sábado, 24 de setembro de 2022

Vuelta a España 2022 - 24/09/2022

Na semana seguinte à celebração do Bicentenário da Independência do Brasil, começava a Vuelta a España 2022. Conhecida por ter subidas em todas as etapas, exceto na última, a Vuelta é uma prova para os corredores por etapas, mas os montanhistas podem se destacar aqui também. Vamos conferir, etapa a etapa, quem levou a última das 3 Grandes Voltas do ano!

Hora da disputa da Vuelta a España!

1ª Etapa

No dia 09 de setembro de 2021, uma crono escalada dava início à Vuelta a España, a última das três Grandes Voltas do ciclismo mundial. O trecho era plano até a metade e, dali em diante, se inclinava bem.


A prova foi disputada em um dia de muito calor e pouco vento, um sofrimento maior para os ciclistas. Foi uma etapa de bom nível, com a nota de corte ficando baixa e pouquíssimas decepções.

A grande surpresa foi a vitória do brasileiro Rafael Andriato (Imperatriz), com o francês Sylvain Chavanel (Quickstep) em segundo e a primeira alegria para os espanhóis com Alberto Contador (Astana) em terceiro. Além disso, os locais ficaram felizes ao ver Oscar Pereiro Sio na zona de pontuação, em sexto.

Com a vitória, Rafael Andriato é o primeiro a vestir a camisa vermelha.

O pódio da primeira etapa. No alto, o brasileiro Rafael Andriato (Imperatriz), com o troféu de vencedor. Abaixo dele, o francês Sylvain Chavanel (Quickstep), segundo colocado. Abaixo do troféu, o espanhol Alberto Contador (Astana), terceiro colocado.

2ª Etapa

A primeira corrida de linha da Vuelta não tinha meta volante. Uma etapa quase plana (com exceção de uma subida de 5% após a metade da prova), com chegada em sprint, em um dia frio e nublado.


O nível da prova poderia ser bom, não fossem as inúmeras quedas ao longo do percurso. Vários ciclistas caíram, muitos correram com dores e Oscar Pereiro Sio foi o que mais sofreu. Por esse motivo, o pelotão se viu prejudicado e, em ritmo diminuto, viu uma fuga ser formada logo no início e ganhar corpo. Apesar dos esforços do pelotão na parte final, a vitória ficou mesmo com os escapados.


Vencedor desta etapa em 2020, Chris Froome acelerou forte e saiu na “fuga de la fuga”, mas perdeu força após a única montanha do dia e viu dois foguetes passarem. Na emocionante disputa final, a vitória ficou com o italiano Damiano Cunego (Lampre), deixando o francês Julian Alaphilippe (Quickstep) em segundo. Ao inglês da Sky restou o terceiro lugar.


Com isso, Damiano Cunego e Rafael Andriato dividem a camisa vermelha. Apesar das várias quedas, ninguém abandonou a etapa.

O pódio da segunda etapa. No alto, com o troféu de vencedor, o italiano Damiano Cunego (Lampre). Abaixo dele, o francês Julian Alaphilippe (Quickstep), segundo colocado. Abaixo do troféu, o inglês Chris Froome (Sky), terceiro colocado.

3ª Etapa
Etapa plana no início, com a primeira meta volante da Vuelta, uma subida de 5% após a metade da prova e chegada em sprint. O dia estava frio e nublado, com muito vento,  possibilidade de abanicos durante o percurso e um grande acidente que levou vários ciclistas ao chão.

Realmente, os ventos fortes provocaram abanicos desde o início, favorecendo a fuga que, novamente, ficou com a vitória. Como já dito várias vezes ao longo da História da LMC, nada melhor que uma Grande Volta para escrever as mais belas histórias.

Quem arrancou na montanha e abriu vantagem foi o alemão André Greipel (Lotto Belisol). A maior streak da Liga já era uma grande lenda e caiu aqui, quando ele saiu do terreno inclinado com excelente vantagem para os demais, administrou e derrubou um jejum de vitórias que vinha desde a Fleche Wallone de 2020. Sua vitória emocionou todos os presentes. Na disputa pelo segundo lugar, quem levou a melhor foi o belga Tom Boonen (Quickstep). Em terceiro veio o luxemburguês Frank Schleck (Saxo Bank).

A emocionante vitória de André Greipel (o único em todo o circuito que não havia vencido no ano) provocou um triplo empate na camisa vermelha. Ao final desta etapa, Damiano Cunego, André Greipel e Rafael Andriato lideram a competição que viu seu primeiro abandono, com Fernando Gaviria.

