Na segunda-feira, 23 de agosto, começava a edição 2021 da maior prova do ciclismo mundial. O Tour de France 2021 foi disputado de forma intensa e emocionante. O público se deleitou com os maiores ciclistas do mundo em corridas épicas e novidades na LMC. Vamos ver, etapa a etapa, como se desenrolou a competição.
1ª Etapa
No dia 23/08, o Tour de
France 2021 se iniciava com um contra relógio em um dia de céu azul e calor.
O contra relógio se resumiu a três atletas que deram show. No final, após 6 segundos lugares e 6 terceiros na temporada, o italiano Domenico Pozzovivo (AG2R) finalmente conseguiu a sua primeira vitória. Em segundo, o norte americano Lance Armstrong (USPS), repetindo a posição na mesma prova em 2020. Em terceiro, Michele Scarponi (Lampre) conseguiu o seu primeiro pódio na LMC com uma grande atuação, fazendo a dobradinha italiana no pódio. Os franceses começaram esperançosos, ao verem Romain Bardet fazer o sexto lugar. A vitória fez de Domenico Pozzovivo o primeiro camisa amarela do Tour 2021.
A primeira corrida de linha do Tour de France 2021 foi totalmente plana,
paraíso para os sprinters. O dia de sol e muito calor seria um desafio aos
ciclistas.
Apesar da prova ser inteiramente plana, muitas quedas foram vistas ao
longo do percurso. O ritmo era elevado, o que poderia levar a cortes no
pelotão, mas como haviam muitas quedas, os ciclistas eram obrigados a diminuir
e o pelotão se reagrupava. Próximo do final, o líder Primoz Roglic caiu e não
conseguiu voltar à disputa por pontos, terminando em nono lugar e abrindo
caminho para Oscar Freire, que acelerou forte e viu caminho livre à sua frente
para sprintar e ganhar, mas o campeão do Tour de 2019 acabou indo ao chão e fez
com que vários ciclistas que vinham atrás tivessem que diminuir ou parar para
evitar um boliche.
Quem escolheu o caminho certo foi o suíço Fabian Cancellara (Saxo Bank).
O campeão do Tour 2020 conseguiu desviar da queda, acelerou forte e venceu, com
o alemão Marcel Kittel (Katusha) também escolhendo o traçado certo e chegando
em segundo na mesma prova que havia sido terceiro em 2020. Apesar da queda, o
espanhol Oscar Freire (Rabobank) conseguiu voltar à bicicleta e chegar em
terceiro. O TCB foi acionado e não viu nenhuma manobra que pudesse ter causado
a queda de Freire, que estava sozinho. Assim, ninguém foi punido e Contador e
Alaphilippe escaparam, chegando em quarto e quinto lugares, respectivamente.
3ª Etapa
A terceira etapa do Tour era quase que totalmente plana. Somente uma
leve inclinação de 5% na metade do percurso aparecia como dificuldade em mais
uma prova com chegada em sprint. Um lindo dia de céu azul e temperatura
agradável emoldurava a etapa do dia com belíssimas paisagens.
Os atletas pareciam ter dificuldades, mesmo com um percurso plano.
Muitos pediram atendimento médico e algumas quedas foram vistas, uma constante
no Tour até aqui. Outra constante é o bom desempenho dos franceses, que
souberam acelerar no momento certo e, empurrados pelo público, alcançaram bons
resultados.
Ao final, quem acelerou forte e conquistou sua primeira vitória no Tour
foi o belga Remco Evenepoel (Quickstep). Em segundo, chegou o luxemburguês Andy
Schleck (Saxo Bank), mas foi o terceiro lugar que fez o público francês
delirar. Sylvain Chavanel conseguiu o primeiro pódio para os locais, além de
fazer dobradinha para a Quickstep e voltar ao pódio na mesma etapa onde foi
segundo em 2020.
Com a vitória e os pontos conquistados em metas volante, Remco Evenepoel
é o novo camisa amarela, em mais uma etapa sem abandonos.
4ª Etapa
Etapa bem parecida com a anterior, a quarta corrida do Tour seria quase totalmente plana. Com apenas uma leve inclinação de 5% no início da prova e
farta distribuição de pontos em metas volante, teria um grand finale em sprint.
