quinta-feira, 1 de agosto de 2024

LMC - Julho - 01/08/2024

Julho chega ao fim com boas disputas no mundo do ciclismo. Então vamos ver como se deu o início do segundo semestre da LMC em 2024!
CRITERIUM DU DAUPHINÉ

O segundo semestre já começou com uma cronoescalada, dando início ao Criterium du Dauphiné, uma das últimas preparatórias para o Tour de France. Por esse motivo, a competição tem montanhas em todas as etapas, com inclinações entre 7 e 8% até a quarta etapa e o prêmio de montanha sendo disputado nas duas últimas, trazendo inclinações entre 8 e 12%. Isso significa que os títulos no geral e na montanha serão decididos na última etapa. É uma competição muito mais voltada para os escaladores, mas os corredores por etapas também têm chances.


A cronoescalada de abertura foi excelente. Os ciclistas se esforçaram ao máximo, apesar do tempo frio e chuvoso. E o espetáculo ficou completo com a vitória do francês Sylvain Chavanel (Quickstep), que fez a alegria da torcida local. Em segundo chegou o vencedor de 2021, o norueguês Thor Hushovd (Credite Agricole). Em terceiro, o segundo colocado de 2021, o inglês Mark Cavendish (T-Mobile).


No dia 07, os 34 ciclistas sobreviventes largaram para encarar montanhas duríssimas, na última etapa do Criterium du Dauphiné 2024. Com muitos pontos em metas volante em disputa, 11 ciclistas ainda tinham chance de título, mesmo número dos que podiam conquistar o prêmio de montanha.


A prova foi disputada em um dia de sol e calor, dificultando a vida de quem precisava subir. E foi de um nível técnico baixíssimo, onde não houve um vencedor, mas sim 37 perdedores. Foi um festival de quedas, ritmo baixo, pouca colaboração e emoção apenas no final, quando os seis primeiros disputaram a vitória, que coube ao argentino Francisco Chamorro (Credite Agricole), com o então bicampeão, o francês Romain Bardet (AG2R), na segunda posição, repetindo seu lugar no pódio nesta etapa em 2020. Em terceiro ficou o luxemburguês Frank Schleck (Saxo Bank).


Dos que disputavam o título, Vincenzo Nibali pontuou nas metas volante e vinha de sinhá para se sagrar campeão, mas decepcionou justo na linha de chegada, quando precisava apenas ficar entre os seis primeiros e acabou em nono lugar. Os demais também não tiveram forças nem gana para disputar. Assim, o campeão só precisou cruzar a linha de chegada em trigésimo quarto e último lugar para ficar com o título.

O pódio da sexta etapa. No alto, com o troféu de vencedor, o argentino Francisco Chamorro (Credite Agricole). Abaixo dele, o francês Romain Bardet (AG2R), segundo colocado. Abaixo do troféu, o luxemburguês Frank Schleck (Saxo Bank), terceiro colocado.

Antes de revelar o campeão, vamos destacar o italiano Damiano Cunego (Lampre), que brilhou nas duas últimas etapas e se sagrou campeão de montanha, seu primeiro título na temporada e o décimo na LMC. Curiosamente, é a primeira vez que ele ganha o prêmio específico para o seu estilo. Os outros nove títulos foram de classificação geral.


Voltando à disputa que interessa, o espanhol Oscar Freire (Rabobank) sofreu nas montanhas, teve muitas dificuldades, mas os demais postulantes não se esforçaram. Então foi só cruzar em último e aguardar a confirmação de seu título. Oscar Freire conquista o Criterium du Dauphiné e mostra que o ciclismo é mesmo o esporte da redenção. Após um longo período sendo o único ciclista de toda a LMC que não conseguia uma vitória, já triunfou três vezes no ano e conquistou seu segundo título na temporada, o terceiro em sua carreira na LMC.