O emocionante pódio da terceira etapa. O alemão André Greipel (Lotto Belisol), vencedor, é erguido pelo belga Tom Boonen (Quickstep), segundo colocado, e pelo luxemburguês Frank Schleck (Saxo Bank), terceiro colocado.

4ª Etapa
A quarta etapa trazia duas subidas, com 5% de inclinação na primeira e 6% na segunda. Mas era bem tranquila na maior parte e teria chegada em sprint, além de farta distribuição de pontos. O dia, nublado e de temperatura agradável, foi um grande refresco para os atletas.

Foi uma prova de alto nível, com os ciclistas se esforçando desde o início. Houve tentativas de fuga, mas o pelotão estava organizado e sempre por perto para caçar os escapados. Na última montanha, no entanto, um ciclista arrancou e não foi mais alcançado. O italiano Damiano Cunego (Lampre) manteve um ótimo ritmo, administrou bem e venceu, apesar dos esforços do vencedor desta etapa em 2021, o belga Greg Van Avermaet (CCC), que sprintou forte, mas só conseguiu o segundo lugar. Em terceiro ficou o luxemburguês Frank Schleck (Saxo Bank).

A vitória de Cunego, sua segunda nesta Vuelta, o fez se isolar com a camisa vermelha de líder. O ponto fraco desta etapa foram os dois abandonos, sendo um de extremo desgosto para os torcedores locais. Oscar Pereiro Sio foi o primeiro espanhol a deixar a Vuelta, acompanhado por Thibaut Pinot.

O pódio da quarta etapa. No alto, o italiano Damiano Cunego (Lampre), com o troféu de vencedor. Abaixo dele, o belga Greg Van Avermaet (CCC), segundo colocado. Abaixo do troféu, o luxemburguês Frank Schleck (Saxo Bank), terceiro colocado.

5ª Etapa
Uma etapa quase toda plana, com apenas uma inclinação de 7% antes da chegada em sprint. A prova foi disputada em um dia frio, com ameaça constante de chuva e muito vento, o que favorecia os abanicos.

Os ciclistas que começaram em um ritmo lento viram o pelotão ir embora e, com os ventos fortes, não conseguiram reduzir a diferença. Os abanicos foram vistos ao longo da etapa, mesmo com o bom nível visto nesta corrida. Mas o que ofuscou qualquer outra coisa nesta prova foi Tom Boonen. O belga da Quickstep saiu em fuga logo no início, manteve o ritmo fortíssimo, aproveitou-se dos abanicos e venceu com uma sobra enorme, candidata a performance do ano, com um esforço total de 102.

Aos demais, restou a disputa pelo segundo lugar. E quem levou a melhor foi o americano Lance Armstrong (USPS), que deixou Philippe Gilbert (Lotto Belisol) na terceira posição (repetindo o lugar conquistado na mesma etapa em 2020) e provocou a dobradinha belga no pódio, a primeira desta Vuelta.

A vitória na etapa e nas metas volante fizeram com que Tom Boonen vestisse a camisa vermelha, em uma etapa sem abandonos.

O pódio da quinta etapa. No alto, Tom Boonen (Quickstep), com o troféu de vencedor. Abaixo dele, o norte americano Lance Armstrong (USPS), segundo colocado. Abaixo do troféu, Philippe Gilbert (Lotto Belisol), terceiro colocado, completando a dobradinha belga no pódio.

6ª Etapa
A última etapa antes das montanhas já começava a trazer alguma subida, para os ciclistas se aclimatarem ao que estava por vir. Ambas no final da prova, com 8 e 5% de inclinação, iriam separar os ciclistas antes da chegada em sprint. Para piorar, choveu, ventou e fez frio durante a prova inteira.

A etapa que marcou a metade da Vuelta foi, até aqui, a melhor de todas. Muitas tentativas de fuga e um pelotão organizado sempre por perto, para buscar os escapados. Houve uma divisão de grupos somente nas montanhas e, mesmo assim, todos estavam próximos para uma chegada espetacular em sprint.

E foi com emoção de sobra que o belga Greg Van Avermaet (CCC) superou uma queda no início e os demais concorrentes para vencer no sprint, com o norte americano Lance Armstrong (USPS) em segundo e o argentino Francisco Chamorro (Credite Agricole) em terceiro.

Com muitos pontos em metas volante e variação na distribuição dos mesmos, a competição ficou emocionante, mas Tom Boonen se manteve com a camisa vermelha, em uma etapa sem abandonos.

