Na impossibilidade de abrir o grupo B no domingo, a segunda-feira se oferece sem chuvas para que a rodada fosse realizada. O vento frio castigou os torcedores, mas eles não deixaram de lotar o Itaquá Dome e foram brindados com futibou de primeira grandeza. Vamos aos jogos!
CAMARÕES 2x2 ARGENTINA
Última equipe a chegar para a Copa do Mundo, Camarões é a grande incógnita do torneio. Tendo feito apenas uma partida amistosa (3x2 Bangu), o time africano enfrenta seu primeiro desafio de verdade e admite que a falta de entrosamento será um problema. Já a Argentina vem de três vitórias nos amistosos preparatórios e em plena forma física, técnica e tática, com amplo favoritismo para esta partida.
Os prognósticos eram mais do que acertados. Camarões tinha dificuldades de se encontrar em campo e enfrentava uma Argentina bem armada, com os jogadores cumprindo suas funções à risca e saindo para o ataque de forma ordenada. O criticado Mascherano era um gigante à frente da área, roubando as bolas que iam cair nos pés de Messi para armar os ataques para Scocco e Alario. Nkono teve que se virar lá atrás, com defesas incríveis.
Mas, aos 4 minutos, nada pôde fazer. Em jogada que mostra claramente como os argentinos treinaram, Abbondanzieri cobrou tiro de meta para Messi no meio de campo. O camisa 10 trouxe para o lado direito e abriu a Alario na ponta. O camisa 13 deu um corte para o meio e devolveu a Messi próximo à meia lua. Bem ao seu estilo, o camisa 10 avançou, driblou Kana Biyik e, de dentro da área, deu um toque de categoria para tirar Nkono e fazer Argentina 1x0.
No intervalo, Arenoso tentava motivar a equipe, que pouco criou no primeiro tempo. Tirou Tataw e Oman Biyik para colocar Ndip e Roger Milla. Já Argentino mostrava-se satisfeito com o bom jogo de sua equipe, mas queria melhorar ainda mais. Assim, tirou Conca (que não marcava nem armava) e Scocco (que dava sinais de cansaço) para colocar Kranevitter e Tevez.
A Argentina reiniciou o jogo da forma como havia terminado o primeiro tempo: dominando as ações. Não à toa chegou ao segundo gol logo a um minuto. Vangioni interceptou passe que ia para Roger Milla e rolou a Di Maria. O camisa 7 avançou com a bola pelo meio de campo e, da entrada da área, acertou lindo chute no canto de Nkono, para fazer Argentina 2x0.
O grande pecado dos sulamericanos foi ver que, dominando a partida por completo, já tinham a vitória assegurada. Aos poucos, os jogadores foram relaxando e procurando jogadas de efeito e, com isso, começaram a se desgrudar da parte tática. Melhor para Camarões, que conseguiu o empate nos erros do adversário.
Primeiro, aos 5 minutos, Mfede voltou ao campo de defesa para receber a bola de Ndip e, ato contínuo, acertou um lindo lançamento para o campo de ataque. Roger Milla recebeu a bola nas costas de Mascherano e, da entrada da área, chutou fraco. Abbondanzieri fez um golpe de vista e engoliu um frango incrível: Camarões 1x2.
Os africanos partiram com tudo para o empate e se ofereceram aos contra ataques. Messi voltou a atuar com desenvoltura, mas Nkono estava muito mais seguro e afastou as tentativas dos sulamericanos de ampliar o marcados. O castigo veio aos 8 minutos, quando Pagal roubou de Alario e tocou a Makanaky na meia esquerda. O camisa 20 tocou no corredor para Mbouh Mbouh, que invadiu a área e chutou forte na saída de Abbondanzieri, fazendo Camarões 2x2.
Camarões comemora um empate em uma partida muito difícil, onde foi amplamente dominado. Para quem enfrentava uma seleção pela primeira vez, o resultado foi excelente. Já a Argentina só tem a lamentar que a evolução nítida de seus jogadores tenha esbarrado na própria soberba. Dominaram o jogo inteiro e mereciam não só a vitória, mas com um placar muito maior.