De um modo geral, a competição foi sofrível. Ritmo baixo, muitas quedas e seis abandonos, uma média de um por etapa e recorde na atual temporada. Os franceses foram da euforia à decepção ao verem Sylvain Chavanel vencer a primeira etapa e abandonar a segunda e, logo depois, viram Thibaut Pinot também deixar a corrida. Esperavam o tricampeonato de Romain Bardet, mas viram o francês da AG2R ir ao pódio somente na última etapa, em segundo lugar. Apenas a quinta etapa trouxe alguma emoção, com os ciclistas se esforçando e disputando mesmo a vitória. Se isso é uma preparatória para o Tour de France, estamos preocupados com a forma como se desenrolará a segunda Grande Volta do ano.


Após o Criterium du Dauphiné, Frank Schleck segue na liderança do ranking, com 129 pontos.


O pódio do Criterium du Dauphiné 2024. No alto, com o troféu de campeão, o espanhol Oscar Freire (Rabobank). Abaixo dele, à esquerda, Vincenzo Nibali (Astana) e à direita, o inglês Bradley Wiggins (Sky), empatados com o vice-campeonato. Abaixo do troféu de campeão, com o troféu de campeão de montanha e finalizando a dobradinha italiana no pódio, Damiano Cunego (Lampre), terceiro colocado.

CLASSIQUE DE PLOUAY

Ainda no dia 7, os ciclistas independentes se encontraram no Noroeste da França para a Classique de Plouay, uma corrida repleta de montanhas com 8 a 11% de inclinação, sendo muito mais propícia aos escaladores do que a qualquer outro estilo.


Ao contrário do que ocorreu nos Alpes com os ciclistas do calendário, a prova no Noroeste foi de altíssimo nível. Ritmo elevado, jogo de equipe, estratégias apuradas e um final surpreendente. Egan Bernal e Woult Van Aert disputaram a última subida, com 10% de inclinação e vantagem para o estilo do colombiano, mas foi o belga da Jumbo Visma quem conseguiu uma arrancada surpreendente, vencendo e deixando o ciclista da Ineos com a segunda posição. A alguma distância, mas fazendo a festa do público, o francês Bryan Coquard (Cofidis) conseguiu a terceira posição, em uma boa prova sem abandonos.


Após a Classique de Plouay, Nairo Quintana permanece na liderança do ranking independente, com 73 pontos. A LMC dá uma pausa em suas competições e retorna no final do mês.

O pódio da Classique de Plouay 2024. No alto, com o troféu de vencedor, o belga Woult Van Aert (Jumbo Visma). Abaixo dele, o colombiano Egan Bernal (Ineos), segundo colocado. Abaixo do troféu, o francês Bryan Coquard (Cofidis), terceiro colocado.

TOUR DA SUÍÇA

De volta das férias, os ciclistas se encontraram na Suíça para o Tour local. Repleta de montanhas em todas as etapas, algumas leves e outras mais pesadas, a competição é a última preparatória para o Tour de France, com provas bem desenhadas para os ciclistas darem os últimos retoques antes da grande competição. Por este motivo, é voltada aos escaladores e aos ciclistas por etapas.


A cronoescalada de abertura, disputada no dia 23 em um dia ensolarado e de temperatura baixa, foi de um nível sofrível. Os ciclistas tiveram muitas dificuldades e mostraram que há alguma ferrugem a se tirar para o restante da temporada. A corrida terminou com vitória do francês Romain Bardet (AG2R), com o alemão André Greipel (Lotto Belisol) em segundo e o belga Remco Evenepoel (Quickstep) em terceiro. Greipel mostrou que gosta dessa cronoescalada. É a terceira vez que ele vai ao pódio, após a vitória em 2019 (sua primeira na LMC) e o terceiro em 2021.


O restante da competição acompanhou o contra relógio inicial, com os ciclistas se esforçando pouco e entregando um espetáculo pobre, mas também tivemos pontos positivos, como a vitória de Julian Alaphilippe fazendo a performance do ano até aqui (103 pontos no geral, média de 17,1), na mesma quinta etapa que havia ficado em terceiro em 2021.


