sexta-feira, 20 de maio de 2022

Giro D'Italia 2022 - 20/05/2022

Maio é o mês de início da primeira das 3 Grandes Voltas do Ciclismo mundial. Aguardado ansiosamente pelos fãs do esporte, o Giro D'Italia 2022 vem com 12 etapas para definir quem leva o cobiçado troféu que representa o amor infinito, lema da competição. Vamos ver, etapa a etapa, como foi a disputa deste ano.

Trofeo Senza Fine

1ª Etapa

O Giro D’Italia 2022 começou no sábado, 07/05, com um contrarrelógio de 20 quilômetros em um dia nublado e de temperatura amena.


A maioria dos ciclistas fez a prova em ritmo alto, ninguém decepcionou, mas o melhor ficou para o final. Os locais aplaudiam cada vez que um ciclista italiano saía, mas jamais poderiam imaginar que um deles fosse chegar ao final como vencedor logo na primeira etapa. E a surpresa atendeu pelo nome de Vincenzo Nibali. O atleta da Astana travou uma disputa ferrenha com Alejandro Valverde e venceu o contra relógio de abertura do Giro, deixando o espanhol da Caja Rural na segunda posição. Em terceiro ficou o eslovaco Peter Sagan (Bora).


Com apenas uma etapa, Vincenzo Nibali veste a maglia rosa.


O pódio da primeira etapa. No alto, o italiano Vincenzo Nibali (Astana), com o scudetto de vencedor. Abaixo dele, o espanhol Alejandro Valverde (Caja Rural), segundo colocado. Abaixo do troféu, o eslovaco Peter Sagan (Bora), terceiro colocado.

2ª Etapa

A primeira corrida de linha do Giro 2022 era inteiramente plana, paraíso para os sprinters, com a primeira meta volante desta edição, na metade da prova. E seria disputada em um dia chuvoso, de temperatura baixa, o que levou muitos ciclistas ao chão durante a etapa e dividiu o pelotão em vários grupos.


O piso molhado e as quedas diminuíram bastante o ritmo da prova. Os ciclistas não se esforçaram muito e tiveram uma média de velocidade muito baixa. No final, um pequeno grupo se destacou e, lá, havia um sprinter. O holandês Mathieu Van Der Poel (Corendon Circus) arrancou de forma magistral e venceu pela primeira vez no Giro e na temporada. Em segundo chegou o belga Philippe Gilbert (Lotto Belisol) e, em terceiro, o francês Thibaut Pinot (FDJ), campeão do Giro 2020.


Os italianos ainda viram dois ciclistas locais chegarem no G6, com Filippo Ganna em quinto e Michele Scarponi em sexto. Apesar das muitas quedas, não houve abandonos nesta etapa. Com a vitória na etapa, Van Der Poel divide com Vincenzo Nibali a maglia rosa.


O pódio da segunda etapa. No alto, o holandês Mathieu Van Der Poel (Corendon Circus), vencedor. Abaixo dele, o belga Philippe Gilbert (Lotto Belisol), segundo colocado. Abaixo do troféu, o francês Thibaut Pinot (Française De Jeux), terceiro colocado).

3ª Etapa
Esta etapa ainda era totalmente plana e com duas metas volante. O paraíso dos sprinters era completado por um lindo dia de céu azul e temperatura agradável, com uma leve brisa fresca correndo.

Mas a verdade é que o Giro tem sido bem decepcionante até aqui. Os ciclistas parecem não querer se esforçar, andando sempre na média. Logo no início, na disputa da primeira meta volante, houve um grande boliche e vários atletas foram ao chão. Dali em diante, o ritmo diminuiu e, salvo raríssimas exceções que saíram na fuga, a prova parecia mais um passeio ciclístico.

