Tour do Rio 2025 - 31/07/2025

É chegada a hora da última das Grandes Voltas de toda a temporada. O Tour do Rio é a segunda das Grandes Voltas do Circuito Independente e, em seis etapas, atravessa o estado de um ponto a outro, trazendo suas belezas naturais e monumentos, além de muita emoção. Nesta postagem, você confere como foi, etapa a etapa, a competição deste ano.

É o momento do Tour do Rio 2025!

1ª Etapa

Sábado, 26 de julho de 2025, um contra relógio em Angra dos Reis dava início ao Tour do Rio 2025. Contando com 12 atletas do Circuito Independente e um trecho totalmente plano, a etapa foi disputada em um dia de céu azul e frio.

A chuva que se abateu no estado durante a noite anterior deixou a pista muito molhada, mas o nível da prova foi muito bom. Alguns poucos ciclistas, desacostumados a contra relógio, fizeram num tempo médio. Mas a maioria conseguiu um tempo baixo e a disputa foi emocionante.

A corrida terminou com o mesmo vencedor de 2024, Nairo Quintana (Movistar). Em segundo ficou o esloveno Tadej Pogacar (UAE) e, em terceiro, fechando a dobradinha colombiana no pódio, Egan Bernal (Ineos), segundo no ano passado.

Com isso, Nairo Quintana é o primeiro a vestir a camisa azul, de líder.

O pódio da primeira etapa. No alto, com o troféu de vencedor, Nairo Quintana (Movistar). Abaixo dele, o esloveno Tadej Pogacar (UAE), segundo colocado. Abaixo do troféu e fechando a dobradinha colombiana no pódio, Egan Bernal (Ineos), terceiro colocado.

2ª Etapa

No dia 27, os ciclistas partiram para a Região dos Lagos, em uma prova plana e com as duas primeiras metas volante do Tour do Rio. Com largada em Iguaba, a primeira meta volante se localizava na saída de Arraial do Cabo. A segunda, em Cabo Frio e a chegada, em Búzios.

Os ciclistas atravessam a Região dos Lagos.

O dia era típico da região, com céu azul e temperatura um pouco baixa. Até a metade, foi um passeio ciclístico da pior qualidade. Depois, as coisas melhoraram bastante, com o ritmo aumentando e os ataques começando. A corrida mudou na chegada a Cabo Frio, cidade natal de Vinícius Rangel. O brasileiro da Imperatriz tentou a fuga neste momento e foi acompanhado por Axel Merckx e Juan Jose Cobo Acebo, além de Jonas Vingegaard se descolando do pelotão e tentando alcançá-los, mas sem conseguir.

Ao final, em emocionante chegada em sprint e empurrado pelo público, Vinícius Rangel venceu em casa, deixando o belga da T-Mobile em segundo e o espanhol da Caja Rural em terceiro. Merckx e Cobo Acebo, curiosamente, chegaram um na posição do outro na corrida de 2024.

Em prova sem abandonos e com brilho nas metas volante e na linha de chegada, Vinícius Rangel assume a camisa azul.

O pódio da segunda etapa. No alto, com o troféu de vencedor, o brasileiro Vinícius Rangel (Imperatriz). Abaixo dele, o belga Axel Merckx (T-Mobile), segundo colocado. Abaixo do troféu, o espanhol Juan Jose Cobo Acebo (Caja Rural), terceiro colocado.

3ª Etapa

A disputa nas montanhas começou no dia 28, com o pelotão indo para a Região Serrana. A primeira etapa deste tipo foi em Petrópolis, a Cidade Imperial, em um dia nublado e com vento, indicando a chegada de uma frente fria.

Os ciclistas sobem a serra rumo a Petrópolis.

Uma típica prova de montanha se descortinou na terceira etapa. Ataques, contra ataques e pequenos grupos se formaram, mas quem se destacou nesse meio foi Tadej Pogacar. O esloveno da UAE arrancou desde o início, aumentou a vantagem a cada giro do pedal e estava pronto para se consagrar com uma atuação de gala, mas… caiu pouco antes da reta final.

