terça-feira, 31 de outubro de 2017

Torneio Clausura 2017 – Décima Primeira Rodada – 30/10/2017

Domingo foi dia de cumprir o dever cívico e votar no plebiscito sobre o armamento (ou não) da guarda municipal. Por este motivo, a conclusão da décima primeira rodada do Clausura foi empurrada para a segunda-feira. Apesar de ser início de semana e os jogos começarem de manhã bem cedo, o público lotou o Itaquá Dome, pois era dia de Superclássico. Mas, como é bom viver no primeiro mundo, a segunda-feira inteira ficou sem internet, por isso a resenha dos jogos será publicada somente nesta terça. A bruxa está solta!

BOCA JUNIORS 2x3 RIVER PLATE

Que a campanha do Boca é muito distante das ambições de sua torcida, isso é fato. Que a última rodada trouxe uma vitória (2x1 Racing) mais pelos erros do rival do que pelos acertos próprios, isso é outro fato. Mas o terceiro fato é que importa. O Boca conseguiu vencer o maior rival no primeiro turno e quer repetir a dose agora, aproveitando-se do fato de que seus rivais diretos na classificação não conseguiram vencer na rodada. Já o River quer esquecer o que houve no primeiro turno e se concentrar na vitória, para se manter colado no Estudiantes e, no confronto direto na próxima rodada, ultrapassar os rivais de La Plata. Além disso, uma vitória garante o River nas semifinais com antecipação. No primeiro turno, River 2x4 Boca.

A torcida que começou sua semana cedo nas arquibancadas do estádio foi brindada com um jogo impressionante. As duas equipes jogaram muito bem e fizeram um clássico de pura emoção. Bem organizado, o River tocava de pé em pé até a área do rival. Trezeguet e Ortega acertaram a trave e Abbondanzieri apareceu bem em outros lances. O Boca jogava mais na base da raça, apostando nos contra ataques e, também com bons passes, encontrou a trave com Palermo, com Carrizzo tendo que intervir para evitar o gol em outro par de ocasiões.

Com tantas emoções assim, a dúvida sobre quem abriria o marcador persistiu até os 6 minutos, quando Almeyda passou a Berizzo, Buonanotte gritou que a bola era dele, mas foi lento demais para pegá-la. Ibarra correu mais que o camisa 30 e conseguiu roubar-lhe a bola, lançando na frente para Palermo. O camisa 9 recebeu na entrada da área, pelo lado direito. Trazendo para o pé esquerdo, Palermo ganhou ângulo e invadiu a área, chutando cruzado e sem chances para Carrizzo, para fazer Boca 1x0. Faltam 6 gols para o centésimo de Palermo.

O time xeneize nem teve tempo de comemorar, pois o River empatou logo na saída, com a jogada conhecida como 'figura 8'. Gallardo deu a saída e correu para o lado direito. Barrado deu a quebra de asa para o lado esquerdo e tocou no ponto futuro para Berizzo. O camisa 6 apareceu como elemento surpresa, recebeu próximo à entrada da área e chutou forte, sem chances para Abbondanzieri, fazendo River 1x1 aos 7 minutos.

O jogo ganhou emoção e as duas equipes se lançaram em busca do segundo gol, cada uma na sua característica. Aos 10 minutos, Gallardo pegou a bola e telegrafou o passe para Buonanotte na esquerda. Schelloto percebeu e se antecipou, roubando a bola, que caiu aos pés de Ibarra. O camisa 4 deu um bom passe de volta para Schelloto, que passou no meio de dois marcadores para invadir a área em diagonal e chutar cruzado para fazer Boca 2x1.

No intervalo, Sr Rússia tirou Serna e colocou Battaglia, pois o camisa 5 perdia seu duelo contra Trezeguet em todos os lances. Schiavi passou a ser o capitão. Já Francescoli não perdoou os erros dos dois gols e tirou Gallardo e Buonanotte, colocando Coudet e Funes Mori em seus lugares.

Quem pensava que o River ia jogar recuado com 3 volantes se enganou. Coudet ocupou a intermediária de ataque e, dali, distribuiu o jogo que levou o River à virada. A equipe empurrou o Boca contra seu campo e passou a rondar a área com perigo, obrigando Abbondanzieri a intervir por 3 vezes para evitar o empate.

Aos 4 minutos, Coudet recebeu na meia esquerda e tocou para Ferrari, que invadiu a área pelo lado direito. Escudero deu um carrinho e derrubou o camisa 2 adversário. O próprio Ferrari cobrou o pênalti no ângulo esquerdo de Abbondanzieri, que se esticou mas não alcançou: River 2x2.

O jogo voltou a ficar frenético, mas as mudanças do River surtiram um efeito muito melhor. O Boca até tentou atacar, mas a marcação adversária funcionou e, com isso, poucas foram as jogadas efetivas do time xeneize.