Já estava claro que a fuga venceria esta corrida sem cor, mas ela mesma se encarregou de trazer emoção aos fãs de ciclismo presentes ao longo do percurso. E o delírio italiano se fez presente novamente quando Filippo Pozzato (Acqua & Sapone) cruzou a linha de chegada em primeiro pelo segundo ano consecutivo nesta etapa, com uma aceleração incrível na parte final da prova. Chris Froome vinha em segundo mas, sem o sprint, viu os outros passarem, terminando em sétimo. A emoção veio na disputa pelos lugares restantes do pódio. Com os dois ciclistas da Imperatriz na disputa, o esloveno Primoz Roglic se preparou para lançar o brasileiro Rafael Andriato. Mas Andriato se desconcentrou, tocou a roda traseira do companheiro e foi ao chão, cruzando apenas em décimo sexto. Roglic chegou em segundo, com o espanhol Alejandro Valverde (Caja Rural) em terceiro, seu segundo pódio no Giro deste ano.

O TCB foi acionado para analisar as manobras de Roglic e Andriato, concluindo que não havia culpa do esloveno na queda do companheiro, decidindo por não punir ninguém. Com a vitória e os pontos nas metas volante, Filippo Pozzato é o novo maglia rosa.

O pódio da terceira etapa. No alto, o italiano Filippo Pozzato (Acqua & Sapone), com o troféu de vencedor. Abaixo dele, o esloveno Primoz Roglic (Imperatriz), segundo colocado. Abaixo do troféu, o espanhol Alejandro Valverde (Caja Rural), terceiro colocado.

4ª Etapa
Aqui começava a farra da distribuição de pontos, além de surgir a primeira subida do Giro, com uma leve inclinação de 5% na metade da prova. Um dia parcialmente nublado, com temperatura um pouco baixa, marcaria esta etapa.

Mais uma vez, o pelotão andou na média. Mas, ao contrário das 3 provas anteriores, aqui sobrou emoção. Era lógico que a fuga iria ganhar, mas desta vez foi um grupo maior de escapados que puxou o ritmo e fez a alegria dos fãs de ciclismo.

O maior show foi dado por Thibaut Pinot, cuja conquista em 2020 é considerada a maior performance de um ciclista em uma Grande Volta da LMC. O francês da FDJ saiu logo cedo na fuga, apertou o ritmo e partiu a solo, vencendo de forma avassaladora na mesma etapa que vencera em 2020. Em segundo chegou o belga Remco Evenepoel (Quickstep), que conseguiu uma arrancada brilhante para superar vários adversários e, em terceiro, ficou Sylvain Chavanel (assim como em 2019), fazendo dobradinha dupla com os demais companheiros de pódio: da Quickstep e da França (a primeira nacional deste Giro). Os italianos ainda viram Vincenzo Nibali chegar em quarto, mostrando que vem para disputar o título, mas se decepcionaram ao ver o maglia rosa Filippo Pozzato chegar em último.

A quarta etapa viu o primeiro abandono da competição deste ano. Decepção máxima entre os italianos, Filippo Ganna até vinha bem na corrida, mas sofreu uma queda no final e acabou deixando a prova.
Com a vitória e os pontos conquistados nas metas volante, Thibaut Pinot é o novo maglia rosa, tirando-a da Itália pela primeira vez neste Giro.

O pódio da etapa. No alto, o francês Thibaut Pinot (Française De Jeux), com o troféu de vencedor. Abaixo dele, o belga Remco Evenepoel (Quickstep), segundo colocado. Abaixo do troféu, o francês Sylvain Chavanel (Quickstep), terceiro colocado.

5ª Etapa
Uma prova ainda plana, mas com duas colinas no meio, sendo a primeira com 5% de inclinação e a segunda em 6%. Entre elas, farta distribuição de pontos. A corrida foi disputada em um lindo dia de céu azul, com temperatura agradável.

Apesar de ainda termos a fuga dominando as etapas, mais ciclistas pedalaram forte e buscaram escapar, talvez porque as metas volante eram próximas, talvez porque mais atletas estão se interessando pela competição. O fato é que um grupo se formou na frente, com estratégias distintas para buscar a vitória.
O público foi ao delírio com o show dos italianos e, próximo do sprint final, ter três entre os quatro escapados deu aos fãs locais a esperança de uma histórica tripleta ou, no mínimo, uma dobradinha. Ao escolherem uma boa estratégia na última subida, os italianos Damiano Cunego e Danilo Di Luca se destacaram dos demais e prepararam uma chegada eletrizante.

