Se maio teve a primeira das 3 Grandes Voltas do Ciclismo Mundial, junho veio com os campeonatos continentais e a Copa do Mundo, além de mais uma estreia no calendário da LMC. Vamos conferir como foi o mês de junho para os fãs do ciclismo!
CAMPEONATO EUROPEU
No dia 06 de junho, os ciclistas estavam na Eslováquia, para a disputa
do Campeonato Europeu de Ciclismo. Um traçado quase que inteiramente plano (à
exceção de uma subida de 5% na metade da prova) e um dia de sol e muito calor
esperavam os atletas.
O traçado da prova foi desenhado para favorecer Peter Sagan, o ciclista
local que é sprinter. Isso significava que os sprinters também poderiam se
favorecer deste tipo de terreno. Por ser disputada em formato de clássica, a
corrida do Campeonato Europeu viu muitos ataques desde o início e pouca
colaboração entre os atletas, ocasionando muitos cortes no pelotão. Com a linha
de chegada se aproximando, os atletas se alinhavam para um final em altíssima
velocidade e ele foi assim mesmo, com emoção de sobra.
Ao final, quem teve mais forças para sprintar foi o inglês Mark
Cavendish (T-Mobile). Se aproveitando do estilo parecido com o de Sagan,
Cavendish arrancou e não foi pego por ninguém, chegando com boa sobra e
comemorando seu primeiro título europeu, o quarto em 2021 e o
quinto na LMC. De quebra, sua vitória leva o Europeu 2022 para a Inglaterra.
Em segundo lugar chegou o alemão André Greipel (Lotto Belisol), voltando ao pódio após ser terceiro em 2020, na França. Em terceiro lugar, uma disputa eletrizante que só foi decidida no photofinish viu o espanhol Alberto Contador (Astana) ficar com a última posição no pódio. Peter Sagan confiou no trabalho de pelotão, se poupou para o final e decepcionou, chegando apenas em décimo sétimo. Como os campeonatos continentais não contam pontos para o ranking, este permaneceu inalterado.
CAMPEONATO PANAMERICANO
Também no dia 06 de junho, os seis atletas das Américas estavam no
Brasil para a disputa do Campeonato Panamericano 2021. Disputada no mesmo
traçado dos Jogos Olímpicos do Rio, tinha duas subidas, sendo a primeira em 5% e a
segunda (após a metade da prova) em difíceis 9%. Depois disso, tudo plano para
chegada em sprint na Praia de Copacabana. A corrida seria disputada em um dia
parcialmente nublado e de muito calor.
Desde o início, Lance Armstrong saiu em fuga e imprimiu um ritmo
fortíssimo. O americano da USPS venceu com uma sobra incrível, sem jamais ser
incomodado e conquistou o Panamericano pela primeira vez (havia sido bronze em
2020), o primeiro título do ano e o quarto na LMC. A sobra de Armstrong foi
tanta, que ele chegou a cair próximo da linha de chegada e conseguiu voltar à
bicicleta e vencer. Com isso, o Panamericano de 2022 será nos Estados Unidos.
Na disputa pelas posições seguintes no pódio, o colombiano Fernando Gaviria (Quickstep), campeão em 2019, conquistou a segunda posição. O terceiro lugar foi do campeão de 2020, o brasileiro Murilo Fischer (FDJ), que foi o único a ir ao pódio nas 3 edições da competição, já que também havia sido bronze em 2019. Assim como o Campeonato Europeu, o Panamericano não dá pontos para o ranking.
COPA DO MUNDO
Em 19 de junho, os atletas voltavam de duas semanas de treinos pesados
para a prova magna da LMC. A Copa do Mundo de Ciclismo 2021 foi
disputada na Holanda. Graças a uma mudança no regulamento, as montanhas foram
distribuídas ao longo do percurso, ao contrário dos anos anteriores, quando
eram juntas na metade da prova.
Assim, um dia frio e nublado, com chuva e vento em alguns trechos,
aguardava os atletas e, para piorar, montanhas bem difíceis. As
duas primeiras, seguidas, eram no primeiro terço de prova e tinham 5 e 7% de
inclinação. Um trecho plano e logo a seguir outra montanha, de 11%. Mais pro
final da prova, havia uma colina, com uma montanha de 9%, um trecho plano e
outra montanha, em 6%, para preparar a chegada em sprint.
Logo no início, começaram os ataques e uma fuga se formou,
principalmente com Danilo Di Luca, Fabian Cancellara e Mark Cavendish. Mais
atrás, outros ciclistas iam e vinham. Cancellara e Cavendish aguentaram mais ou
menos até o meio da prova, foram absorvidos pelo pelotão e jogados para trás,
terminando a Copa do Mundo em décimo sexto e vigésimo quarto, respectivamente.