Assim, 35 ciclistas chegaram à última etapa. Como os campeões do geral e de montanha seriam decididos aqui, muitos pontos seriam distribuídos ao longo da prova. Desta forma, 19 ciclistas ainda tinham chances de título. Disputada em um lindo dia de céu azul e temperatura agradável, a centésima prova da temporada tinha uma meta volante logo no início e outra, em sua metade. Após os pontos serem distribuídos e com as duas piores subidas por vir, o número de postulantes ao título caiu para 4. Mas, com 12% de inclinação na penúltima montanha, tudo podia acontecer.


Os ciclistas entregaram um espetáculo emocionante, que deixou os torcedores presentes e os que viram pelo televisor de cabelos em pé. Na última montanha, o holandês Bauke Mollema não quis saber de jogo de equipe e atacou para tentar a vitória e o título, mas outros ciclistas o acompanharam e, no final, foi o belga Tom Boonen (Quickstep) quem fez um “sprint pra cima” incrível e venceu, indo ao pódio nesta etapa pelo terceiro ano consecutivo, mas pela primeira vez no lugar mais alto (ficara em terceiro em 2022 e 2023).


Em segundo ficou o espanhol Oscar Pereiro Sio (Caisse D’Epargne). Vencedor nesta etapa em 2021 e 2023, terceiro em 2020 e agora segundo, o vencedor de quatro das cinco edições do Tour da Suíça decepcionou esse ano, mas finalizou com um segundo lugar para não passar em branco.


Em terceiro chegou o italiano Danilo Di Luca (Liquigás), repetindo o lugar no pódio da etapa anterior e apurando mais a sua forma nas montanhas. Ao atacar e tentar a vitória e o título, Bauke Mollema evidenciou um problema que vem desde 2020 na Rabobank, com os ciclistas não se importando muito com a equipe e buscando mais seus triunfos pessoais. Mas foi acompanhado por outros ciclistas e acabou apenas na sexta posição, não conseguindo os pontos necessários para a conquista do título.


O pódio da sexta etapa. No alto, com o troféu de vencedor, o belga Tom Boonen (Quickstep). Abaixo dele, o espanhol Oscar Pereiro Sio (Caisse D'Epargne), segundo colocado. Abaixo do troféu, o italiano Danilo Di Luca (Liquigás), terceiro colocado.

O espanhol Oscar Freire (Rabobank) sofreu com as montanhas, mas conseguiu um sétimo lugar, o suficiente para conquistar o título do Tour da Suíça. Curiosamente, Freire não conquistou nenhuma vitória nesta competição, mas chegou em segundo nas etapas 2 e 4 e fez muitos pontos durante as outras etapas, vestindo a camisa amarela desde a segunda etapa e conseguindo mantê-la mesmo perdendo um ponto na terceira etapa, por conta de uma punição. Freire chegou à incrível marca de 3 títulos no ano, seu quarto na LMC e segundo consecutivo, já que também conquistou o Criterium du Dauphiné.


Outro que brilhou foi Tom Boonen. O belga da Quickstep venceu duas etapas, pontuou bem nas outras e terminou com o vice-campeonato. O terceiro lugar ficou com o francês Julian Alaphilippe, também da Quickstep, mas sua maior conquista foi o prêmio de montanha. De forma avassaladora, Lulu Alaphilippe fez a performance do ano até aqui e ainda saiu com seu bicampeonato de montanha no Tour da Suíça (também venceu em 2020), chegando a 2 títulos na temporada (ambos em montanha) e a 13 na LMC.


De um modo geral, foi uma competição pobre. Foram 5 abandonos, ritmo baixo, pouco espetáculo e ainda a decepção suíça ao ver seu herói, Fabian Cancellara, andar sempre atrás e sequer conquistar um ponto na competição.


Após o Tour da Suíça, Frank Schleck permanece na liderança do ranking, com 129 pontos.


O pódio do Tour da Suíça. No alto, com o troféu de campeão, o espanhol Oscar Freire (Rabobank). Abaixo dele, com o troféu de vencedor da última etapa, o belga Tom Boonen (Quickstep), vice-campeão. Abaixo do troféu de campeão e com o troféu de campeão de montanha, o francês Julian Alaphilippe (Quickstep), terceiro colocado.