Enquanto Damiano Cunego acelerava e via aumentar a distância para seus adversários, Danilo Di Luca foi tocado e caiu. Atrás dele vinha Tom Dumoulin, que também caiu. Atrás de Dumoulin, vinham Michele Scarponi, Marcel Kittel e Mathieu Van Der Poel. Porém, o regulamento da Liga diz que só será julgado (e possivelmente punido) o atleta que for suspeito de causar um acidente que envolva um ciclista que está entre os seis primeiros colocados e, além disso, ele tem que chegar dentro daquela margem. Desta forma, Kittel (7º), Scarponi (10º) e Dumoulin (13º) sequer foram denunciados, anulando o julgamento do acidente de Danilo Di Luca. Sobrou Mathieu Van Der Poel, que cruzou em segundo, mas estava envolvido no acidente que tirou as chances de Tom Dumoulin. O TCB analisou as imagens e resolveu desclassificar Van Der Poel da etapa. Assim, ele foi para a última posição e os ciclistas foram subindo uma posição cada.

Diante disso, o italiano Damiano Cunego (Lampre) venceu, com o belga Greg Van Avermaet (CCC) em segundo e Danilo Di Luca (Liquigás) ficando em terceiro e formando a dobradinha italiana no pódio.
Logo no início, houve um grande boliche, levando vários atletas ao chão e deixando muitos com dores para o restante da etapa. Um deles foi Sylvain Chavanel, que não resistiu às lesões e acabou abandonando o Giro.

Após a confusa etapa, mesmo com a farta distribuição de pontos, Thibaut Pinot segue com a maglia rosa, com uma grande vantagem para os demais.

O pódio da quinta etapa. No alto, com o scudetto, o italiano Damiano Cunego (Lampre). Abaixo dele, o belga Greg Van Avermaet (CCC), segundo colocado. Abaixo do troféu, o italiano Danilo Di Luca (Liquigás), terceiro colocado.

6ª Etapa
A última corrida antes de começarem as etapas de montanha já era um prenúncio do que os ciclistas veriam a seguir. A prova tinha duas metas volante logo no início (sendo uma delas em uma subida com 5% de inclinação). No final, uma subida com 6% de inclinação após a última meta volante e antes da chegada em sprint trazia uma dificuldade extra. E, para piorar, o dia, frio e chuvoso, prometia trazer mais dificuldades ainda.

A primeira meta volante logo no início, com pista molhada, fez com que muitos ciclistas fossem ao chão e dividiu o pelotão. Aliás, as quedas foram constantes ao longo da prova, inclusive no final.

Com um grupo escapado formado por quatro ciclistas, nenhum sprinter e chegada em sprint, um desfecho interessante se desenhava, mas não foi o que aconteceu. Mais uma vez, Alejandro Valverde vinha bem, mas não conseguiu se posicionar direito e foi ao chão. O TCB foi acionado após a prova e concluiu que, desta vez, a culpa foi inteira do ciclista espanhol, mantendo as posições finais.

Quem se deu bem com isso foi o luxemburguês Andy Schleck (Saxo Bank), que foi absolvido pelo Tribunal e pôde comemorar sua primeira vitória neste Giro e na temporada. Em segundo chegou o holandês Tom Dumoulin (Sunweb) e, em terceiro, os italianos voltaram a festejar, vendo Fabio Aru (Liquigás) voltar ao pódio na etapa onde vencera em 2019 e fora segundo em 2021.

As várias quedas trouxeram dores a vários ciclistas, mas o único que não as suportou e abandonou foi Fernando Gaviria, a terceira baixa deste Giro.

Com os resultados, o Giro chega à sua metade com Thibaut Pinot vestindo a maglia rosa e um ritmo lento e desinteressado da maioria, decepcionando os fãs de ciclismo.

O pódio da sexta etapa do Giro 2022. No alto, o luxemburguês Andy Schleck (Saxo Bank), com o troféu de vencedor. Abaixo dele, o holandês Tom Dumoulin (Sunweb), segundo colocado. Abaixo do troféu, o italiano Fabio Aru (Liquigás), terceiro colocado.


