da entrada da área, fez 2x0. Aos 7 minutos, Messi retribuiu a gentileza ao rolar para Hyuga, que saiu da ponta para o meio e chutou no ângulo do goleiro adversário, fazendo 3x0 para o combinado de seleções.
Se resta algum consolo para o combinado dos times foi a honra de ter feito o último gol oficial do Itaquá Dome. Aos 8 minutos do segundo tempo, Romagnoli tocou para Mike Modano na esquerda e o lendário centroavante do Dallas Stars não perdoou. Um final justo para a partida, pois o camisa 9 do Dallas foi o primeiro jogador da FIFUBO a alcançar a marca dos 100 gols.
Jogadores confraternizam no centro do gramado ao final do jogo. |
O placar final foi Combinado dos Times 1x3 Combinado das Seleções. Mas o resultado é o que menos importa. Um campo que viu inúmeros jogos inesquecíveis, conquistas memoráveis e cinco jogadores chegarem aos 100 gols (Modano, Zenden, Trezeguet, Palermo e Romagnoli) teve uma tarde inesquecível para encerrar uma história tão bela.
IMPERATRIZ ARENA
O dia 15/10/2018 foi outro destes dias históricos que a FIFUBO vive em outubro deste ano. Foi na tarde desta segunda a inauguração oficial do Imperatriz Arena. O tempo chuvoso não impediu os torcedores de aproveitarem o feriado e lotarem os 150 mil lugares do estádio, para assistirem à partida inaugural.
Vista aérea do estádio |
O campo de jogo. |
Vista de trás de um gol. |
Membros da diretoria do Imperatriz e da FIFUBO, nos camarotes do estádio. |
Membros do Imperatriz, na tribuna de honra do estádio. |
Desde o início do sonho, ficou decidido que a partida inaugural seria entre os dois clássicos times da FIFUBO, os maiores ganhadores da História da Federação. O dono da casa, Imperatriz (com 14 títulos) e o Vasco (com 13 títulos).
Os 4 membros da presidência do Imperatriz dão o pontapé inicial: Brasil (presidente), Bolinha de Ouro (vice presidente), Quiñonez (diretor conselheiro) e São Paulo (diretor conselheiro) |
O Imperatriz teve dificuldades para tirar seus jogadores da aposentadoria e dar um mínimo de condições para eles não fazerem feio no campo de jogo.
O Vasco aguarda a verba para modificar a sua equipe. Mas, até lá, os jogadores continuam atuando, mais aposentados do que em atividade, mas ainda assim, prontos para jogar.
A arbitragem ficou a cargo de Carlos Eugênio Simon, auxiliado por Nestor Pitana. |
E assim, tudo estava pronto para a grande festa de inauguração do Imperatriz Arena. Os jogadores no gramado, a bola no centro do campo e a torcida fazendo o maior barulho, esperançosa de um grande espetáculo!
A saída pertencia ao Imperatriz. |
IMPERATRIZ 4x3 VASCO
Apesar de ser a primeira partida e uma adaptação ainda se fazer necessária, foi um jogo de muita emoção e com muitos gols. O primeiro gol precisou de apenas um minuto para sair. O Vasco se lançou ao ataque, com Edmundo tocando a Petkovic, mas Etcheverry apareceu e roubou a bola, tocando para Zenden na meia esquerda. O camisa 10 carregou a bola para o campo de ataque e deu ótimo passe em profundidade para Vander Carioca. O centroavante invadiu a área e chutou rasteiro, no canto esquerdo de Carlos Germano, para fazer o primeiro e histórico gol do Imperatriz Arena: Imperatriz 1x0.
Enquanto o lado verde e branco das arquibancadas vibrava, os vascaínos tentavam se reorganizar. Aos 3 minutos, Leo Lima foi ao ataque e pediu a bola. Petkovic fez o passe em profundidade, mas Charlie Brown saiu do gol e ficou com a bola, abrindo na esquerda para Numan. O lateral holandês tocou a Etcheverry no meio e o camisa 7 boliviano avançou com a bola dominada, sem ser incomodado. Da entrada da área, Etcheverry viu que Carlos Germano se posicionava para defender o lado esquerdo e, por isso, chutou no outro lado e pegou o goleiro no contrapé, fazendo Imperatriz 2x0.