A prova seria disputada em um dia nublado, com chuva em alguns trechos e um
pouco de frio.
Com um terço do Tour disputado até aqui, podemos dizer que a edição 2021
está bem decepcionante. Os ciclistas correm em ritmo diminuto e as quedas são
muito frequentes. Nesta etapa, não foi diferente. Tirando um pequeno grupo que
se esforçou, o resto preferiu manter a velocidade baixa, o que ocasionou
cortes no pelotão.
Do grupo que se esforçou, o colombiano Fernando Gaviria usou uma
estratégia de se poupar nos piores trechos e acelerar em pontos-chave para ter
energia de sobra para o sprint. Assim, o ciclista venceu e deu à Quickstep sua
segunda vitória consecutiva no Tour deste ano. Mas quem deu show mesmo foi o segundo
colocado. O espanhol Alejandro Valverde (Caja Rural) dominou a prova
praticamente inteira, fraquejando apenas na parte da montanha, quando viu
Gaviria passar. Mesmo assim, se recuperou no final e, com um bom sprint,
conquistou o segundo lugar, seu primeiro pódio na LMC. Quem também conseguiu
seu primeiro pódio foi o belga Greg Van Avermaet (CCC), que estilingou a
prova inteira e chegou em terceiro.
5ª Etapa
A primeira montanha mais difícil do circuito aconteceria na metade desta
etapa, com 7% de inclinação. De resto, muitas metas volante ao longo do
percurso e uma chegada em sprint, em um dia de céu nublado e temperatura amena.
A quinta etapa foi de alto nível, com os ciclistas se esforçando e
buscando estar sempre na frente. As metas volante eram bem espaçadas e
distribuíram bem os pontos. No final, um emocionante sprint se desenhou e,
empurrado pela torcida, o francês Julian Alaphilippe (Quickstep) conseguiu a
primeira vitória de um ciclista local nesta edição do Tour. Em segundo chegou o
norte americano Lance Armstrong (USPS), repetindo a posição da mesma etapa em
2019, e em terceiro o belga Tom Boonen fez mais uma dobradinha da Quickstep no
pódio do Tour. Esta foi a terceira vitória seguida da Quickstep no Tour 2021.
Ao chegar em segundo lugar pela segunda vez neste Tour, mais os pontos
em metas volante, Lance Armstrong é o novo camisa amarela, em uma etapa que
teve o abandono do holandês Mathieu Van Der Poel (Corendon Circus).
6ª Etapa
A última etapa antes das montanhas trazia duas subidas como uma espécie
de preparação para o que estava por vir. Com uma subida logo no início em 6% e
uma mais dura em 7% antes do final em sprint, os ciclistas teriam que pensar em
uma boa estratégia para vencerem. A prova foi disputada com muita chuva e frio,
dificultando ainda mais a vida dos ciclistas.
Se o nível do Tour de France 2021 está muito baixo na sua primeira
metade, um dia de chuva com duas montanhas não seria exceção. Festival de
quedas e um grupo grande de ciclistas andando em ritmo diminuto, o que dividiu
o pelotão em vários grupos. Mas houve quem se esforçasse e, novamente, uma bela
história foi escrita.
Único do calendário da LMC a não conseguir um pódio até aqui, o italiano
Filippo Ganna (Acqua & Sapone) pedalou forte a prova inteira,
principalmente nas subidas, e conseguiu sua primeira vitória na LMC, chegando
muito emocionado. Em segundo lugar, chegou o inglês Chris Froome (Sky),
voltando ao pódio na etapa onde havia sido terceiro em 2020. Em terceiro lugar,
comemorando muito, chegou o belga Greg Van Avermaet (CCC), que volta ao pódio
após o terceiro lugar na quarta etapa.
Brilharam também o eslovaco Peter Sagan (Bora), que saiu das montanhas
acelerando forte e conseguiu um quarto lugar; o inglês Bradley Wiggins (Sky),
que mostrou o belo trabalho de sua equipe e chegou em quinto; o criticado
italiano Vincenzo Nibali (Astana), que fez um belo trabalho nas montanhas para
cruzar em sexto; e o espanhol Alejandro Valverde, que fazia bela prova e já
havia pontuado em metas volante quando caiu antes da última subida, se
afastando da vitória mas conseguindo um sétimo lugar.
