Não é mentira de primeiro de abril. O mês de março, que se encerrou no domingo de páscoa, foi recheado de ótimas competições na LMC. O mundo do ciclismo vê os atletas elevarem o nível e trazerem mais emoção para os fãs do esporte. Vamos ver, então, como foram as provas do mês que se encerrou!
VOLTA CICLÍSTICA AO ALGARVE
No domingo 03, a Volta Ciclística ao Algarve 2024 se iniciava. Com subidas em todas as etapas, inclusive no contra relógio inicial, a competição passa por belíssimas paisagens no sul de Portugal. Pelo perfil de cada prova, os favoritos são os ciclistas por etapas, mas os montanhistas também têm vez aqui.
A cronoescalada inicial foi de altíssimo nível, com os ciclistas se esforçando ao máximo para conseguirem a vitória. E esta veio para o brasileiro Luciano Pagliarini (Saunier Duval), que se tornou o segundo ciclista da LMC a conseguir o contra relógio perfeito. Em segundo chegou Filippo Ganna (Acqua & Sapone) e, em terceiro, Vincenzo Nibali (Astana), vencedor desta prova no ano passado, fazendo uma dobradinha italiana no pódio.
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| O pódio da primeira etapa, com o brasileiro Luciano Pagliarini (Saunier Duval) com o troféu de vencedor. Ele se tornaria o segundo ciclista da LMC ao fazer o contra relógio perfeito. Abaixo dele, Filippo Ganna (Acqua & Sapone), segundo colocado. Abaixo do troféu e completando a dobradinha italiana no pódio, Vincenzo Nibali (Astana). |
No domingo, 10, uma etapa de montanha com subidas de até 11% dava fim à edição 2024 do Algarve. Seis ciclistas ainda tinham chances de levar o título, a depender dos resultados. Disputada em um dia que alternava sol e chuva, a prova teve um nível altíssimo, com os ciclistas se esforçando bem. Após a última meta volante, o número de postulantes ao título caiu para quatro. Mas, observando o desempenho de cada um, seria difícil o camisa encarnada largá-la.
E ele não largou mesmo. O brasileiro Luciano Pagliarini (Saunier Duval) dominou as montanhas, com um ritmo forte, o timing certo para atacar e muita emoção na chegada, com outros três ciclistas chegando junto. Mas a vitória coube mesmo a Pagliarini, com Rafael Andriato (Imperatriz) chegando em segundo e finalizando a dobradinha brasileira no pódio. Em terceiro chegou o argentino Francisco Chamorro (Credite Agricole).
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| O pódio da sexta etapa. No alto, com o troféu de vencedor, Luciano Pagliarini (Saunier Duval). Abaixo dele e fechando a dobradinha brasileira no pódio, Rafael Andriato (Imperatriz), segundo colocado. Abaixo do troféu, o argentino Francisco Chamorro (Credite Agricole), terceiro colocado. |
Com duas vitórias e um segundo lugar, Luciano Pagliarini não deu chance aos rivais e conquistou o título da Volta Ciclística ao Algarve 2024, seu primeiro no ano e o sétimo na LMC.
Mas quem mandou bem nas montanhas foi o luxemburguês Frank Schleck, que venceu a quinta etapa e somou muitos pontos, conquistando o prêmio de montanha, seu segundo título no ano e o décimo na LMC.
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| O luxemburguês Frank Schleck (Saxo Bank), com o troféu de montanha. |
A Volta Ciclística ao Algarve foi espetacular; os ciclistas começam a mostrar sinais de evolução na temporada. O campeão, Luciano Pagliarini, fez o contra relógio perfeito na primeira etapa e, dali em diante, o que se viu foi os ciclistas dando o máximo e disputando mesmo as corridas. Só para se ter uma ideia da singularidade da competição, tivemos quatro dobradinhas nas seis etapas, com a Itália de Filippo Ganna e Vincenzo Nibali na primeira etapa, a França de Julian Alaphilippe na segunda etapa, novamente a Itália de Filippo Ganna e Fabio Aru na terceira etapa e o Brasil de Luciano Pagliarini e Rafael Andriato na sexta etapa. Os dois únicos abandonos foram de Bauke Mollema e Filippo Pozzato, na terceira etapa.