7ª Etapa
Na segunda metade do Giro, as montanhas apareceram, cada etapa com uma passagem especial. A primeira destas corridas trouxe o Passo di Gavia. Os ciclistas começaram no plano, pegando logo a seguir uma subida com 5% de inclinação e, logo após, outra passagem plana. A partir dali, as coisas complicavam, com subidas em 6%, 7% e chegada no Passo di Gavia, com 9%. O dia chuvoso e de vento fresco prometia ser uma dificuldade extra.

Nada como chegar à metade e virar para cima. O ritmo foi bem mais acelerado e emocionante, justamente nas montanhas, trazendo mais emoção ao público. Os ciclistas andaram forte no pelotão e, na parte final, fizeram uma típica prova de montanha, com os mais fortes atacando e formando pequenos grupos.

Não há lugar melhor para escrever lindas histórias do que os palcos principais. E foi justamente no Passo di Gavia que uma delas foi apresentada. No final, 3 ciclistas se destacaram dos demais e foram para a disputa da vitória. Havia um montanhista, um ciclista de clássicas e um sprinter. Para piorar, esse sprinter era o único ciclista em toda a Liga (incluindo os independentes) que não havia conseguido um pódio na temporada. Mas este sprinter era Mark Cavendish. O britânico da T-Mobile, completo azarão, resolveu se esforçar ao máximo em um “sprint para cima”, deixou os adversários para trás e conseguiu sua primeira vitória no Giro e na temporada. Em segundo chegou o francês Romain Bardet (AG2R) e, em terceiro, Filippo Pozzato (Acqua & Sapone) voltou a fazer a festa dos fãs locais.

Thibaut Pinot novamente se apoiou no sucesso da quarta etapa, fez uma péssima prova (foi o 28º) e torceu para os pontos serem diluídos. Mas desta vez não funcionou assim e, para delírio do público, Filippo Pozzato volta a vestir a maglia rosa que havia perdido na quarta etapa para o mesmo Pinot. Já Mark Cavendish teve mais motivos ao celebrar sua primeira vitória na temporada, já que os pontos nas metas volante lhe permitiram vestir a maglia ciclamino, de melhor montanhista.

A chegada das montanhas trouxe mais um abandono neste Giro. Desta vez, Greg Van Avermaet não aguentou as dores de pedalar para cima e deixou a competição.

O pódio da sétima etapa e sua linda história de superação. No alto, o inglês Mark Cavendish (T-Mobile) exibe seu scudetto de vencedor. Abaixo dele, o francês Romain Bardet (AG2R), segundo colocado. Abaixo do troféu, o italiano Filippo Pozzato (Acqua & Sapone), terceiro colocado.


8ª Etapa
Seguem as montanhas, apertando um pouco mais. Nesta etapa, os ciclistas já começaram com uma subida de 6% e só tiveram um trecho plano, no meio da prova. Dali, as coisas pioravam até a chegada, em 9%, no Passo del Mortirolo. Sempre para cima, os atletas pegaram um dia de chuva e frio, dificultando ainda mais a escalada.

Apesar de ter sido mais uma prova para a fuga, o que é até comum em montanhas, esta foi a melhor etapa do Giro até aqui. Muitos ciclistas se esforçaram demais e, mesmo quando parecia estar tudo decidido, uma grande reviravolta aconteceu.

Na chegada ao Mortirolo, 3 ciclistas estavam na frente, sendo dois especialistas em terreno inclinado e um sprinter. E foi justamente este quem se deu melhor. O argentino Francisco Chamorro (Credite Agricole) fez uma prova taticamente perfeita e soube se aproveitar do cansaço dos adversários para vencer no mesmo lugar onde havia sido segundo em 2020, sua primeira vitória no Giro.

Mas foram as posições seguintes que trouxeram emoção. Primoz Roglic vinha na frente com Chamorro, mas não teve pernas para continuar, foi ultrapassado e acabou em quarto. Quem vinha logo atrás era Alberto Contador e, na combinação do ziguezague com asfalto molhado, acabou indo ao chão e vendo os demais passarem, chegando na sétima posição.