Aos 7 minutos, veio a virada da forma mais tradicional. Almeyda marcou bem e forçou Palermo a se desfazer da bola. Barrado tocou a Coudet no meio, que abriu para Ortega na direita. O camisa 10 procurou Trezeguet no meio e o camisa 7 entrou na área driblando Battaglia, antes de chutar rasteiro no canto direito de Abbondanzieri e fazer o lado vermelho e branco da arquibancada explodir: River 3x2.

Destaque do jogo: Eduardo Coudet. Tudo bem que os laterais foram ao ataque marcar gols. Tudo bem que Trezeguet foi decisivo mais uma vez e acabou com o Superclássico. Mas o River só conseguiu vencer após a entrada de Coudet, que tomou conta do meio de campo e, da intermediária de ataque, levou sua equipe à virada. Com boa visão de jogo e um conceito ímpar de organização, arrumou o time e conseguiu a vaga às semifinais com antecipação de três rodadas.

INDEPENDIENTE 3x2 SAN LORENZO

É muito difícil manter a empolgação após um Superclássico. Mais difícil ainda é se os times que jogam a seguir são os últimos do campeonato. Por esse motivo, a partida a seguir foi com o estádio praticamente deserto. O Independiente não apresentou um bom jogo até agora e vem de três derrotas, mas quer manter a esperança na classificação após ver o terceiro, o quarto e o quinto colocados perderem na rodada. Já o San Lorenzo tem chances remotíssimas de classificação. Precisa vencer todos os jogos, fazer muitos gols e torcer por uma combinação de resultados quase impossível. Os jogadores não admitem que já jogaram a toalha, mas ainda têm o objetivo de ajudar Romagnoli a chegar aos 100 gols e querem ir o mais longe possível na tabela. No primeiro turno, San Lorenzo 1x2 Independiente.

O time de Avellaneda fez uma boa jogada no estilo 'toca y me voy' na saída de bola, mas a bola foi adiantada demais e Gracián não conseguiu concluir com perigo, já que Migliore saiu e abafou. A bola sobrou para Reynoso, que abriu na direita para Johnathan Ferrari. O camisa 2 ficou numa tabela inútil com Raul Estevez na lateral direita, até que Romagnoli pediu no meio e recebeu o passe. O camisa 10 avançou pelo meio, driblou Montenegro e deu um chute colocado de extrema categoria para bater no peito, apontar ao chão e fazer a taunt da Paloma: San Lorenzo 1x0, aos 40 segundos. Faltam 7 gols pro centésimo de Romagnoli.

A partir daí, o que se viu foi um show de horrores. Contente com a vitória, o San Lorenzo parou de jogar e deu todas as condições pro Independiente virar. Mas o time de Avellaneda não fazia nada e irritava seus torcedores, principalmente Gracián, que assistia o jogo com uma cara de sono incrível.

Aos 9 minutos, Facundo Parra deu um lindo chapéu em Romagnoli e tocou a Gracián na esquerda, mas o camisa 19 apenas ficou observando, esperando a Terra girar para que a bola caísse em seus pés. Johnathan Ferrari correu e pegou a bola, tocando a Romagnoli. O camisa 10 abriu na direita para Raul 'Pipa' Estevez, que avançou em velocidade, da ponta para o meio, passou por dois marcadores e, da entrada da área, chutou com muita força para fazer San Lorenzo 2x0.

No intervalo, Bayer tirou Gracián e Silvera, que foram vaiados pelos poucos torcedores que ainda ficaram no estádio, colocando Acevedo e Gandin em seus lugares. Acevedo ficaria como primeiro volante e Montenegro atuaria mais à frente, responsável pela armação. Já Nilson, contente com a ótima vantagem, desfez o 4-3-3 e armou o 4-4-2 losango. Tirou Erviti e Stracqualursi e colocou Buffarini e Bordagaray em seus lugares.

O Independiente voltou mais organizado, mas era muito difícil tirar a bola do campo de defesa, já que o meio de campo era composto por 4 volantes. O gramado também não ajudou e a bola ficou presa em diversas ocasiões.

Em uma delas, aos 5 minutos, a sorte sorriu para o Independiente. Acevedo tentou tocar a Busse na esquerda, mas a bola prendeu no gramado, então o camisa 12 correu atrás e passou no meio para Montenegro. O camisa 5 tentou abrir na esquerda, para passar a Gandin, mas a bola insistia em não correr. Como estava próximo à entrada da área, Montenegro resolveu chutar. A bola estava junto de seu pé, então a única saída foi meter um bico digno de futsal. Migliore não acreditou que fosse um lance de perigo e foi com displicência para o lance. A bola veio forte e rasteira e passou por baixo do goleiro adversário, num frango incrível que colocaria fogo no jogo: Independiente 1x2.