O pódio da sexta etapa. No alto, o belga Greg Van Avermaet (CCC), com o troféu de vencedor. Abaixo dele, o norte americano Lance Armstrong (USPS), segundo colocado. Abaixo do troféu, o argentino Francisco Chamorro (Credite Agricole), terceiro colocado.

7ª Etapa
A segunda metade da Vuelta trouxe as etapas de montanha, começando com uma corrida um pouco mais tranquila. As subidas ficavam entre 5 e 7%, sendo o período mais difícil o de Puerto de Portillo de las Batuecas, antes da metade da prova. Depois disso, ficava em 5 e 6% até a chegada, no Alto de la Covatilla, com 8% de inclinação. Mas ia ser um dia difícil para os ciclistas, devido à chuva forte que caiu durante toda a prova e ao frio implacável.

As quedas são mais frequentes em dias chuvosos. O temporal que desabou durante toda a etapa, mais o vento e o terreno inclinado, causou muitas caídas durante toda a prova, prejudicando o andamento dos atletas. Mas foi bem parecido com o que se vê em uma etapa de montanha, com uma fuga saindo logo, ataques vindos de trás e um pelotão lutando mais atrás. Quem dava show era Julian Alaphilippe, que vinha para vencer com sobras, mas caiu justamente no Alto de la Covatilla, saindo da primeira para a sexta posição. O TCB não viu irregularidade nenhuma e decidiu não punir ninguém, por isso, a classificação final foi mantida.

E esta não poderia ser melhor para os torcedores locais, já que Oscar Freire surpreendeu. O ciclista da Rabobank manteve-se protegido no grupo escapado e, com um incrível “sprint para cima” deu à Espanha sua primeira vitória nesta Vuelta. Em segundo chegou Philippe Gilbert (Lotto Belisol) e, em terceiro, Remco Evenepoel (Quickstep), em mais uma dobradinha belga no pódio.

Alegria espanhola com a vitória de Freire, decepção suprema com Alberto Contador. O outro favorito local para vencer a Vuelta se envolveu em um grande acidente logo no início e abandonou a competição.

Tom Boonen sofreu muito na etapa, chegou em 31º, mas conseguiu manter a camisa vermelha. A camisa branca de bolinhas azuis foi dividida entre Oscar Freire e Julian Alaphilippe.

O pódio da sétima etapa. No alto, o espanhol Oscar Freire (Rabobank), com o troféu de vencedor. Abaixo dele, Philippe Gilbert (Lotto Belisol), segundo colocado. Abaixo do troféu, Remco Evenepoel (Quickstep), terceiro colocado, fechando a dobradinha belga no pódio.

8ª Etapa
Ainda nas montanhas, os ciclistas encarariam uma etapa com inclinação entre 6 e 7%, até passarem pelo Puerto de la Rasa, com 8% de inclinação, onde as coisas ficariam piores até a chegada, no Alto de Moncalvillo, com 10% de inclinação. O sol finalmente apareceu, mas o dia ainda era frio.

Uma típica etapa de montanha foi vista aqui, com uma fuga formada logo no início, alguns grupos pequenos, o pelotão e o grupeto tentando a sobrevivência. Quem escapou logo cedo e imprimiu um ritmo fortíssimo foi Remco Evenepoel (Quickstep), que abriu uma vantagem tão grande que pôde até administrar no final. Apesar de 3 ciclistas terem chegado junto dele na linha de chegada, ninguém ameaçou sua vitória incontestável. Em segundo veio Philippe Gilbert (Lotto Belisol), formando mais uma dobradinha belga no pódio. Em terceiro, o francês Romain Bardet (AG2R).

Em uma etapa de bom nível e sem abandonos, Tom Boonen mantém a camisa vermelha. Mas a camisa branca de bolinhas azuis, agora, é de Remco Evenepoel.

O pódio da oitava etapa. No alto, o belga Remco Evenepoel (Quickstep), com o troféu de vencedor. Abaixo dele, o segundo colocado, Philippe Gilbert (Lotto Belisol), completando a dobradinha belga no pódio. Abaixo do troféu, o francês Romain Bardet (AG2R), terceiro colocado.

9ª Etapa
As montanhas iam piorando, com inclinação de 7 a 8% até a metade da prova, depois uma passagem pelo Alto de la Mozqueta, com 9% de inclinação e chegada ao Alto de L’Angliru, com 11% de inclinação. Um dia de sol entre nuvens, mas ainda muito frio, dava o clima de montanha para a etapa do dia.