Destaque do jogo: Lionel Messi. Muito criticado por suas atuações abaixo da crítica (havia quem discutisse sua retirada do time titular), o camisa 10 deu a volta por cima. Esteve presente na armação de jogadas e na conclusão, se movendo principalmente pelo campo de ataque, de um lado a outro, levando perigo constante ao adversário. O gol que fez foi em sua jogada clássica, o que mostra que os argentinos podem esperar atuações dignas de Barcelona nesta Copa.
BRASIL 3x3 INGLATERRA
O último jogo da primeira rodada era muito esperado pelos torcedores. O Brasil vinha em declínio técnico, mas deu boas esperanças no último amistoso, quando derrotou o CROL por 5x0 e mostrou um grande repertório de jogadas. A dúvida da ponta direita foi desfeita e Madeirite optou por dar mais uma chance para Romário, deixando Ronaldinho no banco. Já a Inglaterra vem em franco declínio. Depois de conquistar a Copa Stanley Rous e ser considerada favorita número 1 para o título mundial, a equipe começou a jogar cada vez pior e, após o duelo de invictos contra a Holanda (0x2), não venceu mais, chegando a três partidas sem vencer (1 empate e 2 derrotas).
Pode-se dizer com tranquilidade que foi o melhor jogo da Copa do Mundo até aqui. A dúvida é se este foi o melhor jogo de 2018. As duas equipes fizeram uma partida eletrizante, com emoção do início ao fim, na base do toma lá dá cá, com técnica, tática, jogadas de emoção e defesas incríveis de ambos os goleiros. O Brasil tinha uma gama de jogadas com Roberto Carlos, Rivaldo, Romário, Denilson e Ronaldo se alternando em todos os cantos do campo de ataque, além de um Kleberson gigante na cabeça de área. A Inglaterra não fazia por menos e tinha Gerrard segurando as pontas lá atrás para Lampard encostar em Rooney e Owen, criando jogadas e concluindo a gol. Pelo lado esquerdo, Joe Cole fazia ótimas jogadas e levava perigo. Mas o gol não saía. Paul Robinson e Carlos Germano estavam impecáveis.
Isso foi até os 9 minutos, quando Robinson cometeu uma falha. Ele cobrou mal o tiro de meta e Rivaldo ficou com a bola no meio. Trazendo para o lado esquerdo, o camisa 10 abriu para Denilson, que recebeu na ponta tendo Beckham à sua frente. Com um drible para dentro, o camisa 17 se livrou do marcador e encontrou Bridge impedindo-o de entrar na área. Com um drible para fora, Denilson também se livrou do lateral e, do bico da área, acertou um chute cruzado à lá Josimar, fazendo um golaço: Brasil 1x0.
No intervalo, Madeirite tirou Cafu e Romário para colocar Roque Junior e Ronaldinho. Lúcio passou a ser o capitão. O treinador não queria tirar Romário, que atuava muito bem, mas sabia que os ingleses partiriam para cima, então preferiu Ronaldinho, dono de um passe melhor e boas arrancadas. Roque Junior entraria na lateral direita, para melhorar a marcação, pois David English tirou Bridge e Rooney para colocar Carragher e Crouch. A entrada do camisa 12 era para melhorar a marcação no lado direito, por onde Denilson promovia verdadeiro carnaval. Já Crouch entrava para tentar incendiar o jogo com seu talento.
A partida continuou num nível altíssimo. Ambas as equipes buscavam o gol incessantemente e os goleiros tinham que se virar para salvar suas equipes. Mas o Brasil tinha o talento de Rivaldo. Aos 4 minutos, a bola saiu para lateral e Ronaldinho repôs para o camisa 10. Rivaldo dominou próximo à entrada da área, trouxe para o pé esquerdo, viu o posicionamento do goleiro e mandou um chute de curva. Robinson se esticou, mas não chegou: Brasil 2x0.