A partir daí, o San Lorenzo se fechou todo no campo de defesa e o Independiente se lançou para buscar o empate. Mas a barreira do time de Almagro era muito forte e parecia intransponível. Para sorte do Independiente, quando o San Lorenzo recuperava a bola, isolava para o campo oposto, sem se preocupar em buscar o contra ataque. Assim, o time de Avellaneda reiniciava o ataque.

Aos 10 minutos, a pressão deu resultado. Acevedo recuperou uma bola isolada para o alto, trouxe para o chão e tocou a Tuzzio no meio. O camisa 6 abriu na direita para Montenegro, que mesmo marcado, conseguiu levantar a cabeça e ver Facundo Parra dentro da área, marcado por quatro jogadores. O passe foi de uma precisão cirúrgica robótica e o camisa 17 recebeu de cara pro goleiro, chutando de primeira e empatando o jogo: Independiente 2x2.

O empate já era um prêmio incrível para a entrega dos jogadores do Independiente, mas o melhor ainda estava por vir. Romagnoli tentou fazer o 'toca y me voy' na saída de bola, mas quando Piatti lhe passou a bola, Montenegro se atirou e conseguiu tirar no carrinho. A bola ficou com o camisa 5, que se levantou rápido e lançou a Fredes. O camisa 8 avançou em velocidade e resolveu arriscar da intermediária, uns 3 metros à frente da grande área. O chute foi forte e colocado, Migliore se esticou, mas a bola foi pro fundo das redes, no último lance do jogo: Independiente 3x2.

Destaque do jogo: Daniel Montenegro. Em um jogo muito pobre tecnicamente, a raça do camisa 5 foi contagiante. Como primeiro volante, não pôde fazer muita coisa para evitar a derrota parcial de sua equipe. Adiantado a armador no segundo tempo, mostrou toda a sua classe ao participar dos 3 gols da sua equipe. Marcou o primeiro, ao criticar a bola presa no gramado; deu o passe para o segundo, em uma linda assistência; recuperou a bola e deu o passe para o terceiro, para finalizar uma virada espetacular de uma equipe que perdia por 2x0 e virou para 3x2. Depois, em entrevista à Rádio Olé, fez um desabafo aos torcedores que criticam a equipe.

CLASSIFICAÇÃO

1° Estudiantes – 28 pontos
2° River Plate – 26 pontos
3° Velez Sarsfield – 18 pontos
4° Boca Juniors – 16 pontos
5° Huracán – 13 pontos
6° Racing – 12 pontos, 24 gols pró
7° Independiente – 12 pontos, 19 gols pró
8° San Lorenzo – 4 pontos

ARTILHARIA

1° David Trezeguet (River Plate) – 16 gols
2° Enzo Perez (Estudiantes) e Daniel Cigogna (Huracán) – 11 gols
3° Martin Palermo (Boca Juniors) – 10 gols

NOTAS RÁPIDAS


  • Com os resultados da rodada, o River Plate se junta ao Estudiantes como equipe já classificada às semifinais já que, com 9 pontos em disputa, o Huracán (quinto colocado) não pode mais alcançá-los.
  • Por outro lado, também com 3 rodadas ainda por jogar, o San Lorenzo é o primeiro time eliminado do campeonato. A equipe só pode chegar a 13 pontos, bem distante dos 16 que o Boca (quarto colocado) possui no momento.
  • Mas os resultados da rodada não encerram as classificações antecipadas por aqui. Ao perder para o Huracán (2x4), o Velez estacionou nos 18 pontos e, agora, só pode chegar a 27. Com isso, o Estudiantes garante, com seus 28 pontos, que terminará a temporada regular em primeiro ou segundo lugar e, por isso, garante matemática e antecipadamente a vantagem de jogar por dois resultados iguais em saldo nas semifinais. O River precisa de mais um ponto para também garantir tal vantagem.
  • Por outro lado, do terceiro ao sétimo lugar a competição pega fogo. Todas as equipes vão se estapear pelos pontos em disputa para conseguirem as duas vagas que restam, sendo que Racing e Independiente estão em situação dramática, podendo dar adeus ao campeonato já na próxima rodada. O Independiente enfrente o Boca e o Racing pega o Huracán, ambos duelos de 6 pontos.
  • A próxima rodada promete não só por estes dois duelos, mas também pelo choque de líderes entre River e Estudiantes, onde o vencedor praticamente se garante na ponta até o final da temporada regular. Quem tem a melhor situação é o Velez, que está em terceiro e pode ficar muito próximo da vaga se derrotar o já eliminado (e desanimado) San Lorenzo. O fim de semana promete!

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