A prova não teve um bom nível. Alguns ciclistas tentaram formar uma fuga, mas sem muita velocidade. O pelotão acompanhava a uma distância segura, mas na metade da prova, a Rabobank e a AG2R colocaram seus ciclistas para organizarem um grupo escapado de forma mais potente.

Mesmo assim, no final faltaram pernas e quem atacou (e surpreendeu) foi o brasileiro Rafael Andriato (Imperatriz), que voltou a vencer nesta Vuelta. Em segundo ficou o francês Romain Bardet (AG2R) e a terceira posição foi um suspense até o final.

O pelotão vinha atrás, disputando em ziguezague, quando houve um acidente. Fabian Cancellara foi ao chão, fazendo com que o ciclista que estava logo atrás (Julian Alaphilippe) também caísse. O TCB foi acionado e resolveu punir Alejandro Valverde (que estava ao lado de Cancellara) com a desclassificação da prova, levando-o da quinta para a última colocação, mas não puniu Michele Scarponi, que estava ao lado de Alaphilippe. Desta forma, o italiano da Lampre manteve a terceira posição e completou o pódio desta etapa.

Essa polêmica decisão do Tribunal, de punir o ciclista local e absolver Scarponi não pegou bem entre os torcedores, que vaiaram o italiano no pódio.

Com tanta confusão, os pontos foram bem diluídos, favorecendo os líderes. Tom Boonen se manteve com a camisa vermelha e Remco Evenepoel, com a branca de bolinhas azuis. O ponto triste da etapa foi o abandono de Chris Froome que, contundido, sequer largou.

O pódio da nona etapa. No alto, o brasileiro Rafael Andriato (Imperatriz), com o troféu de vencedor. Abaixo dele, o francês Romain Bardet (AG2R), segundo colocado. Abaixo do troféu, o italiano Michele Scarponi (Lampre), terceiro colocado.

10ª Etapa
A última etapa de montanha era a pior de todas. Chamada de Etapa Rainha, não tinha uma subida com menos de 9% de inclinação. Depois da metade (o único trecho plano), eles passariam pelo Alto de la Cobertoria (10%), Puerto de San Lorenzo (11%) e chegada no Alto de la Farrapona (12%), a pior subida desta Vuelta. O dia de céu azul e um pouco de frio dava um ótimo clima de montanha para esta etapa.

Esta prova rivaliza com a sexta etapa como a melhor da Vuelta, tamanha a emoção e o altíssimo nível dos ciclistas aqui. Como esta teria os últimos pontos de montanha da competição, os ciclistas que disputavam a camisa branca de bolinhas saíram forte no início e lutaram entre si pelos pontos. Entre eles, estava um ciclista que não tinha interesse na camisa de montanha, mas sim na de líder. E foi atacando no momento certo e abrindo vantagem nas últimas montanhas que o italiano Damiano Cunego (Lampre) conquistou sua terceira vitória nesta Vuelta, deixando o francês Julian Alaphilippe (Quickstep) em segundo e o belga Remco Evenepoel (Quickstep) em terceiro.

A emocionante prova não teve abandonos e, na disputa apertadíssima, Damiano Cunego volta a vestir a camisa vermelha. Já Remco Evenepoel sentenciou de vez a camisa branca de bolinhas azuis.

O pódio da décima etapa. No alto, o italiano Damiano Cunego (Lampre), com o troféu de vencedor. Abaixo dele, o francês Julian Alaphilippe (Quickstep), segundo colocado. Abaixo do troféu, o belga Remco Evenepoel, terceiro colocado, fechando a dobradinha da Quickstep.

11ª Etapa
Superadas as montanhas, era hora de voltar ao plano, em uma etapa com as últimas duas subidas da Vuelta, encadeadas e com apenas 5% de inclinação, além das duas últimas metas volantes da competição. A prova foi disputada em um dia frio, com o céu parcialmente nublado.

Foi uma etapa de nível técnico altíssimo. Os ciclistas se esforçaram de verdade, impuseram um ritmo muito bom e brindaram os torcedores com um espetáculo de primeira. Tudo isso até a linha de chegada. Uma decisão em sprint se avizinhando, os ciclistas se posicionando, tudo pronto para muita emoção até que ocorreu um final digno de comédia pastelão. Nada menos do que 3 acidentes ocorreram entre os ciclistas que vinham na frente, obrigando os que vinham atrás a diminuírem o passo e acabando com as chances de um grande sprint. O resultado final, uma histórica tripleta italiana, ficou suspenso até o TCB analisar as imagens e julgar os acidentes.