O brasileiro Vinícius Rangel (Imperatriz) deixou para atacar na última subida e passou de passagem por Pogacar, vencendo pela segunda vez consecutiva neste Tour do Rio e deixando o esloveno em um decepcionante segundo lugar. Em terceiro, a alguma distância, chegou o equatoriano Richard Carapaz (Movistar), vencedor no ano passado.

Egan Bernal sequer largou e se tornou o primeiro a abandonar o Tour do Rio que, ao final da terceira etapa, viu Vinícius Rangel disparar com a camisa azul, de líder. A grande decepção foi Tadej Pogacar, que viu uma vitória garantida escorrer pelos dedos quando caiu, mas não foi de tudo ruim, pois fez pontos suficientes na meta volante para assumir a camisa branca de bolinhas azuis, de líder de montanha.

O pódio da terceira etapa. No alto, com o troféu de vencedor, o brasileiro Vinícius Rangel (Imperatriz). Em segundo lugar, o esloveno Tadej Pogacar (UAE), segundo colocado. Em terceiro, o equatoriano Richard Carapaz (Movistar), terceiro colocado.

4ª Etapa

O dia 29 confirmou a chegada da frente fria, justo quando os ciclistas subiram a serra de Teresópolis, para a segunda e última etapa de montanha do Tour do Rio.

O frio que vinha dos ventos fortes e a possibilidade de chuva seriam uma dificuldade extra para os ciclistas, mas eles entregaram uma prova emocionante, de altíssimo nível, típica de montanha e com um show de estratégias.

Os ataques começaram cedo, com destaque para o dinamarquês Jonas Vingegaard (Jumbo Visma), que acelerou forte e foi embora. Vencedor em 2022 e segundo em 2023, o belga Axel Merckx (T-Mobile) tratou de perseguir Vingegaard, mesmo que de longe, conseguindo alcançá-lo na metade da prova e ultrapassá-lo na penúltima subida. Outro que também atacou e manteve os dois escapados a uma distância segura foi Richard Carapaz. Terceiro no ano passado, o equatoriano da Movistar soube superar um problema mecânico no início, dosar as energias e atacar no momento certo, para deixar os adversários sem reação e vencer de forma espetacular. Na emocionante disputa pelos lugares seguintes no pódio, Axel Merckx levou a melhor e ficou com a segunda posição, enquanto a Vingegaard sobrou o terceiro lugar, em uma prova excelente e sem abandonos.

Vinícius Rangel sofreu muito com dores musculares, provenientes dos esforços das duas etapas anteriores, e chegou na última posição. Mesmo assim, conseguiu se manter com a camisa azul, de líder. A camisa branca de bolinhas azuis, de líder de montanha, foi para Richard Carapaz.

O pódio da quarta etapa. No alto, com o troféu de vencedor, o equatoriano Richard Carapaz (Movistar). Abaixo dele, o belga Axel Merckx (T-Mobile), segundo colocado. Abaixo do troféu, o dinamarquês Jonas Vingegaard (Jumbo Visma), terceiro colocado.

5ª Etapa

No dia 30, os ciclistas deixaram as montanhas para trás e foram em direção a Niterói, para uma etapa quase totalmente plana, à exceção de uma subida de 6% logo no início, disputada em um dia frio e de céu azul.

Esta, talvez, tenha sido a melhor etapa do Tour do Rio 2025. Os atletas entregaram uma prova de altíssimo nível, com algumas tentativas de ataque até a metade e, depois o pelotão se agrupando para uma emocionante chegada em sprint. Já que a prova era para os sprinters, nada mais justo que um deles vencesse. E este foi o irlandês Sam Bennet (Bora), segundo no ano passado. O outro sprint do Circuito Independente, o francês Bryan Coquard (Cofidis) conseguiu a segunda posição, depois de ser terceiro em 2023. Em terceiro chegou o vencedor da prova no ano passado, o espanhol Juan Jose Cobo Acebo (Caja Rural).

O excelente ritmo foi visto na entrega de cada ciclista, em uma corrida que terminou sem abandonos. Apesar de ter chegado novamente em penúltimo, Vinícius Rangel se manteve com a camisa azul, enquanto Richard Carapaz manteve a camisa branca de bolinhas.

