sábado, 1 de abril de 2023

LMC - Março - 01/04/2023

O primeiro trimestre do ano chega ao fim, recheado de competições de ciclismo, o mês de março não foi diferente. Vamos ver o que agitou o mundo das bicicletas na LMC.

PROTOUR DO BENELUX

O primeiro dia do mês já trouxe um contra relógio na Bélgica, dando início ao Protour do Benelux. A edição deste ano começa na Bélgica, tem suas etapas de montanha na Holanda e coroa o campeão em Luxemburgo. Tal honraria se deve ao fato de Frank Schleck ter levado o título em 2023 já que, pelo regulamento da competição, o campeão de um dos três países leva o desfecho da competição ao seu país no ano seguinte. O Protour do Benelux é uma competição voltada para os ciclistas de clássicas que conseguirem manter uma regularidade, dado o seu traçado passar por muitos locais onde acontece esse tipo de prova, além dos montanhistas.


O contra relógio foi disputado em um dia de calor e teve um nível muito bom. Quem venceu foi o francês Romain Bardet (AG2R), que travou uma batalha acirrada com o segundo colocado, o espanhol Oscar Pereiro Sio (Caisse D’Epargne), e o terceiro, o alemão Marcel Kittel (Katusha).


Na segunda-feira, 06, os ciclistas largaram de Luxemburgo em um dia parcialmente nublado mas muito quente para a última etapa do Protour do Benelux. Uma etapa quase inteiramente  plana, à exceção de uma montanha de 8% de inclinação após a metade da prova, onde estava a última meta volante da edição deste ano. Quatro ciclistas ainda estavam na disputa. Para Danilo Di Luca e Bauke Mollema, o título só viria em caso de vitória, mas Julian Alaphilippe não poderia chegar entre os seis primeiros. Remco Evenepoel também teria que vencer, mas Alaphilippe não poderia chegar entre os quatro primeiros. Como se vê, o título estava praticamente sentenciado para o francês da Quickstep.


A prova foi de altíssimo nível, refletindo o que aconteceu durante todo o Protour. Os ciclistas andaram rápido, querendo disputar a vitória, o que dificultou muito a vida dos que disputavam o título. O único que fez um esforço hercúleo para conseguir a posição necessária para o título foi Remco Evenepoel. Mas o belga da Quickstep só conseguiu um terceiro lugar, atrás do vencedor, o italiano Michele Scarponi (Acqua & Sapone), e do segundo colocado, o brasileiro Luciano Pagliarini (Saunier Duval). Mesmo assim, Remco foi aplaudido de pé pelos presentes e leva para a Bélgica as duas últimas etapas em 2024.


O pódio da última etapa do Protour do Benelux 2023. No alto, com o troféu de vencedor, o italiano Michele Scarponi (Lampre). Abaixo dele, o brasileiro Luciano Pagliarini (Saunier Duval), segundo colocado. Abaixo do troféu, o belga Remco Evenepoel (Quickstep), terceiro colocado.

Além do terceiro lugar, o belga da Quickstep foi muito festejado no pódio, por ter conquistado o título de montanha. Foi seu primeiro título na temporada e o sexto na LMC. Mas quem comemorou mesmo foi o francês Julian Alaphilippe (Quickstep), que chegou em 29º e se sagrou campeão do Protour do Benelux 2023. Campeão de montanha em 2020 e 2021, Alaphilippe passou o ano de 2022 sem conquistar nenhum título e, mesmo assim, se sagrou campeão da Liga. Aqui, conquista seu primeiro título no ano e o décimo na LMC.


O pódio final do Protour do Benelux 2023. No alto, com o troféu de campeão, o francês Julian Alaphilippe (Quickstep). Abaixo dele, com o troféu de campeão de montanha, o belga Remco Evenepoel (Quickstep), segundo colocado. Abaixo do troféu, com o troféu de vencedor da última etapa, o italiano Michele Scarponi (Lampre), terceiro colocado.

Após o Protour do Benelux, Julian Alaphilippe se junta a Tom Dumoulin na liderança do ranking da LMC, com 34 pontos cada.