Após a Volta Ciclística ao Algarve 2024, Frank Schleck segue na liderança do ranking, com 68 pontos.
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| O pódio final da Volta Ciclística ao Algarve 2024. No alto, com os troféus de campeão e de vencedor da última etapa, o brasileiro Luciano Pagliarini (Saunier Duval). Abaixo do troféu de campeão, o norte americano Lance Armstrong (USPS), vice-campeão. Abaixo do troféu da etapa, o italiano Filippo Ganna (Acqua & Sapone), terceiro colocado. |
Na segunda-feira, 11, os ciclistas independentes alinharam no extremo oeste de Portugal para o GP de Estoril 2024. A prova é dividida em duas partes, plana até a primeira metade e com subidas entre 7 e 9% na metade final. Desta forma, os montanhistas e os ciclistas de clássicas têm as melhores chances.
O lindo dia de sol e temperatura em elevação contribuiu bastante para o espetáculo. Desta vez, a Movistar não conseguiu fazer sua estratégia de fuga e revezamento, mas a Colômbia continuou nesta pegada. Egan Bernal (Ineos) aproveitou o plano para atacar cedo, usou-se de suas técnicas de montanhista para aumentar o afastamento pros demais e, na penúltima montanha, já era impossível alcançá-lo. Desta forma, Bernal vence com sobras, de forma espetacular.
Na emocionante disputa pelas posições seguintes, o belga Woult Van Aert (Jumbo Visma) chegou em segundo e o francês Bryan Coquard (Cofidis), campeão em 2022, foi o terceiro. O belíssimo GP de Estoril 2024 não teve abandonos.
Após a prova, Bryan Coquard lidera o ranking independente, com 40 pontos.
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| O pódio do GP de Estoril. No alto, com o troféu de vencedor, o colombiano Egan Bernal (Ineos). Abaixo dele, o belga Woult Van Aert (Jumbo Visma), segundo colocado. Abaixo do troféu, o francês Bryan Coquard (Cofidis), terceiro colocado. |
No dia 17, o mundo do ciclismo estava em alvoroço com a chegada da primeira Clássica Monumento do calendário. O Tour de Flandres, também conhecido como Ronde Van Vlaanderen ou a Mais Jovem, passa por difíceis trechos de pavê e muros duríssimos, como o Muur-Kapelmuur, que tem 12% de inclinação e precede a chegada. Desta forma, os ciclistas de clássicas levam vantagem aqui.
A prova já tem um nível de dificuldade altíssimo. Mas as coisas ficaram piores com o calor inclemente que fez durante a corrida inteira, sem uma nuvem para dar um refresco. Mesmo assim, os ciclistas deram o máximo de si, na melhor prova do ano até aqui. Como esperado em uma clássica, as tentativas de ataque foram muitas, mas o ritmo era elevadíssimo e, com isso, ninguém conseguia se distanciar. Na chegada ao Muur-Kapelmuur, a prova estava dividida em três grupos numerosos, sendo que os dois primeiros estavam bem próximos. Tudo indicava uma chegada eletrizante em sprint, mas na saída do último muro, Fernando Gaviria arriscou um ataque, não foi mais incomodado e venceu com sobras, seu segundo título no ano (o segundo em clássicas), o terceiro em Clássicas Monumento (venceu a Liege-Bastogne-Liege em 2019 e a Paris Roubaix em 2020) e o décimo na LMC. É a segunda clássica do ano e a segunda que o colombiano da Quickstep fatura.
Na emocionante disputa pelas posições seguintes, o norte americano Lance Armstrong (USPS) ficou em segundo e o brasileiro Rafael Andriato (Imperatriz) foi o terceiro. O único abandono nesta corrida excelente foi de Damiano Cunego.