O pódio da quinta etapa. No alto, com o troféu de vencedor, o irlandês Sam Bennet (Bora). Abaixo dele, o francês Bryan Coquard (Cofidis), segundo colocado. Abaixo do troféu, o espanhol Juan Jose Cobo Acebo (Caja Rural), terceiro colocado.

6ª Etapa

No dia 31, os 11 ciclistas restantes atravessaram a Ponte Rio-Niterói rumo à Cidade do Rio de Janeiro para a derradeira etapa, totalmente plana e com chegada em sprint na Praia de Copacabana, com 5 deles com chances de título, em uma disputa eletrizante, pois somente Axel Merckx tinha uma distância maior que 2 pontos para Vinícius Rangel. Tadej Pogacar e Jonas Vingegaard estavam há 2 pontos e Juan Jose Cobo Acebo, a apenas 1. Emoção à vista!

Os ciclistas chegam ao Rio de Janeiro, para a última etapa do Tour desse ano!

A prova foi extremamente emocionante, com a disputa se estendendo até depois da linha de chegada, pois a sensação que dava era a de que o tempo parou, totalmente. Juan Jose Cobo Acebo sprintou com uma força absurda. Mas, empurrado pela torcida, Vinícius Rangel também sprintou. Os dois chegaram, literalmente, empatados. Foi preciso traçar linhas e mais linhas para saber quem tinha vencido. Depois de muita deliberação, a vitória ficou com Vinícius Rangel, restando ao espanhol da Caja Rural o segundo lugar. Em terceiro, fechando a dobradinha brasileira no pódio, ficou Magno Nazaret (Vasco da Gama), vencedor nos dois últimos anos, em uma prova que será lembrada por muitos e muitos anos como uma das maiores da História da LMC e que terminou sem abandonos.

O pódio da sexta etapa. No alto, com o troféu de vencedor, Vinícius Rangel (Imperatriz). Abaixo dele, o espanhol Juan Jose Cobo Acebo (Caja Rural), segundo colocado. Abaixo do troféu e completando a dobradinha brasileira no pódio, Magno Nazaret (Vasco da Gama).

Dos postulantes ao título, apenas Tadej Pogacar e Axel Merckx não conseguiram se aproximar do resultado que precisavam, ainda mais Merckx, que sofreu uma queda após a metade da prova. Jonas Vingegaard brilhou muito na etapa, mas não conseguiu superar os demais no sprint e terminou em sexto. Já Vinícius Rangel e Juan Jose Cobo Acebo disputaram milímetro a milímetro e deram a esta disputa um ar de épico absoluto.

VINÍCIUS RANGEL CAMPEÃO DO TOUR DO RIO 2025

Segundo nesta etapa no ano passado, o ciclista da Imperatriz foi a grande figura desta edição. Venceu 3 das 6 provas, foi mal nas disputas de montanha, lutou contra as dores na quinta etapa e, empurrado pela torcida, conseguiu superar um duríssimo rival para ficar com o título em casa, seu primeiro no ano e o segundo na LMC.

Temos que falar, também, de Richard Carapaz. O equatoriano da Movistar foi brilhante no terreno inclinado, fez os pontos necessários e saiu com o bicampeonato de montanha do Rio (2024/2025), conquistando seu primeiro título no ano e o quarto na LMC.

Mais um ano e a mesma história... o equatoriano Richard Carapaz (Movistar) recebe o troféu de campeão de montanha do Tour do Rio 2025.

“Antes de mais nada, eu preciso falar da equipe. Tivemos algumas dificuldades, mas a direção da Imperatriz F.B. fez os movimentos precisos. A chegada do Cristóvão para me acompanhar durante os treinamentos foi essencial e o Chente Garcia pôde se concentrar na estratégia de cada corrida. Daí foi só botar a bicicleta nas ruas e acelerar. Correndo em casa, com a torcida me empurrando, foi a cereja neste bolo maravilhoso. Eu não tenho palavras para descrever esta emoção…” - Vinicius Rangel, após receber o troféu de campeão do Tour do Rio 2025.