Já o holandês Bauke Mollema (Rabobank) fez uma arrancada incrível na subida, saiu da nona posição e chegou em segundo de forma espetacular. Em uma disputa incrível pela terceira posição, foi o francês Julian Alaphilippe (Quickstep) quem conseguiu vencer. Julgado pelo acidente de Alberto Contador, Alaphilippe foi absolvido pelo TCB e manteve sua posição no pódio.

Após a oitava etapa, Filippo Pozzato segue com a maglia rosa, mas a ciclamino tem novo dono, Francisco Chamorro. A nota triste da prova foi o abandono de Mathieu Van Der Poel. O holandês vinha bem, vencera a segunda etapa e chegara a usar a maglia rosa.

O pódio da etapa. No alto, o argentino Francisco Chamorro (Credite Agricole), o vitorioso. Abaixo dele, o holandês Bauke Mollema (Rabobank), segundo colocado. Abaixo do troféu, o francês Julian Alaphilippe (Quickstep), terceiro colocado.


9ª Etapa
A nona etapa foi bem dura com os ciclistas, que começaram com uma subida de 6%, passaram para 8% e, depois, tiveram um momento de refresco com o único trecho plano, no meio da prova. Depois deste descanso, as subidas eram bem pesadas, começando em 9%, passando a 10% e terminando em duríssimos 12%, no Courmayeur. A disputa seria em meio a um dia frio e nublado, com ameaça constante de chuva e muito vento, dificultando ainda mais a vida dos ciclistas.

O ritmo foi excelente, o nível subiu e os fãs enlouqueceram com esta prova, típica de montanha. O pelotão andou junto por um tempo, mas aos poucos os grupos foram se formando e tentando diferentes ataques.

Remco Evenepoel atacou quando a inclinação ficou maior e vinha para uma vitória avassaladora, mas caiu na última montanha antes do Courmayeur e viu dois ciclistas passarem feito foguetes. Um deles foi o luxemburguês Andy Schleck (Saxo Bank), que é montanhista e não foi mais incomodado até cruzar a linha de chegada e vencer pela segunda vez neste Giro. O outro foi Mark Cavendish, que é sprinter e não conseguiu arrancar nos 12% da última subida, sendo novamente ultrapassado por Evenepoel. Assim, o esforço de recuperação do belga da Quickstep foi recompensado e a ele coube o segundo lugar, deixando o inglês da T-Mobile em terceiro.

Filippo Pozzato fez uma prova excelente, mas perdeu potência nas montanhas finais e terminou em décimo. Mesmo assim, pontuou nas metas volante e manteve a maglia rosa. Já a ciclamino voltou para Mark Cavendish, graças aos seus esforços em ir para o pódio. O então líder de montanha, Francisco Chamorro, se recuperou de forma impressionante ao sair do décimo segundo lugar para cruzar em quarto, mas não foi o suficiente para se manter na frente da disputa.

Apesar de alguns ciclistas terem sofrido bastante, ninguém abandonou e, com isso, o Giro segue com 35 atletas na disputa.

O pódio da etapa. No alto, o luxemburguês Andy Schleck (Saxo Bank), com o troféu de vencedor. Abaixo dele, o belga Remco Evenepoel (Quickstep), segundo colocado. Abaixo do troféu, o inglês Mark Cavendish (T-Mobile), terceiro colocado.


10ª Etapa
A décima era a Etapa Rainha deste Giro, já começando em 7%. Depois, ia para 8%, tinha um trecho plano e, dali, só para cima. Ia a 10%, 11% e terminava em 12%, no Pinerolo. A corrida seria disputada em um lindo dia de céu azul e temperatura muito baixa, com um vento forte e gelado, dificultando a vida de quem quer escalar.

Com certeza, esta foi a melhor etapa do Giro 2022 até aqui. Os ciclistas se esforçaram muito, fizeram grandes movimentos de fuga e captura, se reagruparam no pelotão no único trecho plano e, dali em diante, os ataques começaram. Na parte final, dois ciclistas se destacaram dos demais e partiram para tentar a vitória.