Após a primeira Clássica Monumento de 2024, Frank Schleck segue na liderança do ranking, com 68 pontos.
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| O pódio do Tour de Flandres 2024, personalizado para as Clássicas Monumento. No alto, com o troféu de vencedor, o colombiano Fernando Gaviria (Quickstep). Abaixo dele, o norte americano Lance Armstrong (USPS), segundo colocado. Abaixo do troféu, o brasileiro Rafael Andriato (Imperatriz), terceiro colocado. |
Ainda no dia 17, os ciclistas independentes alinharam no mesmo lugar que os do calendário para a disputa do Tour de Flandres Espoirs, também conhecida como Ronde Vlaanderen Beloften. A “Monumentinho” do circuito independente é mais curta do que a Monumento, mas também passa por trechos de pavê e dois muros, além da chegada em sprint.
O grupo se dividiu em dois desde o início: aqueles que queriam disputar a vitória tentavam ataques e contra ataques, enquanto o segundo grupo apenas pedalava para completar, sofrendo com as condições adversas. No grupo escapado, a Jumbo Visma fazia uma excelente estratégia virar realidade, com os ciclistas se revezando nos ataques e no trabalho de manter o ritmo elevado. Mas outros quatro ciclistas também se esforçaram para frustrar este plano e os seis superaram o Muur-Kapelmuur juntos, indicando uma massiva chegada em sprint.
Neste momento, se destaca quem é sprinter. Daquele grupo, o irlandês Sam Bennet (Bora) é quem tinha essas características e as fez valer, acelerando forte para vencer pela primeira vez na LMC. Em segundo chegou o belga Woult Van Aert e, em terceiro, o dinamarquês Jonas Vingegaard, formando a dobradinha da Jumbo Visma. A prova teve um excelente nível e ninguém abandonou.
Após o Tour de Flandres Espoirs, Vinícius Rangel é o novo líder do ranking independente, com 22 pontos.
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| O pódio do Tour de Flandres Espoirs. Erguido pelos ciclistas da Jumbo Visma por conta de sua primeira vitória, o irlandês Sam Bennet (Bora) comemora com o troféu. À sua direita, o belga Woult Van Aert, segundo colocado. À sua esquerda, o dinamarquês Jonas Vingegaard, terceiro colocado. |
Na segunda-feira, 18, se iniciava uma das mais tradicionais provas por etapas de todo o ciclismo. Cortando a Itália de lado a lado ao sul da Ilha de Elba, o Tirreno Adriático começa na costa do Mar Tirreno e finaliza na do Mar Adriático e, por isso, é conhecida como a Corrida Entre Dois Mares. Com montanhas em todas as etapas, é mais voltada para os montanhistas do que para os ciclistas por etapas. O cobiçado Tridente de Ouro está em disputa!
A cronoescalada de abertura foi disputada em um dia de céu azul e temperatura elevada. Por este motivo e pela difícil subida da parte final, os ciclistas não se esforçaram, entregando um espetáculo pobre e com uma nota de corte alta. Ao final, a vitória coube ao belga Greg Van Avermaet (CCC). O francês Romain Bardet (AG2R), vencedor desta etapa em 2021 e 2022, ficou com a segunda posição. Em terceiro, para delírio da torcida local, chegou o italiano Damiano Cunego (Lampre). A celebração italiana foi maior ainda com o quinto lugar de Filippo Pozzato e o sexto de Fabio Aru.
Na quinta etapa, tivemos a primeira candidata a performance do ano. Com um desempenho avassalador nas montanhas, o espanhol Alejandro Valverde (Caja Rural) não deu chances aos adversários e venceu a corrida com 102 pontos de esforço, uma média de 17 por perna, na mesma etapa onde fora terceiro em 2022.
No dia 30, sábado, todos os 40 ciclistas largaram para a última etapa do Tirreno Adriático 2024, com 5 deles ainda com chances de título. Uma etapa com duas subidas (em 9 e 7%), chegada em sprint e apenas uma meta volante decidiria quem levaria o cobiçado tridente de ouro para casa, em um dia nublado, com trechos de sol e outros em chuva (principalmente nas montanhas).