O Tribunal “carregou nas tintas” nos julgamentos e puniu os envolvidos em todas as quedas. Nos dois primeiros julgamentos, puniu Frank Schleck, Sylvain Chavanel e Filippo Pozzato com a perda de 5 pontos de esforço para a próxima etapa, mas o pior estava por vir. Analisando a queda de Greg Van Avermaet, decidiu-se pela culpa de Fabio Aru, o então vencedor da etapa. Pior, a sentença determinou a desclassificação de Aru da Vuelta, o que gerou uma grande revolta entre os presentes. O pódio, vaiado, teve clima de velório entre os próprios ciclistas, que não quiseram comemorar.

Desta forma, a vitória foi para Filippo Pozzato (Acqua & Sapone), com Vincenzo Nibali (Astana) em segundo, formando a dobradinha italiana no pódio. Muito vaiado, o belga Greg Van Avermaet (CCC) foi o terceiro colocado.

Ao final desta polêmica etapa, Damiano Cunego segue com a camisa vermelha e Remco Evenepoel, com a branca de bolinhas azuis.

O pódio da 11ª etapa, com dobradinha italiana. No alto, Filippo Pozzato (Acqua & Sapone), com o troféu de vencedor. Abaixo dele, Vincenzo Nibali (Astana), segundo colocado. Abaixo do troféu, o belga Greg Van Avermaet (CCC), terceiro colocado.

12ª Etapa
Sexta-feira, 23 de setembro de 2022. A chegada da primavera brindava com flores o final da Vuelta a España 2022. A última etapa seria um circuito dentro de Madrid, com 6 voltas e totalmente plano, preparando uma chegada em sprint, com grande festa para o encerramento da última das 3 Grandes Voltas do ciclismo mundial. O temporal que desabou durante a prova, com muito vento, parecia ser o de menos nesta data festiva.

O pelotão percorre as ruas de Madri, na última etapa da Vuelta a España 2022

Dos 34 ciclistas que chegaram até a última etapa, 5 ainda tinham chances de título, todos muito próximos na classificação. Além de torcer por outros resultados, Greg Van Avermaet seria campeão se vencesse a prova; Tom Boonen e Julian Alaphilippe podiam chegar até em terceiro; Remco Evenepoel podia até ser sexto; e Damiano Cunego tinha que torcer para nada disso acontecer.

O altíssimo nível da Vuelta a España não poderia ser diminuído em uma etapa sem brilho, então os ciclistas se esforçaram, imprimiram um ritmo fortíssimo e, como sempre, não faltou emoção. Até a metade, o pelotão andou junto, quando começaram alguns ataques. Um deles foi do argentino Francisco Chamorro (Credite Agricole), que partiu em fuga a solo e não foi mais incomodado, vencendo em mais uma candidata a performance do ano, com 107 pontos de esforço.

Outro que atacou foi o Remco Evenepoel. Nesse momento, acendeu um sinal de alerta em Damiano Cunego, que até então marcava os adversários no meio do pelotão. O então camisa vermelha até tentou acelerar, indo para a frente do grupo, mas o belga da Quickstep continuava acelerando até desaparecer de vista. Remco Evenepoel chegou em segundo lugar, muito à frente do norte americano Lance Armstrong (USPS), o terceiro colocado que havia sido segundo nesta mesma etapa, em 2019.

O pódio da décima segunda etapa. No alto, o argentino Francisco Chamorro (Credite Agricole), com o troféu de vencedor. Abaixo dele, o belga Remco Evenepoel (Quickstep), segundo colocado. Abaixo do troféu, o norte americano Lance Armstrong (USPS), terceiro colocado.

Dos demais postulantes ao título, Damiano Cunego se esforçou, mas ficou sem pernas e terminou em décimo terceiro; Tom Boonen foi o décimo primeiro; Julian Alaphilippe, o vigésimo quinto; mas quem se destacou mesmo foi Greg Van Avermaet, que chegou em quinto.

REMCO EVENEPOEL CAMPEÃO DA VUELTA A ESPANHA 2022

Remco foi perfeito nesta Vuelta. Com uma vitória, um segundo lugar e outro terceiro, soube esperar o momento certo para atacar e somar os pontos necessários para levar o título. Jamais se entregou e escreveu seu nome na História.

Curiosamente, ele só começou a aparecer a partir da segunda metade da Vuelta, quando chegaram as montanhas e os ataques se sucederam. Até por esse motivo, Remco Evenepoel conquistou também o título de montanha da competição.

