terça-feira, 1 de maio de 2018

Copa Olé 2018 - Final - 01/05/2018

Terça-feira, primeiro de maio, feriado do dia do trabalho. Céu azul, temperatura agradável e Itaquá Dome lotado. Ingredientes perfeitos para a grande final da Copa Olé 2018.

Campeão em 2011, o Boca quer a segunda conquista. Após o vexame em 2017, quando foi a primeira equipe argentina argolada a não se classificar para playoff em ligas (tanto no Apertura quanto no Clausura), o Boca mudou o treinador e trouxe um especialista em Copa Olé. Bicampeão com o Velez (2014 e 2016), Tripa Seca ainda tenta dar uma cara à equipe, mas definiu um provisório sistema de contra ataque para vencer os três jogos e levantar o troféu. Após estrear vencendo o Velez (2x1), passou pelo San Lorenzo (3x1) nas semifinais e mostrou estar em ascensão.

O Boca foi a campo com 1. Abbondanzieri; 4. Ibarra, 2. Escudero, 6. Schiavi, 3. Arruabarrena; 5. Serna (c), 8. Cagna, 11. Basualdo, 10. Riquelme; 19. Palacio e 9. Palermo. O treinador, Tripa Seca, auxiliado por Buchanan's Special Reserve 7, tinha no banco de reservas 7. Viatri, 12. Battaglia e 13. Guillermo Barros Schelloto.

Campeão em 2012, o Independiente também busca sua segunda conquista. Nos últimos anos, a história se repete. A equipe de Avellaneda entra como favorita, perde logo de cara, faz um campeonato morno, consegue a vaga nos playoffs e cai logo nas semifinais, terminando com um terceiro ou quarto lugar que não empolga o público. Há dois anos, o Independiente busca um armador para fazer sombra a Gracián e, com a chegada de Mauro Burruchaga, o torcedor voltou a se empolgar e acreditar em título. A estreia na Copa Olé foi no Clássico de Avellaneda, contra o Racing, quando empatou em 1x1 e venceu nos pênaltis (5x4). Nas semifinais, bateu o favorito Estudiantes (3x1). Agora, chega à final com os torcedores esperançosos de que Burruchaga volte a desequilibrar. Além disso, se Silvera anotar um hat trick, chegará aos 100 gols com a camisa vermelha.

O Independiente foi a campo com 1. Navarro; 2. Vella, 4. Matheu, 6. Tuzzio (c), 3. Mareque; 5. Montenegro, 8. Fredes, 7. Busse, 19. Gracián; 17. Facundo Parra e 11. Nestor Silvera. O técnico, Bayer, auxiliado por Madrepérola B, tinha no banco de reservas 9. Gandin, 10. Mauro Burruchaga e 12. Acevedo.

E foi com estes ingredientes que as duas equipes entraram em campo, rumo ao título da Copa Olé 2018. O Itaquá Dome lotado saudou os atletas e aguardou o apito inicial de Chico Lírio, para mais um grande espetáculo.

Equipes em campo, a saída pertencia ao Boca.

BOCA JUNIORS 3x3 INDEPENDIENTE

Pois bastou o apito inicial para a emoção começar. Com apenas 40 segundos de jogo, o Boca já abriu o marcador. Riquelme, Basualdo e Ibarra deram a saída fazendo a jogada conhecida como 'figura 8', que terminou com Ibarra rolando dentro da área para Riquelme. Navarro saiu do gol e abafou a jogada, mas o rebote caiu aos pés de Palacio, que rolou para Basualdo empurrar para o gol vazio e fazer Boca 1x0.

O início de jogo arrasador do Boca era claramente uma jogada ensaiada por Tripa Seca e se provou um duro golpe para o Independiente. A equipe precisava lutar pela igualdade e sabia que o adversário jogaria nos contra ataques. Mas a equipe de Avellaneda mostrou uma organização ímpar entre todos os setores e, aos poucos, foi reequilibrando as ações.

Aos 4 minutos, após Palacio chutar torto uma jogada de ataque, Navarro repôs o tiro de meta no meio para Gracián. O camisa 19 trouxe para a meia esquerda, avançou até a intermediária e deu lindo passe em profundidade para Silvera. O camisa 11 recebeu dentro da área, trouxe para o pé direito e chutou na saída de Abbondanzieri, fazendo Independiente 1x1.

O jogo era de altíssimo nível. As duas equipes atacavam com inteligência e os goleiros faziam verdadeiros milagres para impedir os gols. Um toma lá dá cá eletrizante se instalou no gramado do Itaquá Dome, com o Independiente mais organizado e o Boca, mais na base da empolgação, mas conseguindo chegar lá da mesma forma.

