Junho chega ao fim, julho pede passagem. Vamos ver como foi o último mês do primeiro semestre na Liga Mundial de Ciclismo!
VOLTA DA COLÔMBIA
No dia 03, uma
cronoescalada dava início à Volta da Colômbia. A competição é recheada de
montanhas e, por isso, teve o título de montanha decidido na última etapa. O
perfil das provas faz com que os escaladores sejam os favoritos aqui, mais até
do que os competidores por etapas.
O dia chuvoso não
impediu os atletas de se dedicarem ao máximo, com a nota de corte alta. Ao
final, a vitória coube ao inglês Bradley Wiggins (Sky), com o italiano Fabio
Aru (Liquigás) em segundo e o francês Julian Alaphilippe em terceiro.
No sábado, 11, os
atletas partiam para a última etapa, para definir os campeões no geral e na
montanha. Por isso, muitos pontos em metas volante ao longo do trecho fizeram
com que 25 ciclistas tivessem chances de título. Esta corrida derradeira, com
rampas inclinadíssimas e em um dia frio e chuvoso, tinha Marcel Kittel largando com
a camisa amarela e Fabio Aru de camisa vermelha com bolinhas amarelas e azuis.
Após a primeira meta
volante, o número de postulantes ao título caiu para 14 e, após a segunda meta,
para 8. As duas metas volante eram próximas, em montanhas de 8 e 7% de
inclinação. Após terem um respiro em um trecho plano, veio a última meta
volante, em 10% de inclinação. Dali, os que disputavam o título caíram para 8,
a depender de combinações de resultados.
A Volta da Colômbia
foi uma competição incrível. Os ciclistas se esforçaram muito, entregaram
espetáculos de primeira linha e, na última etapa, não foi diferente. Com
inclinações duríssimas, muitos sofreram, mas outros se superaram e foi aí que a
linda história foi escrita.
Na última montanha, 3
sprinters estavam na frente, junto com um ciclista por etapas. A vitória seria
disputada entre esses 4 escapados e, lógico, o ciclista por etapas levava a
vantagem. Sem dar chance para o azar, o esloveno Primoz Roglic (Imperatriz)
superou os demais e venceu de forma incrível, deixando o espanhol Oscar Freire
(Rabobank) em segundo e o belga Tom Boonen (Quickstep) em terceiro. O quarto
foi o alemão André Greipel (Lotto Belisol).
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O pódio da última etapa. No alto, com o troféu de vencedor, o esloveno Primoz Roglic (Imperatriz). Abaixo dele, o espanhol Oscar Freire (Rabobank), segundo colocado. Abaixo do troféu, o belga Tom Boonen (Quickstep), terceiro colocado. |
Ao conquistar sua
segunda vitória no ano e nesta competição, Primoz Roglic ultrapassou todos os
rivais e conquistou a Volta da Colômbia de forma heroica. O sexto título de
Roglic na LMC foi possível graças a uma improvável combinação de resultados.
Após vencer a última meta volante, precisava da vitória e que Marcel Kittel não
pontuasse. Além de vencer, viu o então camisa amarela chegar em décimo quarto.
Assim, Roglic levou o título por apenas um ponto.
A conquista de montanha também foi incrível. O então camisa vermelha com bolinhas azuis e amarelas, Fabio Aru, correu muito mal e chegou em último lugar. Assim, uma vitória em meta volante e o terceiro lugar no final deram a Tom Boonen o título. Campeão da Milan Sanremo desse ano, o belga da Quickstep seu terceiro título na LMC.
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O belga Tom Boonen (Quickstep) com o troféu de montanha. |
Após a Volta da Colômbia, o ranking da LMC tem um novo líder. Fabio Aru está no topo, com 91 pontos.