O belga Remco Evenepoel (Quickstep) no pódio, com o troféu de campeão de montanha.

Remco Evenepoel repete o doblete de Chris Froome no Tour de France e conquistou tanto o título geral quanto o de montanha, dando um banho nos demais concorrentes. Os dois troféus conquistados aqui o levaram a 5 títulos na LMC, em uma temporada incrível que, além da sua primeira Grande Volta, também o levou ao título europeu.

Damiano Cunego foi outro grande destaque desta Vuelta. Com grandes exibições, o campeão de 2019 quase consegue um segundo título, mas lhe faltaram pernas justamente na última etapa, quando era o camisa vermelha.

Completaram o pódio, empatados em terceiro lugar, dois ciclistas da Quickstep. Tom Boonen e Julian Alaphilippe. Ambos fizeram uma Vuelta incrível, com Boonen vestindo a camisa vermelha da quinta à nona etapa, mas sofrendo muito nas montanhas e perdendo ali seu reinado.

O pódio final da Vuelta a España 2022. No centro, o belga Remco Evenepoel (Quickstep), com os troféus de campeão geral e de montanha. À sua direita, o italiano Damiano Cunego (Lampre), com o troféu de vice-campeão. À esquerda de Remco, o belga Tom Boonen e o francês Julian Alaphilippe (ambos da Quickstep), com o troféu de terceiro colocado.

NOTAS RÁPIDAS
  • Pode-se dizer que esta foi a Vuelta a Bélgica, tamanho o domínio dos ciclistas daquele país, como mostram as estatísticas.
  • Damiano Cunego foi o ciclista que mais venceu nesta Vuelta, 3 vezes;
  • Remco Evenepoel foi quem mais subiu ao pódio, 4 vezes;
  • No total, 9 ciclistas diferentes venceram e 19 foram ao pódio.
  • Entre equipes, 7 venceram, sendo a Lampre a que mais venceu (3 vezes)
  • No total, 13 equipes subiram ao pódio, sendo a Quickstep a que mais apareceu, 9 vezes.
  • Entre as nações, 6 venceram, sendo que a Itália foi quem mais venceu, 4 vezes.
  • No total, 10 diferentes países foram ao pódio, sendo que a Bélgica foi a que mais vezes apareceu, 12 vezes.
  • Tivemos 4 dobradinhas no pódio. Da Bélgica nas etapas 5, 7 e 8; e da Itália, na etapa 11.
  • A participação espanhola nesta Vuelta foi um tanto quanto decepcionante. Após começarem bem, com Alberto Contador conquistando o terceiro lugar na primeira etapa, só foram conquistar a única vitória (e voltar ao pódio) na etapa 7, com Oscar Freire. Para piorar, ainda tiveram a decepção de ver seus dois principais favoritos ao título, Oscar Pereiro Sio e Alberto Contador, abandonando a competição e deixando a Armada Espanhola sem comando.
  • Por falar em abandonos, foram 5 no total, um número maior do que o do ano passado (4).
  • O TCB teve uma atuação pra lá de controversa. Chamado algumas vezes para analisar algumas manobras, decidiu de forma polêmica em praticamente todas. Desclassificou um ciclista local (Alejandro Valverde) de uma etapa e tirou 5 pontos de esforço de 3 ciclistas justamente para a última etapa. Mas a pior de todas as decisões foi a eliminação de Fabio Aru da Vuelta, na décima primeira etapa, quando a Itália formaria uma inédita tripleta no pódio.
  • Não foram muitas as decepções dessa Vuelta. Podemos citar os abandonos de Oscar Pereiro Sio e Alberto Contador, além da péssima competição de Bradley Wiggins. Bicampeão da competição, o britânico lutava pelo tri seguido, mas acabou andando sempre na parte traseira do pelotão e jamais deu sinais de lutar por alguma coisa.
  • Após a competição, o ranking da LMC teve mudanças. O abandono de Alberto Contador o fez sair da liderança, agora ocupada por Julian Alaphilippe, com 142 pontos. O espanhol da Astana está em segundo, com 138 pontos e o campeão da Vuelta, Remco Evenepoel, tem 136.
A volta dos campeões desta Vuelta. Na frente, o campeão no geral e na montanha, Remco Evenepoel. Atrás dele, à esquerda, o vice-campeão, Damiano Cunego. À direita, o vencedor da última etapa, Francisco Chamorro. Atrás de todos, os dois terceiros colocados, Tom Boonen e Julian Alaphilippe.


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