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Após conquistar sua primeira vitória na LMC, o italiano Filippo Ganna é erguido no pódio por Chris Froome e Greg Van Avermaet, uma tradição na Liga. |
7ª Etapa
A metade do Tour de France trouxe as etapas de montanha, começando com
uma difícil prova nos Pirineus. A corrida começava plana, mas logo a seguir
vinham as subidas, no início com 6%, depois chegando a 10% e terminando em 7%.
O dia frio, parcialmente nublado, poderia ser um refresco aos ciclistas.
A segunda metade do Tour começou com uma prova de altíssimo nível. Os
ciclistas pedalaram forte mesmo com as montanhas aparecendo e deram um show
para o público presente ao longo do percurso. Os torcedores locais foram ao
delírio quando viram Thibaut Pinot atacar no trecho de pior inclinação, mas
infelizmente lhe faltou pernas para vencer. Quem se deu bem com um “sprint para
cima” foi o argentino Francisco Chamorro (Credite Agricole), que venceu a primeira das etapas de montanha desta edição do Tour. Em segundo lugar
chegou o holandês Tom Dumoulin (Sunweb), no mesmo estágio onde havia vencido no
ano passado. Se faltou pernas a Pinot para vencer, ao menos o francês da
Française De Jeux pôde chegar em terceiro e ser muito aplaudido.
Filippo Ganna foi o décimo oitavo, mas conseguiu manter a camisa
amarela. O segundo lugar conquistado na prova e os pontos em metas volante
deram a Tom Dumoulin a camisa branca com bolinhas vermelhas. A primeira etapa
de montanha do Tour de France 2021 não teve abandonos.
8ª Etapa
Ainda nos Pirineus, os ciclistas teriam um dia mais duro que o anterior,
já começando com uma subida em 7% e chegando a 11% na linha de chegada, o
temido Col du Tourmalet. Para piorar, choveu e ventou forte durante toda a
prova.
Mesmo com os fortes ventos, que levaram vários ciclistas ao chão, esta
dificílima corrida foi a melhor desta edição do Tour de France. Os atletas se
esforçaram muito e fizeram uma típica prova de montanha, com vários grupos se
separando e tentando se ajudar. E também tivemos dois momentos tristes, para
dar um toque extra de emoção à prova.
O primeiro deles foi com Thibaut Pinot. O ciclista da Française de Jeux
deu show a prova inteira, saiu em uma fuga solo e continuou acelerando forte. No
único trecho plano, no meio da corrida, o pelotão tentou se aproximar dele, mas
quando veio a subida seguinte, Pinot voltou a acelerar. Remco Evenepoel,
Damiano Cunego e Rafael Andriato atacaram para se desgarrarem do pelotão e,
mesmo assim, não conseguiram chegar em Pinot. Porém, na penúltima subida, bateu
um forte vento e Pinot foi ao chão, sendo ultrapassado pelos demais. O ciclista
francês não conseguiu se recuperar e terminou a prova em oitavo lugar,
decepcionando pela segunda vez seguida nas montanhas.
Quem não teve nada a ver com isso foi Damiano Cunego. O italiano da
Lampre soube atacar no momento certo, segurou o ímpeto dos rivais e venceu pela
primeira vez, na mesma etapa onde foi terceiro, em 2020. Em segundo lugar
chegou o belga Remco Evenepoel (Quickstep), que fez uma prova segura e tática e
soube finalizar bem. Em terceiro, para delírio dos torcedores locais, Romain
Bardet (AG2R) superou uma queda logo no início para impor um ritmo fortíssimo e
repetir o pódio que havia conquistado na mesma etapa em 2019.
A segunda nota triste da corrida foi o abandono de Domenico Pozzovivo. O
italiano da AG2R venceu a primeira etapa, vestiu a camisa amarela em duas
ocasiões e vem de ótima temporada, mas não aguentou as dores e acabou deixando
a competição.
Com 36 ciclistas, o Tour de France segue com novo líder tanto nas
camisas amarela quanto branca de bolinhas. É o belga Remco Evenepoel
(Quickstep), que volta a liderar depois de 5 etapas.