Melhor para o time mais organizado, que tinha Gracián se movendo pelo meio de campo e chegando ao ataque. Aos 7 minutos, Facundo Parra desarmou Basualdo e tocou a Gracián no meio. Com um drible de corpo, o camisa 19 se livrou de Serna e trouxe o jogo para a meia esquerda, abrindo na ponta para Silvera. O camisa 11 driblou Escudero, invadiu a área pela lateral e chutou cruzado para vencer Abbondanzieri, virando o jogo para sua equipe: Independiente 2x1.

O jogo continuou espetacular, mas o Boca pecava nas finalizações. Algumas, bem tortas, não ofereciam perigo nenhum ao gol de Navarro e ainda davam ao adversário a oportunidade de se organizar em tiro de meta. E foi assim que, nos acréscimos, a equipe de Avellaneda chegou ao terceiro gol. Navarro cobrou o tiro de meta para Gracián no meio e o camisa 19 recuou a Busse na esquerda. O camisa 7 inverteu para Fredes na direita e o camisa 8 fez lindo passe em profundidade para Facundo Parra. Dentro da área, o camisa 17 só teve que chutar na saída de Abbondanzieri e comemorar uma vantagem importantíssima: Independiente 3x1.

No intervalo, Tripa Seca se deparou com uma situação quase impossível. A equipe que jogava nos contra ataques, agora, tinha que ditar o ritmo do jogo e se impor se quisesse buscar a igualdade. Assim, ele resolveu ousar. Tirou Cagna e Palermo (que, inexplicavelmente, não fez nada) e colocou Schelloto e Viatri. O camisa 13, atacante acostumado a jogar na armação, deveria atuar como volante, visando dar mais opções ofensivas ao time. Já Bayer, feliz com o resultado e a exibição, tinha como preocupação os ataques do Boca pelo seu lado esquerdo. Por esse motivo, colocou Acevedo no lugar de Busse, que jogava bem. Além disso, fez uma mudança que parecia incoerente, mas que levantou o público. Tirou Gracián, que era um dos melhores em campo, para colocar Mauro Burruchaga.

Gol no início do primeiro tempo, gol no início do segundo. Tripa Seca organizou nova jogada ensaiada na saída de bola, uma mistura de 'toca y me voy' com 'figura 8'. Riquelme iniciou a figura 8 com Schelloto, que tocou a Basualdo. Ao invés de correr para a direita e completar a jogada, Schelloto foi para o lado esquerdo, onde o camisa 11 lhe devolveu a bola. Surpreendendo a marcação, Schelloto recebeu com Montenegro à frente, se livrou da marcação do adversário e, da entrada da área, mandou de pé esquerdo e fez Boca 2x3 aos 30 segundos.

O gol era como gasolina no incêndio. A partida pegou fogo de vez com o Boca buscando o empate e o Independiente tentando se segurar. Burruchaga voltou a entrar bem, se movimentou bastante e deu muito trabalho a Basualdo. Schelloto armava o jogo e deixava Riquelme mais próximo dos atacantes, mas teve que recuar e ajudar a marcar o camisa 10 adversário.

E o jogo foi nessa emoção intensa até os 8 minutos, quando Schelloto interceptou bola que ia para Burruchaga e tocou a Arruabarrena na esquerda. O camisa 3 fez ótimo lançamento para Riquelme no meio e, próximo à meia lua, o camisa 10 acertou lindo chute e venceu Navarro, fazendo Boca 3x3.

Silvera ainda teve a chance do hat trick e do centésimo gol, mas Abbondanzieri operou um milagre. Viatri teve a última chance do jogo, mas outro milagre foi operado, desta vez por Navarro. Assim, o campeão da Copa Olé sairia nos pênaltis!

O sorteio definiu que o Independiente bateria primeiro, cobrança que Silvera desperdiçaria...

Na primeira cobrança, Silvera mandou na trave direita de Abbondanzieri; Riquelme acertou o ângulo de Navarro e fez Boca 1x0. Na sequência seguinte, Facundo Parra acertou o canto de Abbondanzieri; Viatri acertou a trave esquerda de Navarro, mantendo a disputa em 1x1. Nas difíceis cobranças do meio, Tuzzio converteu para o Independiente; Navarro voou no canto esquerdo para pegar a cobrança de Palacio, deixando o Independiente com 2x1. Na quarta série de cobranças, Burruchaga cobrou bem no canto direito de Abbondanzieri e jogou a pressão para o lado do Boca, mas Schelloto acertou o ângulo direito de Navarro e descontou: Boca 2x3. Assim, se Montenegro convertesse, não seria necessária a cobrança de Basualdo, pois o Independiente já seria campeão. A cobrança do camisa 5 foi no canto esquerdo de Abbondanzieri, à meia altura. O goleiro se esticou todo, mas não conseguiu alcançar a bola. Final nos pênaltis: Boca 2x4 Independiente.