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O pódio final da Volta da Colômbia 2022. No alto, com os troféus de campeão e vencedor da última etapa, o esloveno Primoz Roglic (Imperatriz). Abaixo do troféu de campeão, o alemão Marcel Kittel (Katusha), segundo colocado. Abaixo do troféu de vencedor de etapa, o espanhol Alejandro Valverde (Caja Rural), terceiro colocado. |
CLÁSSICA DE SAN SEBASTIAN
O domingo foi um dia
para quem é apaixonado. 12 de junho é o Dia dos Namorados, mas também o dia dos
amantes do ciclismo acompanharem a Clássica de San Sebastian. Disputada em
Donostia/San Sebastian, no extremo norte da Espanha, a prova tem três subidas
duríssimas, com 9, 10 e 11% de inclinação entre trechos planos e chegada em
sprint. Com isso, os montanhistas e ciclistas de clássicas têm o favoritismo
aqui para ganhar o tradicional chapéu dado ao vencedor. A prova seria disputada
em mais um dia frio, com chuva fina constante, um sofrimento adicional.
Aos ciclistas
independentes, se juntaram os dois que abandonaram a Volta da Colômbia. O
espanhol Oscar Pereiro Sio tinha a torcida ao seu lado, uma vez que sua equipe
é do mesmo País Basco onde se disputa a competição. Além dele, o norueguês Thor
Hushovd alinhava para a largada.
O pelotão andou junto até a primeira montanha. Dali em diante, uma sucessão de ataques dividiu os ciclistas, que correram sozinhos até a linha de chegada. E foi empurrado pelo público que o espanhol Juan José Cobo Acebo (Caja Rural) saiu da última montanha acelerando forte para vencer superando o brasileiro Magno Nazaret (Vasco da Gama), o segundo colocado aqui pelo segundo ano consecutivo. A festa da torcida local ficou completa quando Oscar Pereiro Sio (Caisse D’Epargne) completou a dobradinha espanhola no pódio. Após a segunda montanha, Axel Merckx sofreu uma queda e abandonou a corrida, justo quando liderava. Foi o único abandono da Clássica de San Sebastian 2022.
No dia 16, os
ciclistas alinhavam para o contra relógio de abertura do Tour da Califórnia, em
um dia de céu azul e temperatura baixa. A competição atravessa o estado
americano em sua maior parte no plano, com poucas montanhas. As que surgem não
são tão acentuadas, então os montanhistas não têm muita vantagem. Esta é uma
prova mais para os corredores por etapas ou até para os sprinters.
Em uma disputa
eletrizante, o vencedor da primeira etapa foi o inglês Bradley Wiggins (Sky),
com o espanhol Alberto Contador (Astana) em segundo. Em terceiro, o
luxemburguês Frank Schleck (Saxo Bank).
No dia 21, a última etapa
do Tour da Califórnia foi disputada em um percurso totalmente plano e com 5
ciclistas na disputa do título. Sem metas volante em jogo, Luciano Pagliarini e
Francisco Chamorro teriam que vencer e torcer por uma combinação de resultados
para ficarem com o título. O camisa branca com estrelas Murilo Fischer podia
chegar em segundo, a depender de resultados, enquanto Sylvain Chavanel podia
ser até terceiro. Já o camisa azul, Filippo Ganna, tinha que marcar esses
resultados para se sagrar campeão.
A prova, disputada em
um dia de céu azul e temperatura agradável, contrastou com o restante da
competição. Se as cinco etapas anteriores foram de alto nível, esta foi bem
fraca. Os ciclistas andaram no pelotão o tempo todo e muitas quedas foram
vistas, resultando inclusive no abandono de Remco Evenepoel. Outra das várias
quedas foi de Fabio Aru, que vinha para ganhar a prova com sobras e acabou
apenas em oitavo.
No final, dois
ciclistas dispararam e era claro que a vitória seria disputada entre eles. Quem
levou a melhor foi o holandês Bauke Mollema (Rabobank), com o espanhol Alberto
Contador (Astana) sendo o segundo colocado e repetindo o lugar no pódio desta
mesma etapa em 2019. Em terceiro ficou o luxemburguês Andy Schleck (Saxo
Bank).
Dos postulantes ao
título, nenhum andava na frente. Somente Sylvain Chavanel fez uma estratégia
para levar o bicampeonato. No final da prova, ele estava em terceiro, pronto
para conquistar o resultado que precisava para ser campeão. Mas faltaram pernas
e ele acabou em sexto, resultado insuficiente para o título. Assim, quem cruzou
a linha de chegada erguendo os braços foi trigésimo quarto colocado, o italiano
Filippo Ganna (Acqua & Sapone), que conquistou o Tour da Califórnia 2022,
seu terceiro título na LMC. O brasileiro Murilo Fischer (FDJ) ficou com o
título de montanha, seu segundo na Califórnia e sexto na LMC.