A sexta etapa foi a antítese do que foi o Tirreno Adriático. Cansados por várias etapas passando por montanhas duras em ritmo alto, os ciclistas pareciam não ter pernas para se esforçar mais e, além do festival de quedas, tivemos os dois únicos abandonos da competição (Fabian Cancellara e Oscar Freire), além do TCB sendo acionado e absolvendo Chris Froome, Thibaut Pinot e Francisco Chamorro da queda de Alberto Contador.
Mas tivemos emoção também. Andy Schleck atacou na última montanha, abriu uma boa vantagem e fez de tudo para conquistar sua primeira vitória aqui (fora segundo na segunda etapa), mas a chegada era em sprint e ele viu um foguete chamado Marcel Kittel se aproximando. Com uma velocidade incrível, o alemão da Katusha conseguiu ultrapassar o luxemburguês da Saxo Bank na linha de chegada. Campeão em 2023 tanto no geral quanto na montanha, Kittel venceu aqui pela primeira vez, deixando Andy Schleck na segunda posição. Polêmicas e absolvições à parte, o inglês Chris Froome (Sky) conseguiu superar os demais e terminou na terceira posição.
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| O pódio da sexta etapa. No alto, com o troféu de vencedor, o alemão Marcel Kittel (Katusha). Abaixo dele, o luxemburguês Andy Schleck (Saxo Bank), segundo colocado. Abaixo do troféu, o inglês Chris Froome (Sky), terceiro colocado. |
Ao fazer a performance do ano até aqui, na quinta etapa, o espanhol Alejandro Valverde (Caja Rural) fez uma corrida segura, pois só precisava cruzar a linha de chegada para ser campeão de montanha e foi exatamente o que fez, na trigésima quinta posição. Este foi seu primeiro título no ano, o quarto na LMC e seu segundo de montanha.
Mas quem teve motivos de sobra para comemorar foi o italiano Vincenzo Nibali (Astana), que lutou contra a fadiga, andou sempre em grupeto e chegou em trigésimo terceiro lugar para celebrar a conquista do Tirreno Adriático 2024 em casa. Foi seu primeiro título no ano e o nono na LMC. Nibali brilhou ao vencer a segunda etapa e chegar em segundo na terceira, além de saber buscar pontos em metas volante que lhe deram a maglia azzurra na segunda etapa para não largar mais. Dos que poderiam levar o título, somente o francês Thibaut Pinot (Française De Jeux) fez algum esforço, mas teria que chegar em segundo e só conseguiu a quinta posição. Desta forma, Vincenzo Nibali é o primeiro italiano campeão do Tirreno Adriático.
O nível das competições está aumentando e isso é um fator positivo. Após o Tirreno Adriático, Frank Schleck segue na liderança do ranking, com 77 pontos.
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| O pódio do Tirreno Adriático 2023. No alto, com o tridente de ouro, o italiano Vincenzo Nibali (Astana). Abaixo dele, Thibaut Pinot (FDJ) e Romain Bardet (AG2R), ambos franceses e empatados em segundo lugar. Abaixo do troféu, o espanhol Alejandro Valverde (Caja Rural), terceiro colocado e com o troféu de campeão de montanha. |
NOTAS RÁPIDAS
- Março se encerra com 5 provas disputadas, duas a menos que o mês anterior. Isso se deu por conta de alguns problemas de calendário, que tiravam os ciclistas das ruas por uma semana inteira e obrigavam a "correr atrás" nos finais de semana.
- Foram 5 abandonos no somatório das provas, média de 1 por prova. Uma queda excelente com relação a fevereiro, que teve 12 abandonos em 7 competições, uma média de quase 2 por prova.
- A esperança de podermos retomar as provas durante a semana é grande. Isso trará muito mais qualidade e, quem sabe, a primeira das 3 Grandes Voltas ainda este mês!
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