E3 HARELBEKE

Na quarta-feira, 08, Philippe Gilbert se juntava aos ciclistas independentes em Flandres, na Bélgica, para a E3 Harelbeke. Uma das famosas clássicas belgas, disputada em um traçado muito difícil, com subidas de 10 e 11% de inclinação e trechos em pavê. O Dia Internacional da Mulher trouxe muito calor para os ciclistas e uma prova incrível, no melhor estilo das clássicas belgas. Tentativas de ataque o tempo todo, o pavê e as montanhas faziam os ciclistas trocarem de posição o tempo todo e uma chegada eletrizante em sprint, com 6 atletas na disputa.


Com tanta gente disputando o sprint, entre pernas cansadas e táticas de corrida, Richard Carapaz liderava, mas foi ao chão e acabou em sexto. A vitória coube a Philippe Gilbert (Lotto Belisol) que, com Axel Merckx (T-Mobile) em segundo, fez a alegria dos torcedores locais com uma dobradinha belga no pódio. Em terceiro ficou o francês Bryan Coquard (Cofidis). O TCB foi acionado após a queda de Carapaz, mas concluiu que ninguém teve culpa no acidente e, assim, manteve as posições da linha de chegada.

O pódio da E3 Harelbeke 2023. No alto, com o troféu de vencedor, o belga Philippe Gilbert (Lotto Belisol). Abaixo dele, fechando a dobradinha belga no pódio, Axel Merckx (T-Mobile), segundo colocado. Abaixo do troféu, o francês Bryan Coquard (Cofidis), terceiro colocado.

STRADE BIANCHI

No dia 09, os ciclistas se encontraram na Toscana, região central da Itália, para a primeira clássica do calendário. A Strade Bianchi é conhecida pelos seus trechos em sterrato e, nesse ano, seriam muitas passagens por este tipo de piso e apenas uma subida, em 7%. Para piorar, um céu sem nenhuma nuvem e um calor inclemente.


A edição deste ano fez jus à fama de dureza da prova. Muitos punctures e quedas durante o percurso (o que levou ao abandono de Bradley Wiggins), os ciclistas sofrendo no calor e no sterrato e uma chegada eletrizante ao final, com quatro ciclistas no sprint final.


A vitória coube ao esloveno Primoz Roglic (Imperatriz), com o luxemburguês Frank Schleck (Saxo Bank) em segundo e o italiano Michele Scarponi (Lampre) em terceiro. Foi o primeiro título de Roglic no ano e na Strade Bianchi e seu oitavo na LMC.


O pódio da Strade Bianchi 2023. No alto, com o troféu de vencedor, o esloveno Primoz Roglic (Imperatriz). Abaixo dele, o luxemburguês Frank Schleck (Saxo Bank), segundo colocado. Abaixo do troféu, o italiano Michele Scarponi (Lampre), terceiro colocado.

Após a Strade Bianchi, Frank Schleck, Tom Dumoulin e Julian Alaphilippe dividem a liderança do ranking, com 34 pontos.

GIRO DE LAIGUEGLIA

No dia 10, Bradley Wiggins se juntou aos ciclistas independente em Laigueglia (ou Ligúria), no norte da Itália, para a disputa do Giro de Laigueglia 2023. A prova tinha uma difícil subida de 8% no início e, após a metade, um circuito por onde os ciclistas teriam que passar duas vezes por uma subida mais difícil ainda, em 9%, antes da chegada em sprint.


Logo no início, três ciclistas saíram em fuga com o pelotão ficando cada vez mais para trás. Com a chegada das montanhas no circuito final, a fuga se resumiu a dois atletas e logo ficou claro que a disputa ficaria entre eles. O equatoriano Richard Carapaz (Movistar) não quis dar sopa para o azar e, ao sair da montanha, começou a acelerar forte, vencendo com uma sobra incrível. O seu companheiro de fuga, ao contrário, fraquejou na última subida e, pior, foi alcançado por outro ciclista que se desgarrou do pelotão nas montanhas e acabou superando-o. Assim, o belga Axel Merckx (T-Mobile) conseguiu um heroico segundo lugar e ao espanhol Juan José Cobo Acebo (Caja Rural) só restou a terceira posição.