O placar era injusto para o que a Inglaterra produzia, mas não para o que fazia o time brasileiro. Injustiça mesmo aconteceu no minuto seguinte. Aos 5 minutos, os ingleses deram a saída, mas Kleberson desarmou Lampard, tocando a Rivaldo. O camisa 10 tocou a Juninho na direita e o camisa 19 avançou em velocidade, driblando John Terry e invadindo a área. Robinson fechou mal o ângulo e foi ali que o fraco chute de Juninho entrou: Brasil 3x0.
Neste momento, os deuses do futibou de butaum, que aplaudiam o espetáculo, perceberam a injustiça com os ingleses, que jogavam muito e não mereciam tomar um chocolate daqueles. Então, mandaram toda a sua magia para ajudar os europeus. A Inglaterra cresceu e passou a rondar mais a área do Brasil, mas Carlos Germano continuava operando milagres.
Mas, aos 8 minutos, ele não pôde fazer nada, quando Gerrard lançou Lampard na esquerda. O camisa 8 girou para trazer a bola pro pé direito e cruzou na área. A marcação foi em cima de Crouch, na marca do pênalti, mas a bola foi no segundo pau, onde Carragher apareceu de surpresa e cabeceou sem chances para o goleiro brasileiro: Inglaterra 1x3.
Não parecia mais que um gol de consolação, mas os brasileiros erraram na saída e a Inglaterra encaixou um contra ataque, que Lucio salvou mandando a córner. Beckham cobrou rasteiro para o bico da área, onde Joe Cole ajeitou e chutou mascado. A bola desviou em Roque Junior e entrou mansa no lado oposto de Carlos Germano: Inglaterra 2x3, aos 9 minutos.
O que era uma vitória fácil dos brasileiros virou um drama nos minutos finais. Os sulamericanos tentavam gastar o tempo tocando a bola, enquanto os europeus saiam freneticamente para o ataque. A pressão foi tanta que, já nos acréscimos, Ronaldinho tentou ficar com a bola e derrubou Peter Crouch próximo à entrada da área. Isso significa muito, mas muito perigo, quando do outro lado se tem David Beckham. O juiz José Roberto Wright avisou que era o último lance do jogo. A barreira foi armada, mas Beckham bateu por cima dela. A bola descreveu um arco veloz e entrou no canto direito de Carlos Germano, que se esticou todo, mas não chegou: Inglaterra 3x3.
A FIFUBO rejeitou todas as tentativas de fazer um amistoso entre as duas equipes, preferindo guardar para o mundial, apostando num grande jogo. E a aposta pagou juros e dividendos com uma das melhores partidas já vistas. Apesar dos brasileiros lamentarem um empate depois de abrirem 3x0 e os ingleses celebrarem um empate depois estarem à beira de uma goleada, o público aplaudiu de pé os 26 heróis que pisaram no gramado do Itaquá Dome, certos de que viram a História ser feita nesta segunda-feira.
Destaque do jogo: Rivaldo. Difícil eleger um único nome quando todos os 26 jogadores deram espetáculo, mas as regras são essas e só um pode sair como melhor em campo. Este foi o camisa 10 brasileiro, que esteve em todos os lugares do campo de jogo, marcando, armando, organizando e concluindo. Deu o passe para o primeiro gol, anotou o segundo e deu o passe para o terceiro. Faltaria fazer chover, mas a emoção que tomou conta dos torcedores com a exibição de gala de Rivaldo levou muitos às lágrimas, então deixa do jeito que está.
CLASSIFICAÇÃO
Grupo A
1° Japão - 3 pontos
2° França - 1 ponto
3° Holanda - 1 ponto
4° Alemanha - 0 ponto
Grupo B
1° Brasil - 1 ponto
2° Inglaterra - 1 ponto
3° Argentina - 1 ponto
4° Camarões - 1 ponto
ARTILHARIA
1° Klose (Alemanha), Di Maria (Argentina), Messi (Argentina), Denilson (Brasil), Juninho (Brasil), Rivaldo (Brasil), Mbouh Mbouh (Camarões), Milla (Camarões), Henry (França), Zidane (França), Kluivert (Holanda), Van Bronckhorst (Holanda), Beckham (Inglaterra), Carragher (Inglaterra), Joe Cole (Inglaterra), Misugi (Japão), Sawada (Japão), Tsubasa (Japão) - 1 gol
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