segunda-feira, 1 de maio de 2023

LMC - Abril - 01/05/2023

Abril chega ao fim e, com ele, o primeiro quadrimestre do ano da LMC. Vamos ver como foram as provas deste mês tão agitado.

MILAN SANREMO

No dia 03, os ciclistas alinharam na Itália para a segunda Clássica Monumento do ano. A Milan Sanremo também é conhecida como La Classicissima e mescla trechos planos com subidas duríssimas, como o Passo del Turchino (em 7%) logo no início, o Capo Mele (em 6%) após a metade da prova e os temidos Cipressa (em 10%) e Poggio (em 11%) antes da chegada em sprint. Por ser diferente das outras Clássicas Monumento (sem pavê, muros e lama), a Milan Sanremo prima pela resistência. Por isso, não só os ciclistas de clássicas, mas até os escaladores, contra relogistas, sprinters e corredores por etapas têm chances. É uma prova para todos os estilos, sendo decidida na estratégia.


Como dito no Tour de Flandres, se as Clássicas Monumentos seguissem o ritmo da primeira, teríamos espetáculo o ano inteiro. E aqui não foi diferente. Os ciclistas disputaram uma autêntica Milan Sanremo, com o pelotão sendo controlado no início pela Lampre e pela Sky e muitos ataques dividindo o mesmo em vários grupos numerosos.


Como também foi dito anteriormente, a Milan Sanremo é decidida na estratégia e, diante de tantas táticas aplicadas, quem levou a melhor foi Fabian Cancellara. O suíço da Saxo Bank andou sempre no grupo da frente, em um ritmo elevado, e não esperou o Cipressa e o Poggio para decidir. Pelo contrário, arriscou um ataque logo no Capo Mele e viu sua distância aumentar de tal forma que, ao chegar nas subidas decisivas, não teve que se esforçar para conquistar a Milan Sanremo 2023, seu primeiro título no ano, a segunda Clássica Monumento de sua carreira e seu quarto título na LMC.


A disputa pelos lugares seguintes foi emocionante, com Filippo Ganna caindo no sprint decisivo e suspendendo o resultado até a análise das imagens. O TCB decidiu não punir ninguém e, com isso, Bradley Wiggins (Sky) conquistou o segundo lugar, com o terceiro lugar indo para o francês Thibaut Pinot (FDJ), campeão de 2021, que superou uma queda no Capo Mele para fazer uma excelente corrida de recuperação. Menção honrosa a Oscar Freire, que fez um sprint espetacular e chegou em quinto, e Chris Froome, que coroou o belo trabalho da Sky com uma sexta colocação.


Quedas, aliás, foram poucas e ninguém abandonou. O que se viu nesta Clássica foi uma prova de altíssimo nível, que contrastar com as últimas corridas vistas na LMC. Após a Milan Sanremo, Mathieu Van Der Poel segue na liderança do ranking, com 36 pontos.

O pódio da Milan Sanremo 2023. No alto, com o troféu de campeão, o suíço Fabian Cancellara (Saxo Bank). Abaixo dele, o inglês Bradley Wiggins (Sky), segundo colocado. Abaixo do troféu, o francês Thibaut Pinot (Française De Jeux), terceiro colocado.


OMLOOP HET NIEUWSBLAD

No dia 04, os ciclistas independentes voltavam a alinhar na região de Flandres para mais uma clássica belga. A Omloop Het Nieuwsblad é plana só no início e na chegada. O recheio é composto de subidas de 10%, muros de 11 e 12% e muito pavê. Para coroar, um lindo dia de sol e temperatura agradável.


A corrida pode muito bem ter sido a prova mais parelha do circuito independente até aqui. O pelotão andou junto o tempo inteiro, se revezando para superar os muros e pavês como um grupo e se preservando para o final. Na última subida, o colombiano Nairo Quintana (Movistar) resolveu atacar e não foi mais incomodado, vencendo pela primeira vez no ano. O equatoriano Richard Carapaz (Movistar) até tentou sair no contra ataque, mas não alcançou seu companheiro de equipe, contentando-se com um segundo lugar a solo. Os demais disputaram a terceira posição em um emocionante sprint e quem levou a melhor foi o brasileiro Magno Nazaret (Vasco da Gama).

O pódio da Omloop Het Nieuwsblad 2023, totalmente sulamericano. No alto, com o troféu de vencedor, o colombiano Nairo Quintana (Movistar). Abaixo dele, o equatoriano Richard Carapaz (Movistar), segundo colocado. Abaixo do troféu, o brasileiro Magno Nazaret (Vasco da Gama), terceiro colocado.