O pódio do Giro de Laigueglia 2023. No alto, com o troféu de vencedor, o equatoriano Richard Carapaz (Movistar). Abaixo dele, o belga Axel Merckx (T-Mobile), segundo colocado. Abaixo do troféu, o espanhol Juan José Cobo Acebo (Caja Rural), terceiro colocado.

VOLTA CICLÍSTICA AO ALGARVE

No dia 11, o extremo sul de Portugal foi sacudido pela chegada dos maiores ciclistas do mundo para a Volta Ciclística ao Algarve. A competição passa por belíssimas paisagens, com montanhas em todas as etapas e algumas até bem agudas. Por esse motivo, são favoritos aqui os ciclistas por etapas e os montanhistas. Neste ano, os campeões do geral e de montanha seriam conhecidos somente na última etapa.


O contra relógio que deu início à competição ocorreu em um dia nublado, mas quente. E foi a pior prova do ano até aqui, dado o baixíssimo nível apresentado pelos atletas. Ninguém fez o tempo mínimo e o último colocado, André Greipel, fez o pior contra relógio da História da LMC, estando a um fio da eliminação. Como alguém teria que vencer, tal “honraria” coube ao italiano Vincenzo Nibali (Astana), com o francês Sylvain Chavanel (Quickstep) em segundo e o espanhol Alejandro Valverde (Caja Rural) em terceiro.


No dia 17, os ciclistas partiram de Albufeira com destino ao Alto do Malhão para a última etapa da edição 2023 desta Volta. Uma etapa de montanha com subidas de até 10% de inclinação na primeira metade e, na parte final, subidas de 12% e uma chegada em 11%. Com boa distribuição de metas volante ao longo do percurso, 11 ciclistas ainda tinham chances de título.


A corrida, disputada em um dia nublado e sem muito calor, foi emocionante. O então camisa vermelha, Filippo Ganna, teve problemas mecânicos logo no início e caiu para o final do pelotão. Para aumentar o drama, outros ciclistas que ainda tinham chances de título, como Mathieu Van Der Poel e Lance Armstrong, saíram em fuga, obrigando Ganna a trabalhar forte para tentar conter os escapados.


Na última subida, André Greipel liderava, quando foi ao chão. Quem vinha bem colocado a corrida inteira e atacou para vencer de forma avassaladora foi Mathieu Van Der Poel e foi aí que tudo ficou em um tremendo suspense, aguardando a apuração de três resultados. O primeiro era no TCB, analisando as imagens da queda de Greipel para ver se puniria alguém pela manobra. O Tribunal decidiu que ninguém era culpado e, assim, a classificação final foi mantida. O holandês Mathieu Van Der Poel (Corendon Circus) foi o vencedor, com o luxemburguês Frank Schleck (Saxo Bank) em segundo, no mesmo lugar onde vencera em 2020, e o espanhol Oscar Freire (Rabobank) em terceiro, repetindo o feito de 2019, quando também chegou nesta posição na mesma etapa.


O pódio da última etapa da Volta Ciclística ao Algarve. No alto, com o troféu de vencedor, o holandês Mathieu Van Der Poel (Corendon Circus). Abaixo dele, o luxemburguês Frank Schleck (Saxo Bank), segundo colocado. Abaixo do troféu, o espanhol Oscar Freire (Rabobank), terceiro colocado.

A segunda apuração era a dos pontos que definiriam o campeão de montanha. Ao final, o vencedor foi o espanhol Oscar Pereiro Sio (Caisse D’Epargne), que conquista seu primeiro título no ano e o sexto na LMC.

O espanhol Oscar Pereiro Sio (Caisse D'Epargne) com o troféu de campeão de montanha.

A terceira e mais emocionante apuração foi a do campeão geral. E quem venceu foi o holandês Mathieu Van Der Poel (Corendon Circus), que só precisava chegar em terceiro, mas venceu de forma incontestável e ainda viu Filippo Ganna chegar em décimo quinto para coroar seu primeiro título na LMC.


O pódio final da Volta Ciclística ao Algarve 2023. No alto, com os troféus de campeão e de vencedor da última etapa, o holandês Mathieu Van Der Poel (Corendon Circus). Abaixo do troféu de campeão, o italiano Filippo Ganna (Acqua & Sapone), vice campeão. Abaixo do troféu da última etapa, o norte americano Lance Armstrong (USPS), terceiro colocado.