9ª Etapa
Superados os Pirineus, era hora de encarar os Alpes franceses. As
montanhas ficam piores a cada etapa e, aqui, os ciclistas já começavam em 10%,
mas a chegada seria em 7%. Ventou muito durante toda a corrida e choveu em
alguns trechos, dificultando a vida dos ciclistas.
Houve um grande boliche no início e vários ciclistas foram ao chão,
incluindo o líder do geral e de montanha, Remco Evenepoel. Isso levou a mais um
episódio triste, pois o italiano Damiano Cunego (Lampre) não suportou combinar
as subidas com as dores da queda e abandonou. O campeão mundial havia vencido a
etapa anterior e disputava o título de montanha.
Tirando a queda logo no início, foi uma típica prova de montanha, com
uma fuga se formando no início e pequenos grupos de ciclistas se juntando para
tentarem sobreviver, sem conseguirem montar um pelotão. Emoção de sobra na fuga,
pois Philippe Gilbert partiu com boa vantagem, mas cansou após a metade e se
viu ultrapassado por Filippo Ganna. Mas, na subida final, o belga da Lotto
Belisol conseguiu uma arrancada incrível, ultrapassou novamente o italiano da
Acqua & Sapone e venceu, deixando Ganna em segundo. Completando a
dobradinha italiana no pódio (a segunda neste Tour), Vincenzo Nibali (Astana)
coroou uma excelente prova e conquistou o terceiro lugar. Méritos também para o
eslovaco Peter Sagan (Bora) que, mesmo não sendo especialista em montanha,
conseguiu impor um ritmo excelente e cruzou em quarto lugar.
Com o segundo lugar na etapa e os pontos conquistados em metas volante,
Filippo Ganna volta a conquistar a camisa amarela. Já a vitória tanto na etapa
quanto nas duas últimas metas volante deu a Philippe Gilbert a camisa branca de
bolinhas.
10ª Etapa
O pior ficou para o final. A última etapa de montanha, ainda nos Alpes,
levaria os ciclistas ao Mont Ventoux. O começo da prova foi em 9% e o final, em
12%. Jamais tivemos menos de 9% de inclinação nesta etapa duríssima, a não ser
um trecho plano na metade. Como nada está tão ruim que não possa piorar, os
ciclistas teriam um dia frio e de muito vento pela frente, com chuva forte em
alguns trechos.
O Mont Ventoux é mítico no sentido amplo da palavra. Lá vemos de tudo:
sofrimento, superação, estratégia, drama total. E a edição 2021 não foi
diferente. Os grupos se formaram, mas sempre ficaram próximos uns dos outros e,
com isso, ataques e contra ataques se sucediam. Enquanto Filippo Gana sofria
com sua primeira prova no Mont Ventoux e marcava Remco Evenepoel no grupeto,
Lance Armstrong queria a camisa amarela e atacava sempre que conseguia reunir
fôlego. A disputa da camisa branca de bolinhas também era apertada e, com isso,
Tom Dumoulin e Vincenzo Nibali partiram. Philippe Gilbert só percebeu e
aumentou o ritmo quando já era tarde. Assim, a décima etapa foi mais uma prova
de altíssimo nível e emocionou os fãs do ciclismo.
No final, brilhou a estrela do holandês Tom Dumoulin (Sunweb), que foi o
primeiro a derrotar o Mont Ventoux em 2021. A seguir, uma disputa eletrizante
deu ao norte americano Lance Armstrong (USPS) o segundo lugar, deixando o
luxemburguês Frank Schleck (Saxo Bank) em terceiro e o eslovaco Peter Sagan
(Bora) em quarto. Sagan foi brilhante novamente, se protegeu bem e conseguiu
somar pontos importantes.
Rafael Andriato não suportou as dores e abandonou o Tour, deixando a
competição com 34 atletas. Filippo Ganna sofreu, mas se manteve com a camisa
amarela. Apesar de Philippe Gilbert ter chegado em sexto, a vitória na etapa e
os pontos em metas volante deram a Tom Dumoulin a camisa branca de bolinhas.
11ª Etapa
Superadas as montanhas, o Tour de France entra em sua reta final. Esta
prova tinha as duas últimas metas volantes deste Tour e duas colinas, com
apenas 5% de inclinação para dar alguma dificuldade aos ciclistas. A corrida
foi disputada em um lindo dia de céu azul, temperatura em elevação e algum
vento.