Um deles era montanhista. E foi atacando para deixar o outro sem reação que a vitória se abriu. E, constante neste Giro, ele é italiano. Domenico Pozzovivo sentiu a energia dos torcedores fluindo para os seus pedais, atacou forte e venceu pela primeira vez neste Giro. Na emocionante disputa pelos lugares seguintes do pódio, o francês Romain Bardet foi o melhor e chegou em segundo, fazendo a dobradinha da AG2R. Na terceira posição chegou o belga Philippe Gilbert (Lotto Belisol).

Os pontos das metas volante foram bem diluídos e, assim, não mudaram as classificações. Filippo Pozzato segue com a maglia rosa e Mark Cavendish, com a ciclamino. Esta emocionante etapa não teve abandonos.

O pódio da Etapa Rainha do Giro 2022. No alto, o italiano Domenico Pozzovivo (AG2R), o vencedor. Abaixo dele, o francês Romain Bardet (AG2R), segundo colocado. Abaixo do troféu, o belga Philippe Gilbert (Lotto Belisol), terceiro colocado.


11ª Etapa
Superadas as montanhas, o Giro voltava ao plano. A penúltima etapa teria somente uma inclinação leve, de 5%, na metade da prova. Esta montanha separava as duas últimas metas volantes do Giro D’Italia 2022. Após isso, uma chegada em sprint. A prova seria disputada em um dia frio, com vento gelado constante e um céu azul lindo.

A volta ao plano também foi a volta da decepção. Os ciclistas correram em ritmo bem lento, já naquele clima de fim de festa, mesmo com pontos ainda em disputa. Poucos se aventuraram num ritmo mais elevado, tanto é que, na linha de chegada, havia um ciclista na fuga, um grupo de menos de 10 vindo atrás e o pelotão muito longe.

O ciclista que saiu na fuga foi Fabian Cancellara. Acelerando forte, o suíço da Saxo Bank deu show e chegou na parte final com uma vantagem grande para os que vinham atrás, indicando uma vitória fácil, mas se desequilibrou e foi ao chão. Atrás dele, liderando os perseguidores, vinha Rafael Andriato, um sprinter, que acelerou forte e conseguiu cruzar em primeiro. O TCB foi acionado e, em uma decisão muito polêmica, resolveu culpar Andriato pelo acidente e puni-lo com a desclassificação na etapa. Assim, ele foi para a última colocação e todos os ciclistas ganharam uma posição.

Desta forma, a vitória voltou para Fabian Cancellara, que foi muito vaiado no pódio, com o espanhol Alberto Contador (Astana) em segundo e o inglês Bradley Wiggins (Sky) em terceiro.

Em uma etapa sem abandonos, a maglia rosa segue com Filippo Pozzato e a ciclamino, com Mark Cavendish. A fatura está praticamente liquidada.

O pódio da décima primeira etapa. No alto, o suíço Fabian Cancellara (Saxo Bank), com o scudetto de vencedor. Abaixo dele, o espanhol Alberto Contador (Astana), segundo colocado. Abaixo do troféu, o inglês Bradley Wiggins (Sky), terceiro colocado.


12ª Etapa
Sexta-feira, 20 de maio de 2022. 35 ciclistas chegavam a Roma para a última etapa do Giro D’Italia 2022. A chuva constante e o vento forte, em um dia frio, dava um tom melancólico à festa derradeira. A prova era totalmente plana, paraíso para os sprinters.

O pelotão parte pelas ruas de Roma, para a última etapa do Giro 2022.

Filippo Pozzato largava com o título praticamente garantido, mas precisava cruzar a linha de chegada para confirmá-lo. Para o título não ficar com ele, a vitória precisava ser de Remco Evenepoel ou Alejandro Valverde e Pozzato não podia chegar entre os seis primeiros. Caso isso acontecesse, Evenepoel ou Valverde seria o campeão, já que empataria em pontos e vitórias com Pozzato, mas levaria pelo número de segundos lugares.