A emocionante prova final foi um agradável contraste a esta edição da Volta Ciclística ao Algarve, que teve um nível técnico baixíssimo, com muitas quedas ao longo das etapas e pouca emoção. Com o título no Algarve, Mathieu Van Der Poel assume a liderança do ranking, com 65 pontos.

GP DE ESTORIL

No dia 18, Greg Van Avermaet se juntava aos ciclistas independentes para o GP de Estoril 2023. A prova tem duas metades bem distintas. A primeira é totalmente plana e a segunda, com montanhas que vão de 7 a 9% na linha de chegada. Um dia de sol e um pouco de calor brindou os atletas nesta corrida.


Enquanto o terreno estava plano, o pelotão andou junto, com uma tentativa de fuga aqui e acolá. Quando as montanhas chegaram, se separaram os homens dos meninos. E foi no terreno que mais brilha, depois de ser terceiro em 2021 e 2022, que o equatoriano Richard Carapaz (Movistar) conseguiu finalmente vencer em Estoril. Em segundo lugar chegou o espanhol Juan Jose Cobo Acebo (Caja Rural), a mesma posição que conseguira em 2022. E, em terceiro, o belga Axel Merckx (T-Mobile). Foi a segunda vitória seguida de Carapaz no circuito independente e o segundo pódio seguido com os mesmos protagonistas sendo que, na Itália, as posições de Cobo Acebo e Merckx foram invertidas.


O pódio do GP de Estoril 2023. No alto, com o troféu de vencedor, o equatoriano Richard Carapaz (Movistar). Abaixo dele, o espanhol Juan Jose Cobo Acebo (Caja Rural), segundo colocado. Abaixo do troféu, o belga Axel Merckx (T-Mobile), terceiro colocado.

TOUR DE FLANDRES

No dia 19, o norte da Bélgica foi sacudido pela primeira das Clássicas Monumentos. O Tour de Flandres, Ronde Van Vlaanderen ou a Mais Jovem pedia passagem, com seu início plano, trechos em pavê na metade e dois muros difíceis antes da chegada em sprint. O primeiro muro tem 10% de inclinação e o segundo, com 12%, é o temido Muur-Kapelmuur.


Se a primeira servir de parâmetro para as demais, podemos esperar grandes coisas nesse ano. Uma Clássica na maior concepção da palavra, com ataques e contra ataques, ciclistas tentando se organizar para sobreviver e muito drama. O calor poderia prejudicar o andamento da prova, mas isso não aconteceu. Um grupo de seis ciclistas saiu logo no início e, nos trechos de pavê, foi reduzido à metade, mostrando que a vitória ficaria entre eles. Mas bastou chegarem os muros que Francisco Chamorro deixou os companheiros de fuga para trás. O argentino da Credite Agricole venceu sua primeira Clássica Monumento com sobras, seu primeiro título no ano e quarto na LMC. No segundo lugar chegou o inglês Bradley Wiggins (Sky), que sobreviveu ao Muur-Kapelmuur e se descolou do terceiro colocado, o brasileiro Murilo Fischer (FDJ).

O pódio do Tour de Flandres. No alto, com o troféu de vencedor, o argentino Francisco Chamorro (Credite Agricole). Abaixo dele, o inglês Bradley Wiggins (Sky), segundo colocado. Abaixo do troféu, o brasileiro Murilo Fischer (Française De Jeux), terceiro colocado.

TOUR DE FLANDRES ESPOIRS

No dia 20, o mesmo palco da Clássica Monumento sediava o Tour de Flandres Espoirs, ou Ronde Van Vlaanderen Beloften, com o início, o meio (este em pavê) e o fim planos e, entre eles, subidas de 10 e 11%, algumas com muros. E um dia de muito calor para brindar os seis ciclistas independentes nesta prova.