CLÁSSICA DE HAMBURGO

No dia 28, os ciclistas independentes se encontraram na Alemanha, para a Clássica de Hamburgo. Também conhecida como EuroEyes Classic, HEW Classic e Vattenfall Classic, a prova é disputada em um circuito fechado, que circula a cidade de Hamburgo. Plana em sua maioria, passa duas vezes por uma subida com 9% de inclinação, mas tem chegada em sprint e, por isso, é mais voltada para os sprinters do que para qualquer outro estilo.


Disputada em um dia nublado e de temperatura baixa, foi uma boa prova, com distintas estratégias. Algumas tentativas de fuga, pelotão organizado e ciclistas surpreendendo com novos ataques deram a tônica desta corrida.


Ao final, quem sorriu foi Richard Carapaz. Terceiro em 2022 e segundo em 2023, o equatoriano da Movistar começou lento e foi aumentando o ritmo gradualmente, até atacar quando acabou a última subida. A vitória seguiu o estilo “escadinha” de seus resultados nos anos anteriores. Em segundo chegou o belga Woult Van Aert (Jumbo Visma), que escolheu uma tentativa de fuga desde o início, mas não conseguiu se sustentar. Em terceiro, o colombiano Egan Bernal (Ineos), que ficou com o pelotão e buscou a arrancada só no final.


Em uma prova sem abandonos, o público alemão foi brindado com um ótimo espetáculo de ciclismo. Após a Clássica de Hamburgo, Nairo Quintana segue na liderança do ranking independente, com 75 pontos.


O pódio da Clássica de Hamburgo. No alto, com o troféu de vencedor, o equatoriano Richard Carapaz (Movistar). Abaixo dele, o belga Woult Van Aert (Jumbo Visma), segundo colocado. Abaixo do troféu, o colombiano Egan Bernal (Ineos), terceiro colocado.

RANKING
1º Frank Schleck (Saxo Bank) - 129 pontos;
2º Oscar Freire (Rabobank) - 117 pontos;
3º Luciano Pagliarini (Saunier Duval) - 112 pontos.

RANKING INDEPENDENTE
1º Nairo Quintana (Movistar) - 75 pontos;
2º Egan Bernal (Ineos) - 73 pontos;
3º Woult Van Aert (Jumbo Visma) - 64 pontos.

NOTAS RÁPIDAS
  • Julho fecha com 4 provas disputadas, um número muito inferior ao mês anterior (7). Isso se deu porque a LMC parou por 16 dias, para as férias de meio de ano.
  • Somadas as provas, foram 11 abandonos, um número maior do que o mês anterior (10), mas com uma média de 2,75 por competição, situação extremamente preocupante.
  • No geral, as provas do calendário foram de um nível técnico sofrível, fazendo de julho o pior mês do ciclismo até agora. O calendário independente salvou, mas o que ficou mesmo foi a má impressão deixada nas duas últimas preparatórias para o Tour de France, que já preocupa a direção da Liga.
  • Por falar em Tour de France, houve uma inversão de calendário, justamente por causa da pausa de férias. Normalmente, a LMC coloca uma prova especial após uma Grande Volta. O Giro D'Italia e a Vuelta trazem as duas Grandes Voltas do circuito independente (Baby Giro e Tour do Rio) e o Tour de France, a competição mundial (Copa do Mundo ou, em ano olímpico, as Olimpíadas). Porém, com as Olimpíadas em andamento, a direção da Liga resolveu colocar a disputa do contra relógio e da estrada na frente e, após seu término, o Tour de France iniciará.
  • Por isso, a semana entre o fim da Clássica de Hamburgo e o contra relógio das Olimpíadas está sendo utilizada para as seletivas nacionais, já que o contra relógio é disputado por um ciclista de cada país. Na estrada, todos os 52 ciclistas competirão.
  • Por falar em Olimpíadas, também teremos outras modalidades disputando medalhas. A cobertura completa virá na postagem de agosto.

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