PARIS ROUBAIX

O dia 07 foi a Sexta-feira da Paixão. E nada mais apaixonante do que disputar neste dia a Rainha das Clássicas, ou o Inferno do Norte. A terceira Clássica Monumento do ano é a Paris Roubaix, dando a glória eterna ao guerreiro que a conquista. Com uma subida de 6% logo no início e o resto plano, parece ser muito tranquila. Mas entre essa subida e a volta completa no Velódromo de Roubaix, há vários trechos em pavê e muita lama, o que faz com que os ciclistas cheguem imundos ao seu final. Com essa dificuldade, é uma prova mais voltada para os ciclistas de clássicas, mas há sprinters e contra relogistas que conseguem sobreviver ao pavê e chegar em condições de disputar a vitória.


O dia fresco e nublado ajudou a dar o clima esperado. As equipes se organizaram para formar um pelotão no início, mas foi só o pavê chegar para começarem os ataques e a formação de pequenos grupos. Domenico Pozzovivo atacou, abriu vantagem, mas acabou cansando e superado pelos que disputariam a vitória na parte final, terminando em um honroso quarto lugar.


Os três que disputaram a vitória atacaram e se ajudaram para impedir a chegada de outros ciclistas, se preparando para uma emocionante chegada em sprint. E quem levou a melhor foi o italiano Filippo Pozzato (Acqua & Sapone), que superou os demais para conquistar a Paris Roubaix 2023, sua primeira vitória no ano, sua primeira Clássica Monumento e seu sétimo título na LMC. Em segundo chegou o suíço Fabian Cancellara (Saxo Bank), que brilhou novamente em uma Clássica Monumento, e em terceiro ficou o espanhol Alejandro Valverde (Caja Rural). A Itália continua dominante aqui. Em 5 edições, 3 vitórias foram para o país (Damiano Cunego em 2019, Fabio Aru em 2022 e Filippo Pozzato em 2023).


A Paris Roubaix seguiu o altíssimo nível das outras Clássicas Monumento disputadas até aqui, com um ritmo veloz, emoção durante a prova, uma chegada incrível e muito drama. Dos 40 ciclistas, apenas Remco Evenepoel (que caiu na metade final) e Rafael Andriato (lesionado, sequer largou) não completaram. Após a prova, Mathieu Van Der Poel permanece liderando o ranking, com 66 pontos.


O pódio da Paris Roubaix 2023. No alto, com o troféu de campeão, o italiano Filippo Pozzato (Acqua & Sapone). Abaixo dele, o suíço Fabian Cancellara (Saxo Bank), segundo colocado. Abaixo do troféu, o espanhol Alejandro Valverde (Caja Rural), terceiro colocado.

GENT WEVELGEM

No dia 10, Rafael Andriato e Remco Evenepoel se juntaram aos ciclistas independentes em Flandres, onde ocorreria mais uma clássica belga. A Gent Wevelgem é totalmente plana na primeira metade, depois chegam os trechos em pavês, as subidas com média de 11% de inclinação, um muro de 9% e a chegada em sprint. O sol apareceu, mas o clima mais fresco deu um ar de clássica total.


Falar que foi uma disputa é exagero. Desde o início, dois ciclistas saíram em fuga: Richard Carapaz e Axel Merckx. Na chegada ao muro, no entanto, o belga da T-Mobile atacou e o equatoriano da Movistar não conseguiu acompanhar. Merckx venceu com muita sobra onde foi segundo no ano anterior, fazendo a festa dos torcedores locais. Carapaz chegou em segundo pela terceira vez consecutiva nesta temporada e, a alguma distância, chegou o vencedor de 2022, o espanhol Juan José Cobo Acebo (Caja Rural).


Rafael Andriato sequer largou na Paris Roubaix e, aqui, passeou de forma muito lenta, chegando na última posição e bem distante dos demais. Preocupa para a sequência da temporada.


O pódio da Gent Wevelgem 2023. No alto, com o troféu de vencedor, o belga Axel Merckx (T-Mobile). Abaixo dele, o equatoriano Richard Carapaz (Movistar), segundo colocado. Abaixo do troféu, o espanhol Juan José Cobo Acebo (Caja Rural), terceiro colocado.

FLECHE WALLONNE

No dia 12, os ciclistas alinhavam na Valônia, região sul da Bélgica, para mais uma clássica daquele país. A Fleche Wallonne é a corrida de número 50 da temporada e, mesmo sem pavês, é duríssima. Um constante sobe e desce, com inclinações de 6, 9 e 11% (na linha de chegada) pode indicar certo favoritismo aos montanhistas. Mas os ciclistas de clássicas são os principais competidores aqui, por conta das pendentes curtas e acentuadas. Para esta clássica, um lindo dia de céu azul e temperatura agradável.