Foi uma prova bem interessante, de diferentes estilos e táticas. O pelotão andou junto até chegarem ao pavê, quando Nairo Quintana atacou forte e, montanhista como é, aumentou o ritmo nos muros. Mas Bryan Coquard o acompanhou a uma distância segura e, sprinter como é, esperou o momento certo para fazer valer sua habilidade. O francês da Cofidis venceu a primeira no ano batendo o colombiano da Movistar no sprint, deixando-o em segundo. Em terceiro veio o belga Axel Merckx (T-Mobile), que conquistou seu quinto pódio em seis corridas na temporada (só não ficou entre os três primeiros na Vuelta a San Juan, quando abandonou).

O pódio do Tour de Flandres Espoirs. No alto, com o troféu de vencedor, o francês Bryan Coquard (Cofidis). Abaixo dele, o colombiano Nairo Quintana (Movistar), segundo colocado. Abaixo do troféu, o belga Axel Merckx (T-Mobile), terceiro colocado.

TIRRENO ADRIÁTICO

No dia 22 se iniciava uma das provas mais apaixonantes do ciclismo. O Tirreno Adriático cruza a Itália de um lado a outro ao sul da Ilha de Elba, partindo da costa do Mar Tirreno e chegando na costa do Mar Adriático. Por esse motivo, é conhecida como a Corrida Entre Dois Mares. Recheada de montanhas em todas as etapas (a primeira, inclusive, uma crono escalada), tem um perfil muito mais voltado para os escaladores do que para os ciclistas por etapas. Embora muitos digam que é preparatória para a Milan San Remo e para o Giro D’Italia, há muito deixou de ser assim considerada, dada a paixão que desperta nos fãs do esporte, e ao cobiçado Tridente de Ouro oferecido ao seu campeão, um dos troféus mais icônicos do mundo esportivo.


Embora fosse uma crono escalada, com a subida dificultando a vida no meio do traçado, isso não pode ser usado como desculpa para mais um contra relógio de nível muito baixo. Assim como no Algarve, ninguém fez no tempo mínimo, mas os italianos não estavam nem aí para isso, pois o vencedor foi Filippo Ganna (Acqua & Sapone), com o vencedor desta etapa em 2019 e 2020, o inglês Chris Froome (Sky) em segundo, e o eslovaco Peter Sagan (Bora), em terceiro. O desempenho italiano foi melhor ainda por causa de Danilo Di Luca em quarto e Domenico Pozzovivo em sexto.


O delírio italiano se fez presente de diversas formas neste Tirreno Adriático, mas seu ápice foi na terceira etapa. Além do pódio ser só de italianos, foi feita uma histórica quadrifeta, com Damiano Cunego em primeiro, Danilo Di Luca em segundo, Michele Scarponi em terceiro e Fabio Aru em quarto. Infelizmente, toda essa alegria contrastou com as várias quedas que ocorreram em todas as etapas. Foi de longe a competição com o maior número de acidentes até aqui, o que levou quatro ciclistas a abandonarem a edição deste ano.


No dia 30, os ciclistas saíram de uma região montanhosa em San Benedetto del Tronto e, a partir da metade do caminho, encontraram tudo plano na mesma cidade, para a etapa derradeira da competição. Com uma meta volante logo no início e nove ciclistas na disputa, muita coisa poderia acontecer neste dia e céu limpo e temperatura em elevação. Após a meta volante, o número de postulantes ao título caiu para cinco. Superadas as montanhas do início e com tudo plano pela frente, alguns ciclistas partiram, outros tentaram controlar e  o pelotão se esfacelou completamente. Na parte final, o pelotão voltou a se agrupar e manteve uma distância curta para os dois escapados. No entanto, o que se viu foi a pior chegada em sprint da História da LMC. Os ciclistas diminuíram o ritmo e ninguém se esforçou, à exceção do vencedor. O colombiano Fernando Gaviria (Quickstep) vinha na fuga, sprintou e voltou a vencer a etapa que conquistara em 2019. Seu companheiro de fuga, o eslovaco Peter Sagan (Bora) não se esforçou e não foi capturado por ninguém, conquistando a segunda posição. Na terceira posição chegou o italiano Domenico Pozzovivo (AG2R), para a alegria do público local.

O pódio da última etapa do Tirreno Adriático. No alto, com o troféu de vencedor, o colombiano Fernando Gaviria (Quickstep). Abaixo dele, o eslovaco Peter Sagan (Bora), segundo colocado. Abaixo do troféu, o italiano Domenico Pozzovivo (AG2R), terceiro colocado.