O pódio do Tour do Rio 2025. No alto, com os troféus de campeão e de vencedor da última etapa, além da bandeira da Imperatriz, o brasileiro Vinícius Rangel. Abaixo dele, com o troféu de vice-campeão, o espanhol Juan Jose Cobo Acebo (Caja Rural). Mais abaixo, com o troféu de terceiro colocado, o dinamarquês Jonas Vingegaard (Jumbo Visma).

NOTAS RÁPIDAS

• Se os ciclistas do calendário entregaram uma Vuelta a España de nível técnico muito baixo, os independentes entregaram uma das melhores competições no ano. O nível do Tour do Rio foi excelente, como há muito não se via;
• No total, 3 ciclistas venceram, porque Vinícius Rangel não deu chances a ninguém, vencendo metade das corridas;
• 11 ciclistas diferentes subiram ao pódio, com Juan Jose Cobo Acebo e Vinícius Rangel os que mais estiveram entre os três primeiros, 3 vezes cada. Somente Woult Van Aert não conseguiu um pódio sequer neste Tour;
• Apenas 3 equipes, conseguiram vencer, sendo que a Imperatriz, com 3 vitórias, foi a que mais triunfou. 9 foram ao pódio, com a Caja Rural, a Imperatriz e a Movistar figurando mais vezes entre os três primeiros, 3 vezes cada;
• 4 nações conseguiram vencer e 9 indo ao pódio, com o Brasil triunfando mais vezes (3) e conseguindo mais pódios (4);
• Tivemos duas dobradinhas nacionais nesta edição do Tour do Rio. Na primeira etapa, a Colômbia teve Nairo Quintana em primeiro e Egan Bernal em terceiro, e na sexta, o Brasil fez as mesmas posições, com Vinícius Rangel e Magno Nazaret, respectivamente;
• Por falar nos ciclistas brasileiros, o show foi garantido. Vinícius Rangel não só conseguiu 3 vitórias (recorde em uma edição desta competição) como saiu como campeão vencendo a última etapa com Magno Nazaret em terceiro. O Tour do Rio foi a apoteose de Vinícius Rangel, que brilhou nas etapas, encantou o público e saiu consagrado;
• Tivemos apenas 1 abandono neste Tour, quando Egan Bernal deixou a competição na terceira etapa, o que só reforça o nível altíssimo da competição;
• Para reforçar mais ainda, o TCB não foi acionado uma vez sequer;
• E, para reforçar ainda mais, não tivemos decepções de destaque. Magno Nazaret (que vinha correndo entre os últimos) e Egan Bernal (pelo abandono) poderiam ter decepcionado, mas conseguiram um pódio. Talvez Woult Van Aert, por não ter conseguido um pódio. Mas ele se esforçou bem e não pode ser considerado decepção;
• Já os destaques individuais são vários, a começar por Vinícius Rangel e por Juan Jose Cobo Acebo, que travaram uma batalha que foi decidida nos milímetros. O brasileiro acabou campeão, depois de vencer metade das etapas, enquanto o espanhol ficou com o vice após ser o campeão em 2024. Richard Carapaz, com o seu bicampeonato de montanha, Jonas Vingegaard com o terceiro lugar e Tadej Pogacar, que brilhou em algumas etapas e lutou pelo título até o final, também devem ser citados;
• Após o Tour do Rio, Juan Jose Cobo Acebo e Richard Carapaz empatam na liderança do ranking independente, com 87 pontos. Vale lembrar que o ranking independente é diferente do calendário. Neste, os ciclistas levam os pontos que conquistaram na competição e também um bônus para os 6 primeiros. No ranking independente, os 6 primeiros pontuam em cada corrida e, ao final de uma volta (Baby Giro e Tour do Rio), os 6 primeiros levam mais pontos.

A volta da vitória, com o Cristo Redentor ao fundo. Na frente, com os troféus de vencedor de 3 das 6 etapas, além do troféu de campeão, Vinícius Rangel. Atrás dele, com o troféu de vice-campeão, Juan Jose Cobo Acebo. Mais atrás, com o troféu de terceiro colocado, Jonas Vingegaard. Mais atrás, com os troféus de vencedor de etapa e de campeão de montanha, Richard Carapaz. Além dele, com troféus de vencedores de etapa, Sam Bennet e Nairo Quintana.