Se o ritmo da edição deste ano foi muito baixo, na última prova e com chuva não seria diferente. O pelotão andou junto até a metade da corrida, confraternizando sabe Deus o quê, quando começaram alguns ataques modestos. A maioria continuou andando devagar e, com isso, vários grupos se formaram. Ao final, dois ciclistas saíram em disparada e ficou claro que a vitória seria disputada entre eles. E foi assim que o francês Julian Alaphilippe (Quickstep) atacou como se fosse uma clássica e cruzou a última etapa do Giro em primeiro lugar, deixando o inglês Bradley Wiggins (Sky) em segundo e o brasileiro Rafael Andriato (Imperatriz) superando Tom Boonen para chegar em terceiro, repetindo a mesma colocação que conseguira em 2019 nesta etapa. O chão molhado levou vários ciclistas ao chão; um deles foi Thor Hushovd, que abandonou ainda no início da prova.

O pódio da última etapa do Giro 2022. No alto, com o troféu de vencedor, o francês Julian Alaphilippe (Quickstep). Abaixo dele, o inglês Bradley Wiggins (Sky), segundo colocado. Abaixo do troféu, o brasileiro Rafael Andriato (Imperatriz), terceiro colocado.

Os que disputavam o título andaram sempre atrás, ficando nas quebras dos grupos e vendo que não daria para pegar os que estavam na fuga. Alejandro Valverde terminou em 18º, Remco Evenepoel foi o 26º, mas quem comemorou mesmo foi Filippo Pozzato, que chegou em 22º e conquistou o título.

FILIPPO POZZATO CAMPEÃO DO GIRO D’ITALIA 2022

Pozzato foi ao pódio apenas na terceira etapa (ao vencer) e na sétima (quando foi terceiro), mas somou muitos pontos em metas volante ao longo do Giro. Tanto é que só pontuou em 4 das 12 etapas, mas seus adversários diretos ou faziam pontos de forma muito diluída ao longo da competição ou brilhavam em uma etapa e sumiam em outras, como foi o caso de Thibaut Pinot, que pontuou na segunda etapa, arrebentou na quarta e só andou atrás depois disso.

Já Mark Cavendish escreveu uma linda história de superação. Com mais de 50 provas disputadas no ano, era o único entre ciclistas do calendário e independentes que não tinha ido ao pódio. Sprinter, esperou as montanhas para brilhar, vencendo uma etapa, sendo terceiro em outra e conquistando o título de montanha, seu sexto título na LMC e o terceiro em montanha. Este é um dado curioso para quem não é bom em terreno inclinado, mas Cavendish está aí para jogar contra as probabilidades e o fez de forma magistral numa Grande Volta.

Mark Cavendish, no pódio com o troféu de campeão de montanha do Giro 2022.

Filippo Pozzato teve um excelente ano em 2021, quando conquistou 3 títulos (1 de montanha) e chegou a liderar o ranking. Mas faltava brilhar em uma Grande Volta e ele deixou para fazer isso em casa. Vestiu a maglia rosa pela primeira vez com a vitória na terceira etapa, perdendo na etapa seguinte e voltando a vesti-la na sétima, momento em que não tirou mais até dar à Itália o seu primeiro título do Giro D’Italia.

O pódio ficou cheio. Além de Pozzato como campeão, houve empates no segundo e terceiro lugares. Em segundo, ficaram Remco Evenepoel e Alejandro Valverde e, em terceiro, Andy Schleck e Thibaut Pinot (campeão em 2020). Cada um deles brilhou à sua forma. À exceção de Pinot, cujo brilho ocorreu em uma etapa, os demais foram muito bem durante a competição e trouxeram emoção à disputa.

O lotado pódio do Giro D'Italia 2022. Na extrema direita, o francês Thibaut Pinot (Française De Jeux) e o luxemburguês Andy Schleck (Saxo Bank), empatados em terceiro. Na extrema esquerda, o espanhol Alejandro Valverde (Caja Rural) e o belga Remco Evenepoel (Quickstep), vice-campeões. No centro, com o Trofeo Senza Fine de campeão, o italiano Filippo Pozzato (Acqua & Sapone).