Após o Tour da Califórnia, Alberto Contador volta ao topo do ranking, com 99 pontos.
Basicamente, a prova
se resumiu a um ciclista que saiu em fuga, um grupo de uns 4 ciclistas vindo
atrás e o resto passeando. Alejandro Valverde lembrou seus tempos de Movistar e
andou atrás, junto de Nairo Quintana e Richard Carapaz, em um passeio entre amigos.
Lá na frente, o show
foi de Bryan Coquard. O francês da Cofidis saiu em uma fuga a solo, não foi
incomodado e apenas administrou para vencer com muita tranquilidade. Em
segundo, também sem ser incomodado, chegou o espanhol Juan José Cobo Acebo
(Caja Rural). A disputa veio na terceira posição e, num bom sprint, quem
conseguiu o lugar no pódio foi o brasileiro Magno Nazaret (Vasco da Gama).
Com largada em Liege, passa por uma montanha em 6% logo no início. A metade da prova marca a chegada dos ciclistas em Bastogne e é brindada por duas montanhas, em 9 e 10%. Eles voltam a Liege pelo lado oposto das montanhas e ainda têm uma última subida, com duríssimos 11%. Depois disso, uma chegada em sprint para quem sobreviver. O perfil favorece os ciclistas de clássicas, mas os escaladores podem atacar nas montanhas e tentar uma fuga. Os sprinters têm missão difícil aqui.
O dia frio e chuvoso
não facilitou a vida dos ciclistas. Um grupo com 4 atletas tomou a liderança da
corrida desde o início e ditou o ritmo, ora em fuga, ora em um grupo maior.
Logo ficou claro que a vitória seria disputada entre eles, com uns 2 ciclistas
a mais se juntando na parte final. Clássicas, principalmente as Monumento, são
provas de resistência. Para ganhar, mais que técnica e tática, é preciso suar sangue. E André Greipel descobriu isso da forma
mais dolorosa. Até então o melhor da prova, o alemão é o que detém a mais longa
streak da LMC atualmente. E essa longa seca de vitórias (desde a Fleche
Wallonne de 2020) parecia chegar ao fim. Mas uma queda na última montanha fez o
alemão sentir muitas dores e abandonar, deixando para o restante do seu grupo
de escapados a disputa pela vitória.
E foi em um eletrizante sprint que o italiano Damiano Cunego (Lampre) arrancou para a vitória, deixando o segundo lugar para o francês Romain Bardet. Em terceiro ficou o luxemburguês Andy Schleck (Saxo Bank), muito aplaudido na linha de chegada. Terceiro em 2020, Damiano Cunego conseguiu uma vitória espetacular, conquistando sua segunda Clássica Monumento (já havia conquistado a Paris Roubaix em 2019) e seu nono título na LMC.
- Com 5 provas, o mês de junho teve duas a menos do que o mês anterior, mas não faltou emoção e novidades na Liga.
- O ritmo subiu, o nível das provas melhorou e os ciclistas entregaram boas corridas para os fãs.
- Do lado das novidades, a primeira é a adoção do dado de 30 lados, para tentar aumentar as fugas e diminuir os escudos (quando mais de 4 ciclistas ficam lado a lado).
- A LMC apresentou novos troféus para os ciclistas. Agora, o segundo e terceiro colocados nas 3 Grandes Voltas e na Copa do Mundo serão premiados com troféus exclusivos, mas a grande novidade do mês vem com os outros troféus.
- LMC anunciou que os ciclistas independentes terão uma prova por etapas, que neste ano será disputada depois do Tour de France, mas a partir de 2023, pode ser disputada após o Giro D'Italia.
- É o Tour do Rio, que terá seis etapas percorrendo o estado e trazendo mais emoção aos fãs de ciclismo, já que cada etapa terá um troféu diferente e, ao vencedor do geral, será entregue a Taça Guanabara!
- Com a virada do semestre, é tempo de reflexão. Nos próximos dias, será elaborado o relatório do primeiro semestre do ano e publicado aqui, no blog. Teremos estatísticas, ranking completo, análises e muito mais!
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