O Vasco buscava o ataque e deixava o seu campo exposto para o Imperatriz contra atacar. Mas a defesa vascaína é boa e estava atenta, impedindo que os adversários ampliassem o marcador. Aos 6 minutos, Etcheverry puxou novo contra ataque, mas Mauro Galvão o desarmou com maestria, tocando a Marcelinho no meio. O camisa 8 avançou com a bola dominada, esperou a chegada da marcação e inverteu para o lado esquerdo, encontrando Leo Lima livre. O camisa 7 trouxe a bola para o pé direito e, do bico da grande área, chutou cruzado para vencer Charlie Brown e fazer Vasco 1x2.
O Imperatriz nem se espantou com o gol e ampliou logo na saída de bola. Aos 7 minutos, Vander Carioca deu a saída para Etcheverry, que inverteu na esquerda para Zenden. O camisa 10 deu novo ótimo passe para Vander Carioca dentro da área, e o camisa 9 chutou por cobertura na saída de Carlos Germano para fazer Imperatriz 3x1.
O resultado já era incrível para um time composto, em sua maioria, por jogadores aposentados. Mas ainda cabia mais. Aos 9 minutos, Charlie Brown saiu do gol novamente e cortou a bola, mandando a Cristóvão na cabeça de área. O camisa 6 inverteu para Anderson Lima na direita, que tocou mais à frente para Dinei. O camisa 18 foi tabelando com Etcheverry, até que o camisa 7 percebeu que os dois estavam se embolando. Etcheverry, então, deu um toquinho à frente e acertou um chute seco, cruzado, que entrou no ângulo oposto de Carlos Germano: Imperatriz 4x1.
No intervalo, Dircys tirou Anderson Lima, Cristóvão, Etcheverry e Denilson, os quatro mais cansados, para colocar Consuelo, Rodrigo Souto, Paulo Isidoro e Benjamin. Leão passaria a ser o capitão.
Antonio Lopes mudou o time inteiro. Saíram Carlos Germano, Maricá, Tinho, Mauro Galvão, Gilberto, Bruno Lazaroni, Leo Lima, Marcelinho, Petkovic, Edmundo e Donizete. Entraram Marcio, Thiago Maciel, Nasa, Rogério Pinheiro, Ramon, Beto, Siston, Allan Delon, Dominguez, Alex Alves e Marques. O capitão seria Rogério Pinheiro.
Com 4x1 no placar e já cansados, os jogadores do Imperatriz botaram o pé no freio e jogaram num ritmo mais cadenciado. Zenden apareceu mais no campo de ataque e desperdiçou duas boas oportunidades. Os reservas do Vasco aproveitaram a mudança no ritmo do Imperatriz e resolveram jogar.
Aos 5 minutos, Stam tocou a Consuelo na esquerda e o lateral venezuelano cochilou. Alex Alves roubou-lhe a bola e tocou a Nasa na ponta. O camisa 5 foi ao fundo e cruzou para a área, onde encontrou Marques livre para testar e fazer Vasco 2x4.
O Vasco não tinha muitas esperanças de empatar, mas ainda rondava a área do Imperatriz, em busca de mais um gol. E ele veio aos 8 minutos. Thiago Maciel repôs lateral para Alex Alves ao lado da grande área. O camisa 17 driblou dois marcadores e acertou um lindo chute cruzado para fazer Vasco 3x4. Mas era tarde.
Em um jogo de tanta emoção, o placar nem importa tanto. Dois times clássicos, sete gols e muita emoção para inaugurar a casa da FIFUBO. O Imperatriz Arena está oficialmente inaugurado e pronto para receber mais jogos e competições. No próximo final de semana, as seleções vão a campo para o Troféu do Presidente!
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