Apesar da disputa feroz entre os três primeiros (separados por apenas dois pontos), nenhum dos postulantes ao título jamais andou no grupo da frente e sequer pontuou ao final da etapa. Assim, nada mudou e os títulos do geral e de montanha ficaram para o alemão Marcel Kittel, que chegou em vigésimo lugar e celebrou o cobiçado Tridente de Ouro. Foram os dois primeiros títulos de Kittel na temporada, chegando a seis na LMC.


O pódio do Tirreno Adriático 2023. No alto, com o Tridente de Ouro de campeão e o troféu de campeão de montanha, o alemão Marcel Kittel (Katusha). Abaixo do Tridente, o luxemburguês Frank Schleck (Saxo Bank), vice campeão. Abaixo do troféu de montanha, o italiano Michele Scarponi (Lampre), terceiro colocado.

Os italianos comemoraram muito, vencendo duas etapas, indo ao pódio sete vezes (só não tiveram pódio na segunda e na quarta etapas) e fazendo a histórica quadrifeta da etapa 3. Mas o sentimento geral foi de desrespeito a uma das provas mais importantes do calendário. O Tirreno Adriático merecia mais do que um festival de quedas, provas com pouca emoção, ritmo baixo e muitos abandonos. Um intenso debate domina o meio após essa prova de nível tão decepcionante.



Ao fim da competição, Mathieu Van Der Poel manteve a liderança do ranking, com 65 pontos.


BRABANTE PRIJLS

No dia 31, Lance Armstrong, Fabian Cancellara, Bauke Mollema e Thor Hushovd se juntavam aos ciclistas independentes na região central da Bélgica para mais uma clássica em Flandres. O Brabante Prijs só é plano no início e na chegada e, entre esses dois trechos, muitas subidas, muros e pavês duríssimos.

Logo no início, um boliche levou ao chão alguns ciclistas. Dentre os que caíram, Juan José Cobo Acebo e Richard Carapaz voltaram às bicicletas e aceleraram para voltar ao pelotão, enquanto Lance Armstrong e Fabian Cancellara mostravam toda a categoria de quem corre no calendário. Mas a prova era do circuito independente e, para se destacar, é preciso entender o estilo da prova. No muro, os ciclistas do calendário cansaram e os independentes atacaram. Ao final, uma linda prova de superação terminou com a vitória do espanhol Juan José Cobo Acebo (Caja Rural) e com o equatoriano Richard Carapaz (Movistar) em segundo. Na emocionante disputa pelo terceiro lugar, o brasileiro Magno Nazareth (Vasco da Gama) superou Lance Armstrong e Fabian Cancellara.

O pódio do Brabante Prijs. No alto, com o troféu de vencedor, o espanhol Juan José Cobo Acebo (Caja Rural). Abaixo dele, o equatoriano Richard Carapaz (Movistar), segundo colocado. Abaixo do troféu, o brasileiro Magno Nazaret (Vasco da Gama), terceiro colocado.

RANKING

1º Mathieu Van Der Poel (Corendon Circus) - 65 pontos;

2º Frank Schleck (Saxo Bank) e Filippo Ganna (Acqua & Sapone) - 60 pontos.


RANKING INDEPENDENTE

1º Juan José Cobo Acebo (Caja Rural) - 15 pontos;

2º Richard Carapaz (Movistar) - 13 pontos;

3º Axel Merckx (T-Mobile) - 12 pontos.


NOTAS RÁPIDAS

  • Com 10 competições, março foi um mês bem agitado. Literalmente, do primeiro ao último dia do mês nós vimos bicicletas correndo pelas ruas do mundo.
  • Foram 3 corridas por etapas e 7 clássicas, mas um mês muito especial pelas provas que foram disputadas. Tivemos a primeira Clássica Monumento e também o Tirreno Adriático, o que despertou o interesse dos fãs de ciclismo.
  • Do lado estrutural, os novos troféus de montanha das Grandes Voltas ainda não chegaram, infelizmente. Em abril teremos o Giro D'Italia e o troféu será o que já vem sendo utilizado. Mas isso não quer dizer que não teremos novidades. A Liga continua trabalhando forte!

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