O vento que soprou forte no início era um bordure e provocou muitos
cortes no pelotão, permitindo que alguns ciclistas escapassem. O cansaço do
Tour também se fez presente e, por isso, muitos não quiseram se esforçar.
Apesar dos cortes, o pelotão voltava a se agrupar, à exceção de uma fuga
que foi formada com quatro ciclistas: Fabian Cancellara, Sylvain Chavanel,
Chris Froome e Greg Van Avermaet. Entre eles, foi formada “la fuga de la fuga”,
com Fabian Cancellara (campeão do Tour 2020) e Chris Froome (vencedor desta
etapa em 2019).
Após a segunda montanha, Froome cansou um pouco e foi aí que Cancellara
atacou. O suíço da Saxo Bank vence sua segunda etapa nesta edição com sobras,
deixando o inglês da Sky em segundo. Uma emocionante disputa se deu pelo
terceiro lugar e, empurrado pelo público, o francês Sylvain Chavanel
(Quickstep) conseguiu o lugar no pódio. Os franceses ainda saíram felizes com o
sexto lugar de Thibaut Pinot (FDJ) e o sétimo de Romain Bardet (AG2R).
Destaque, também, para Avermaet (CCC) e Mark Cavendish (T-Mobile),
respectivamente quarto e quinto colocados.
Nenhum dos primeiros colocados pontuou nas metas volante ou no final da
corrida e ninguém abandonou nesta etapa. Assim, o Tour de France se encaminha
para Paris com Filippo Ganna com a camisa amarela.
12ª Etapa
O Tour de France 2021 chegou à sua derradeira corrida com festa, em uma
etapa totalmente plana. Os 34 ciclistas que sobreviveram até aqui iriam até
Paris e dariam três voltas em um circuito fechado, com chegada na Avenida
Champs Elysées, de frente para o Arco do Triunfo. A corrida seria disputada em
um lindo dia de céu azul, temperatura agradável e algum vento.
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Os ciclistas entram em Paris, tendo a Torre Eiffel ao fundo, para a última etapa do Tour de France 2021. |
Após 11 etapas, somente quatro atletas ainda tinham chances de conquistar o título. O italiano Filippo Ganna largou com a camisa amarela e precisava marcar os demais. Lance Armstrong tinha 3 pontos de desvantagem para o líder; Tom Dumoulin estava há 5 de Ganna; e 9 pontos separavam Remco Evenepoel da camisa amarela. Assim, sem pensar no resultado dos demais, Armstrong precisava, no mínimo, de um quarto lugar; Dumoulin, de um segundo; e Evenepoel precisava vencer.
A última etapa é sempre uma festa. Depois de uma competição dura na
maior prova do ciclismo mundial, os atletas estão desgastados e só querem
cruzar a linha de chegada. Alguns que ainda disputam o título tentam se
esforçar para tal e outros querem finalizar o Tour vencendo. Assim, uma fuga
foi formada pelo grupo de atletas que queriam a vitória na Champs Elysées e o
resto do pelotão vindo atrás, confraternizando e se preparando para entrar em
Paris em grande estilo.
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O pódio da última etapa, de frente para a Torre Eiffel. No alto, o italiano Danilo Di Luca (Liquigás), com o troféu de vencedor. Abaixo dele, o belga Tom Boonen (Quickstep), segundo colocado. Abaixo do troféu, o italiano Michele Scarponi (Lampre), terceiro colocado. |
Dos que disputavam o título, nenhum se esforçou. Filippo Ganna largou
indo para a frente e marcando os demais. Tom Dumoulin estava mais preocupado
em cruzar a linha de chegada com a camisa branca de bolinhas e terminou em
vigésimo oitavo. Remco Evenepoel não se esforçou durante a prova, mas acelerou
no final e foi o vigésimo quarto. O mesmo ocorreu com Lance Armstrong, que
parecia cansado depois de onze etapas e chegou em décimo sétimo. Assim, Filippo
Ganna só precisava cruzar a linha de chegada e o fez com emoção. Com uma queda
na última curva, Ganna voltou à bicicleta e, com lágrimas mais de emoção do que de
dor, cruzou em décimo nono para conquistar a maior prova do ciclismo mundial. O
suíço Fabian Cancellara (Saxo Bank) esteve envolvido na queda no início da
prova, precisou de atendimento médico, correu com dores e não aguentou,
abandonando na última volta por Paris. Com isso, perdeu a chance de fazer o ponto
de bonificação para o ranking, já que terminaria em sexto, mas como abandonou,
a colocação foi herdada pelo ciclista seguinte (Philippe Gilbert).