Já Danilo Di Luca manteve um ritmo alucinante a prova inteira, partindo
a solo e mantendo uma vantagem enorme à frente dos demais, que tiveram que se
organizar para buscar o escapado. Um grupo foi formado com Damiano Cunego,
Oscar Freire, Sylvain Chavanel, Domenico Pozzovivo, Romain Bardet e Frank e
Andy Schleck, que forçavam muito no revezamento para tentarem diminuir a
diferença. A cada montanha, Di Luca aumentava mais o ritmo e os demais tinham
que fazer mais força.
No último terço de prova, Danilo Di Luca diminuiu o ritmo, dando a
impressão de que estava administrando a corrida. Na verdade, tinha cansado e tentava
segurar a vantagem que tinha. Mas alguns ciclistas fizeram boas escolhas e
começaram a se preparar para uma grande chegada em sprint.
A história foi feita nesta Copa do Mundo quando Damiano Cunego começou a
acelerar, suando sangue. O ciclista da Lampre conseguiu uma ultrapassagem
sensacional a poucos metros da linha de chegada e venceu a Copa do Mundo, com
Danilo Di Luca (Liquigás) ficando com a segunda posição e completando a
dobradinha italiana. Em terceiro, o espanhol Oscar Freire (Rabobank) bateu o
holandês Mathieu Van Der Poel (Corendon Circus) e conseguiu a terceira posição,
deixando o aplaudido ciclista local na quarta posição. Destaque também para os
franceses Sylvain Chavanel e Julian Alaphilippe (ambos da Quickstep) e Romain
Bardet (AG2R), que chegaram respectivamente em quinto, sexto e oitavo.
Damiano Cunego superou um pneu furado no último terço de prova e
conquistou a sua primeira Copa do Mundo, seu segundo título no ano e oitavo na
LMC. De quebra, leva a competição de volta para a Itália em 2022, já que a mesma foi
disputada lá em 2020 (após o título de Fábio Aru em 2019). Danilo Di Luca
conquistou seu primeiro pódio na Copa do Mundo e fez a primeira dobradinha de um
país na competição. Oscar Freire também foi ao pódio da Copa do Mundo pela
primeira vez, mas é a segunda vez seguida que a Rabobank vai ao pódio, já que o
campeão de 2020 foi o holandês Bauke Mollema.
Por falar em Mollema, ele foi a grande decepção da corrida. Com um
traçado feito para ele, o holandês jamais saiu do grupeto e terminou
humilhantemente em último lugar.
Com o vice campeonato mundial, Danilo Di Luca disparou na frente do
ranking, com 106 pontos. Em segundo, permanece Filippo Pozzato, com 98, e em
terceiro também permanece Marcel Kittel, com 89.
VOLTA DA COLÔMBIA
Em 20 de junho de 2021, estreava na LMC a Volta da Colômbia. Um contra
relógio em um dia parcialmente nublado e de temperatura amena foi o pontapé
inicial de uma competição recheada de montanhas. A prova foi de alto
nível e, para a competição estreante, nada melhor do que uma vitória de
alguém que foi alvo de zombarias de muitas pessoas. O belga Philippe Gilbert
(Lotto Belisol), dono da maior streak negativa de vitórias da LMC, conseguiu
sua segunda vitória no ano, com o norueguês Thor Hushovd (Credite Agricole) em
segundo e o italiano Filippo Pozzato (Acqua & Sapone) em terceiro.
A segunda etapa foi no dia 21 de junho e também fez história, em um dia
frio e de vento muito forte. Após a vitória de Philippe Gilbert no Giro
D’Italia, quebrando a streak negativa, somente um ciclista ainda não havia vencido na
LMC. Depois de estrear na Liga com uma medalha de prata nas Olimpíadas,
Mathieu Van Der Poel subiu ao pódio mais 8 vezes, sendo 6 em segundo e 2 em
terceiro. Mas nas condições adversas encontradas na segunda etapa da Volta da
Colômbia, o holandês da Corendon Circus deixou seus adversários comendo poeira
no sprint final e cruzou a linha de chegada com os braços cruzados à frente da
barriga, sua comemoração característica, para vencer pela primeira vez na LMC.
Em segundo, chegou o argentino Francisco Chamorro (Credite Agricole) e, em
terceiro, o francês Julian Alaphilippe (Quickstep).
No dia 27 de junho, os ciclistas faziam a sexta e última etapa de uma
Volta da Colômbia disputadíssima, onde a cada corrida tivemos um líder diferente.
Com uma meta volante na metade da prova, seguida por uma montanha de 8% de
inclinação, a última etapa da edição de estreia desta competição via 7
ciclistas chegarem até aqui com chances de título.
Se desde a primeira etapa os atletas estiveram às voltas com montanhas,
frio, vento e chuva, na última encontraram um lindo dia de céu azul e
temperatura pra lá de agradável. O ritmo diminuto mostrava que poucos estavam a
fim de correr, tanto que após a meta volante, o número de ciclistas na disputa
do título caiu para 4.
Muitos ciclistas se pouparam nesta etapa derradeira, deixando o então
líder Sylvain Chavanel bem confortável. O francês da Quickstep marcou seus
adversários mais próximos, viu que nenhum deles saía de um dos inúmeros
grupetos formados ao longo da prova e só no final acelerou para cruzar a linha
de chegada em nono, comemorando o virtual título.