O nível da corrida foi excelente. Os ciclistas pedalaram em um ritmo forte mesmo nas montanhas, mostrando que o vencedor seria decidido nos detalhes. E quem fez a estratégia perfeita foi o espanhol Oscar Pereiro Sio (Caisse D’Epargne), que atacou na última subida para vencer com autoridade. Completando a dobradinha espanhola no pódio, Alberto Contador (Astana) chegou em segundo, depois de fazer uma excelente segunda metade de prova. Em terceiro ficou o norueguês Thor Hushovd (Credite Agricole), que tinha duas vitórias quando a competição era por etapas. A única decepção nesta Fleche Wallone foi o ciclista local Remco Evenepoel, que sequer largou e mostrou que a lesão que também o tirou da Paris Roubaix não foi curada.


Após a Fleche Wallonne, Mathieu Van Der Poel segue na liderança do ranking, com 66 pontos.


O pódio da Fleche Wallonne 2023. No alto, com o troféu de vencedor, Oscar Pereiro Sio (Caisse D'Epargne). Abaixo dele e completando a dobradinha espanhola no pódio, Alberto Contador (Astana). Abaixo do troféu, o norueguês Thor Hushovd (Credite Agricole), terceiro colocado.

AMSTEL GOLD RACE

No dia 13, o sul da Holanda viveu uma das festas mais deliciosas do ano ciclístico. Foi em Limburgo que Remco Evenepoel se juntou aos ciclistas independentes para a edição 2023 da Amstel Gold Race, a principal prova do ciclismo holandês e que dá ao seu vencedor um copo gigantesco de cerveja Amstel. A prova mescla trechos planos com subidas com 10, 8 e 11% de inclinação, mas sua chegada é em sprint. E, para justificar a cerveja no final, um dia de sol e calor.


Algumas tentativas de ataque aqui e ali, mas o pelotão sempre voltava a se agrupar e neutralizava qualquer fuga. E assim a prova transcorreu em um nível muito bom. Na última subida, quem tentou atacar foi Magno Nazareth, que abriu uma vantagem considerável. A excitação de poder vencer a prova causou uma falta de concentração e o brasileiro acabou caindo em uma curva, vendo os demais passarem até poder voltar à bicicleta. Quem comemorou isso foi o espanhol Juan Jose Cobo Acebo (Caja Rural), que cruzou em primeiro e voltou ao lugar mais alto do pódio na prova que vencera em 2021. Em segundo chegou o belga Remco Evenepoel (Quickstep), mostrando que as lesões estão curadas. Em terceiro chegou o colombiano Nairo Quintana (Movistar), que volta ao pódio depois do segundo lugar em 2021.


O pódio da Amstel Gold Race 2023. No alto, com o troféu de vencedor, o espanhol Juan José Cobo Acebo (Caja Rural). Abaixo dele, o belga Remco Evenepoel (Quickstep), segundo colocado. Abaixo do troféu, o colombiano Nairo Quintana (Movistar), terceiro colocado.

GIRO D'ITALIA

No dia 21, feriado de Tiradentes, começava a primeira das 3 Grandes Voltas do ciclismo mundial. O Giro D’Italia chegou e, ao longo de 12 etapas, os fãs puderam se deliciar com uma das competições mais charmosas do mundo esportivo. O resumo do Giro, etapa a etapa, você confere aqui.


RANKING

1º Mathieu Van Der Poel (Corendon Circus) - 79 pontos;
2º Filippo Ganna (Acqua & Sapone) - 76 pontos;
3º Frank Schleck (Saxo Bank) - 74 pontos.

RANKING INDEPENDENTE

1º Juan José Cobo Acebo (Caja Rural) - 22 pontos;
2º Richard Carapaz (Movistar) - 19 pontos;
3º Axel Merckx (T-Mobile) - 17 pontos.

NOTAS RÁPIDAS
  • Abril chega ao fim com 7 provas, um número menor do que o de março, mas plenamente justificável, pois teve a primeira das 3 Grandes Voltas, o que consome boa parte do calendário de um mês.
  • O resto foi composto por clássicas, principalmente duas Monumento (Milan Sanremo e Paris Roubaix), o que fez de abril um mês muito agitado para os fãs de ciclismo.
  • Do lado estrutural, foi apresentada a grande novidade da temporada até aqui, com os pódios das Grandes Voltas e da Copa do Mundo. Após o fim de cada competição dessa, os pódios serão utilizados também nas competições em geral.
  • E há mais novidades estruturais sendo preparadas. Em breve poderemos apresentá-las, mas infelizmente não teremos os troféus de montanha das Grandes Voltas, por conta do cancelamento do contrato com o fornecedor.
  • Maio já começa com a prova por etapas do circuito independente. O Tour do Rio dará pontos por cada vitória, além de um bônus na classificação final para os três primeiros colocados.

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