INDEPENDIENTE CAMPEÃO DA COPA OLÉ 2018

A conquista veio para selar uma reviravolta na estrutura do Independiente. Parece incrível, mas bastou um único reforço para mudar o ambiente, fazer os jogadores trabalharem mais e trazer os torcedores para junto do time novamente. Foram 3 jogos intensos, onde a equipe mostrou maturidade e forte consciência tática para superar os rivais e voltar a erguer um troféu depois de 6 anos. De quebra, o Independiente garantiu vaga na Supercopa FIFUBO no final do ano, onde o Imperatriz já está (como campeão da Copa Rio) e, ao que tudo indica, o Vasco herdará a vaga do Apertura, por ter conquistado a Copa 3 Corações.

PREMIAÇÃO

Por ser um torneio curto (apenas 7 jogos), a Copa Olé não entrega prêmios ao melhor ataque, melhor defesa e melhor jogador, como ocorre nas ligas. Os prêmios são apenas o troféu de campeão e o prêmio de artilheiro. Mesmo assim, foram 33 gols marcados em 7 jogos, o que dá uma média aproximada de 4,7 gols por jogo. Curiosamente, os dois artilheiros do certame, marcaram 4 gols cada. Foram eles Leandro Romagnoli (San Lorenzo) e Nestor Silvera (Independiente.

Leandro Romagnoli e Nestor Silvera são parabenizados pelo presidente do grupo Olé, Mario Jorge Trasmonte, pela conquista do prêmio de artilharia do torneio.

O Boca amarga o bi-vice campeonato da Copa Olé, já que chegou à final em 2017 e também perdeu, só que naquela ocasião foi para o River. A boa campanha da equipe com o novo treinador mostra que há espaço para recuperação, mesmo com mais uma final perdida. O time não conquista um título desde o Apertura 2014 e, agora, tem tempo para prepara uma cara para o Clausura 2018.

Jogadores e comissão técnica do Boca Juniors posam após receberem a medalha de prata pelo vice campeonato da Copa Olé 2018.
"É um duro golpe. Em pouco tempo, conseguimos montar um esquema para a competição e nos dedicamos muito para estes três jogos. Ir para o intervalo com uma desvantagem de dois gols é ruim, mas é muito pior tirar essa desvantagem e cair nos pênaltis. Mesmo assim, mostramos que podemos disputar títulos. É só ter um pouco de boa vontade e dedicação total" - Tripa Seca, treinador do Boca Juniors.

O Independiente celebra sua conquista e vê nascer um novo ídolo. Mauro Burruchaga saiu de campo nos braços da torcida, mas outros jogadores também foram celebrados, como Nestor Silvera, que terminou a competição como artilheiro, e Hilário Navarro, que foi uma verdadeira muralha.

"Quando especularam meu nome, fiquei honrado. Depois, fiquei meio preocupado, pois jogavam nas minhas costas a responsabilidade de reerguer um clube de tanta tradição, mas aceitei de boa. Meu pai fez história aqui e eu queria o mesmo. Não posso dizer ainda que já fiz, mas sim que este é o começo de minha história no Independiente" - Mauro Burruchaga, camisa 10 do Independiente.
O presidente da FIFUBO, Batistuta, entrega o troféu da Copa Olé ao capitão do Independiente, Eduardo Tuzzio.
"É inegável o impacto de Burruchaga na equipe, mas o Independiente não é só ele. Os jogadores abraçaram o projeto, sabiam da importância de conquistar a Copa Olé e sabem que o trabalho está só no início, para voarmos mais alto e conquistarmos outros títulos" - Bayer, treinador do Independiente.
NOTAS RÁPIDAS

  • O milestone da rodada vai para Guillermo Barros Schelloto. Ao descontar no início do segundo tempo, ele chegou a 40 gols na carreira, mas não tem muitos motivos para comemorar...
  • A próxima competição é a Copa do Mundo de Futibou. A partir de agora, até o início da competição (em meados de junho), as seleções farão partidas amistosas, treinamentos, o apronto final para a maior competição entre seleções do mundo!
  • A FIFUBO está editando regras e deve baixar mais dois atos normativos. Um deles, relativo às cobranças de falta, instituirá uma zona onde tais cobranças poderão ser feitas diretamente a gol. O outro, relativo às disputas de pênalti, delimitará os locais onde ficarão os atletas e repórteres.
Jogadores e comissão técnica do Independiente posam com a taça da Copa Olé 2018. Parabéns ao Independiente pela conquista!