No entanto, dos que disputavam a vitória, havia um contender que ninguém
considerava, mas que pontuou na meta volante, aumentando suas chances de
título. Enquanto o italiano Fabio Aru (Liquigás) aumentava a diferença na fuga
solitária até vencer com muita sobra, seu compatriota Filippo Pozzato (Acqua
& Sapone) lançou um sprint espetacular para chegar em segundo. Em terceiro,
veio o brasileiro Luciano Pagliarini (Saunier Duval). O domínio italiano na
sexta etapa foi tanto, que eles tiveram 4 ciclistas entre os 6 primeiros. Além
dos que formaram a dobradinha no pódio, Vincenzo Nibali (Astana) foi o quarto
colocado e Damiano Cunego (Lampre), o quinto.
Enquanto era cumprimentado pelos mecânicos, diretores e companheiros, Chavanel não havia percebido que o segundo lugar bastava a Filippo Pozzato para ficar com o título. Quando foi anunciado o campeão, uma grande surpresa tomou conta dos presentes. Chavanel teve uma grande decepção com o erro de cálculo da sua equipe, mas não saiu de mãos abanando. O francês da Quickstep ficou com o título de montanha da Volta da Colômbia 2021.
A lenda do futebol colombiano Leonel Alvarez entrega o troféu de montanha ao francês Sylvain Chavanel (Quickstep). |
Pozzato conquista seu terceiro título na LMC, já que havia vencido tanto o GC quanto o título de montanha na Fleche Wallonne. Tecnicamente falando, a primeira Volta da Colômbia da LMC foi espetacular. Corridas de altíssimo nível, 6 vencedores diferentes e 6 camisas amarelas a cada etapa, garantia de emoção até o final. Apesar do altíssimo número de quedas (fruto do tempo chuvoso a maior parte do tempo), somente dois ciclistas abandonaram a competição: Domenico Pozzovivo, na segunda etapa, e Julian Alaphilippe próximo à linha de chegada da última etapa.
A decepção ficou por conta de Fernando Gaviria. O ciclista local, membro
da Quickstep, andou sempre atrás, jamais deu sinais de que iria para o pódio e
terminou sem marcar um ponto sequer. O vigésimo quarto lugar na última etapa
justifica bem a frustração colombiana com o seu atleta.
Após a Volta da Colômbia, o ranking sofreu nova reviravolta. Filippo
Pozzato assume a liderança, com 133 pontos, deixando Danilo Di Luca em segundo,
com 112 pontos. Marcel Kittel se mantém em terceiro, mas agora com 90 pontos.
RANKING
- Até a metade do ano, foram disputadas 14 competições e foram distribuídos 6 prêmios de montanha, com 69 corridas.
- 13 ciclistas diferentes já conquistaram ao menos um título, seja de GC ou de montanha. Mark Cavendish é o maior ganhador de títulos GC (com 3) e também no geral (com 4), já que conquistou um prêmio de montanha. O maior ganhador de prêmios de montanha é Julian Alaphilippe (com 2).
- 30 ciclistas já venceram ao menos uma prova. O que mais venceu foi o líder do ranking, Filippo Pozzato, com 7 triunfos. Ainda não venceram os ciclistas Oscar Pereiro Sio, Andy Schleck, Luciano Pagliarini, André Greipel, Domenico Pozzovivo e Murilo Fischer.
- No entanto, todos os ciclistas já foram ao pódio no mínimo 2 vezes. Os que mais chegaram ao pódio foram Tom Boonen, Danilo Di Luca e Domenico Pozzovivo.
- Com a Real Liga de Ciclismo, o Giro D'Italia e a Copa do Mundo no semestre, os italianos dominam o circuito. Os melhores atletas até aqui são Filippo Pozzato, Danilo Di Luca, Domenico Pozzovivo, Damiano Cunego, Mark Cavendish, Sylvain Chavanel e Primoz Roglic.
- Por outro lado, alguns atletas decepcionam. Oscar Pereiro Sio parece estar em declínio na carreira; André Greipel não conseguiu voltar à forma de 2019; Thibaut Pinot veio com grande pompa após o título no Giro D'Italia 2020 e só tem uma vitória no ano; Murilo Fischer não consegue decolar e nem lembrar seu desempenho de 2019 e 2020, quando ganhou o apelido de "sprinter das montanhas".
- Mas a grande decepção mesmo tem sido a equipe Sky. Chris Froome venceu apenas duas vezes e chegou uma vez em terceiro, mas tem corrido a maioria das provas na parte de trás do pelotão. Bradley Wiggins só tem uma vitória e um segundo lugar, além de andar muito no grupeto e jamais mostrar que pode disputar o bi da Vuelta a Espanha.
- Julho promete mais ainda para os fãs de ciclismo. Ainda em junho, começou o Tour da Califórnia e a prova seguinte, o Criterium du Dauphiné, trará a grande novidade da LMC em 2021!
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