FILIPPO GANNA CAMPEÃO DO TOUR DE FRANCE 2021
A História foi feita na LMC. Estreante na temporada, Ganna não participou
do Giro D’Italia; esta era a sua primeira competição de Grand Tour. E,
tal qual Bradley Wiggins na Vuelta 2020, Ganna estreou como campeão. Com uma vitória na sexta etapa e um segundo lugar na nona (seus dois
primeiros pódios na LMC), Ganna também fez pontos importantes ao longo da
competição. Vestiu a camisa amarela em 5 das 12 etapas, começando pela sexta e
mantendo na sétima. Ao perder a liderança, voltou à ponta na nona etapa e não
perdeu mais. Um feito memorável de uma estrela em ascensão no ciclismo.
Mas este foi o Tour da consagração de Filippo Ganna. Especialista em
contra relógio, o italiano da Acqua & Sapone mostrou uma capacidade muito grande
de marcar seus adversários e calcular riscos. De quebra, é o primeiro a levar o
novo troféu do Tour de France.
Em segundo lugar, ficou o norte americano Lance Armstrong (USPS),
mostrando que o Tour de France é a sua especialidade. Em terceiro, o holandês
Tom Dumoulin (Sunweb), que também conquistou o título de montanha.
NOTAS RÁPIDAS
- Fabian
Cancellara foi o ciclista que mais venceu, com 2 vitórias;
- Lance
Armstrong foi quem mais subiu ao pódio, 3 vezes, todas em segundo lugar;
- No
total, 11 ciclistas diferentes venceram neste Tour de France (apenas
Cancellara repetiu uma vitória) e 25 subiram ao pódio. Além dos
recordistas desta edição, destaque para Remco Evenepoel, Filippo Ganna e
Greg Van Avermaet, Michele Scarponi e Alejandro Valverde, todos estreantes e com pódios nesta edição. Além deles, Sylvain Chavanel também brilhou, com
dois terceiros lugares;
- Seis ciclistas vestiram a camisa amarela neste Tour: Filippo Ganna (5 vezes), Remco Evenepoel (2 vezes), Domenico Pozzovivo, Fabian Cancellara, Alejandro Valverde e Lance Armstrong (todos 1 vez);
- Das
equipes, a Quickstep foi a que mais venceu, 3 vezes, e subiu ao pódio, 8
vezes;
- A
Itália foi a nação que mais venceu, 4 vezes, e a que mais foi ao pódio, 8
vezes. Mas a Bélgica acompanhou de perto, com 7 pódios no total;
- A
Itália mostrou sua dominação no ciclismo, conquistando 3 dobradinhas no
pódio, nas etapas 1, 9 e 12. Foi a única nação a conseguir dobradinha.
- No
total, tivemos 7 abandonos e 33 ciclistas completando o Tour de France.
Este foi o menor número de abandonos em todas as edições do Tour, já que
tanto em 2019 quanto em 2020, tivemos 13 em cada.
- O
TCB só foi acionado na segunda etapa e não puniu nenhum ciclista, outro
recorde.
- Os franceses só conseguiram uma vitória, com Julian Alaphilippe na quinta etapa, mas conquistaram 5 pódios. Além da vitória de Alaphilippe, Thibaut Pinot, Romain Bardet e Sylvain Chavanel (este duas vezes) conseguiram chegar em terceiro lugar, ou seja, todos os franceses presentes ao Tour conseguiram ir ao pódio. Além disso, andaram sempre no grupo da frente, pontuaram bem e não abandonaram. Os torcedores locais saíram satisfeitos.
- Após a segunda das 3 Grandes Voltas no ano, o ranking da LMC não teve alterações em seus 3 primeiros lugares. O italiano Filippo Pozzato (Acqua & Sapone) segue líder, com 147 pontos; em segundo ainda está o esloveno Primoz Roglic (Imperatriz), com 136; e em terceiro permanece o inglês Mark Cavendish (T-Mobile), com 128.
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