NOTAS RÁPIDAS
  • Andy Schleck foi quem mais venceu, indo ao lugar mais alto do pódio em duas ocasiões.
  • Andy Schleck, Mark Cavendish, Philippe Gilbert, Thibaut Pinot, Romain Bardet, Bradley Wiggins, Filippo Pozzato, Remco Evenepoel e Alejandro Valverde foram os que mais subiram ao pódio, duas vezes cada.
  • No total, 11 ciclistas diferentes venceram e 26 subiram ao pódio.
  • Entre as equipes, a que mais venceu foi a Saxo Bank, com 3 triunfos. Já a Quickstep foi a que mais subiu ao pódio, 5 vezes. No total, 9 equipes diferentes venceram e 19 subiram ao pódio.
  • 7 nações venceram e 12 subiram ao pódio. O país que mais venceu foi a Itália, 4 vezes, também a nação que mais subiu ao pódio, ao lado da França. Cada uma com 7 idas ao lugar de honra.
  • A França e a Itália também foram os únicos países a conseguir dobradinha no pódio, uma vez cada. A França fez dobradinha na quarta etapa (Pinot venceu e Chavanel foi o terceiro) e a Itália, na quinta (Cunego venceu e Di Luca foi o terceiro).
  • Os italianos deram show neste Giro. Além do campeão, venceram 4 etapas e chegaram em terceiro em outras 3 ocasiões. Estiveram no pódio nas etapas 1, 3, 5, 6, 7 e 10, ou seja, em metade das provas. Dos 8 ciclistas italianos no Giro, 4 venceram uma etapa (Cunego, Nibali, Pozzovivo e Pozzato). Di Luca, Aru e Pozzato também conseguiram pódio. Somente Scarponi e Ganna não conseguiram chegar entre os 3 primeiros em nenhuma etapa. À exceção de Ganna, todos completaram o Giro e andaram sempre na frente, terminando algumas etapas entre os 6 primeiros.
  • Por falar em abandonos, foram 6 ao longo da competição, um número maior que em 2021 (4), mas menor que 2020 (9) e 2019 (8).
  • O TCB foi chamado para atuar algumas vezes, mas não tirou ninguém do Giro. Nas etapas 5 e 11 o Tribunal puniu os ciclistas (Mathieu Van Der Poel e Rafael Andriato, respectivamente) com a desclassificação da etapa. Assim, o ciclista vai para a última posição, mas continua na competição. Essa decisão, polêmica principalmente no caso de Andriato, levou a LMC a editar a regra das punições, criando uma exceção, caso o ciclista denunciado esteja 5 pontos de esforço atrás do acidentado, caso em que não será julgado.
  • Tivemos várias decepções neste Giro, a começar pela própria competição. Os ciclistas deram um espetáculo pobre, parecendo mais um passeio ciclístico do que uma das 3 Grandes Voltas. Os fãs de ciclismo esperavam um pouco mais. Individualmente, podemos destacar negativamente Oscar Freire (o único que não pontuou no Giro), alguns favoritos que jamais disputaram pra valer (Lance Armstrong, Bauke Mollema, Alberto Contador, Chris Froome e Michele Scarponi), mas principalmente Filippo Ganna. O contra relogista sempre andou entre os últimos e acabou sendo o único abandono italiano do Giro, na quarta etapa. Para piorar, ainda largou seu companheiro de equipe na mão e o viu se desdobrar em mil para ser campeão.
  • Do outro lado, podemos exaltar o trabalho de Filippo Pozzato, pelo primeiro título italiano no Giro. Além dele, Remco Evenepoel, Mark Cavendish, Andy Schleck, Philippe Gilbert e Tom Dumoulin deram show em várias etapas e podem ser considerados as grandes figuras do Giro D’Italia 2022.
  • Após o término da competição, Alberto Contador segue na liderança do ranking, com 84 pontos.
Os 3 troféus entregues na última etapa. Na esquerda, Mark Cavendish e o troféu de campeão de montanha. Ao centro, Filippo Pozzato e o troféu de campeão do Giro. Na direita, Julian Alaphilippe e o troféu de vencedor da última etapa.

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