Fevereiro chega ao fim, recheado de competições ciclísticas ao redor do mundo. Vamos ver como foi o segundo mês do ano na LMC!
TROFÉU DO PAPA
O mês mais curto do ano iniciou suas ações no dia 3º, com o Troféu do Papa, que encerra de vez a Real Liga de Ciclismo. Novidade na temporada, o calendário independente será disputado apenas por ciclistas independentes, cujo número subiu de 6 para 12 em 2024. A prova, disputada no Reino de Jade e Ouro, tinha duas montanhas (com 5 e 6% de inclinação) e chegada em sprint.
Até a metade, o que se viu foi uma bela jogada da Movistar, com Nairo Quintana e Richard Carapaz partindo em fuga e se revezando, até Quintana tentar a “fuga de la fuga”. Neste momento, acabou a cooperação e o pelotão começou a trabalhar mais forte, para cansar os dois escapados. Após a última montanha, Quintana ficou para trás e os outros ciclistas começaram a se posicionar para a reta final. E quem conseguiu sair bem e atacar para vencer a solo foi o brasileiro Vinícius Rangel (Imperatriz), conquistando sua primeira vitória no Circuito Independente. Na eletrizante disputa pelos lugares restantes no pódio, o segundo lugar ficou com o esloveno Tadej Pogacar (UAE Emirates) e o terceiro, com o belga Woult Van Aert (Jumbo Visma).
Após o Troféu do Papa, Vinícius Rangel é o líder do ranking, com 5 pontos.
No domingo, 4, os ciclistas faziam o primeiro contra relógio da temporada para abrir o Tour da Malásia. Voltada para os ciclistas por etapas, a competição não tem muitas montanhas. Disputado em um dia muito abafado, o contra relógio de abertura foi vencido pelo atual campeão, o holandês Tom Dumoulin (Sunweb), segundo nesta etapa em 2022 e 2023. Em segundo ficou o brasileiro Luciano Pagliarini (Saunier Duval) e em terceiro, o alemão André Greipel (Lotto Belisol).
No dia 10, um sábado de carnaval, os ciclistas largavam para a última etapa do Tour da Malásia com o campeão já definido. Não havia mais como alcançar Frank Schleck, bastando ao luxemburguês da Saxo Bank completar a prova para ser campeão. Mas o prêmio de montanha ainda estava em aberto e a última corrida, em montanha, definiria seu vencedor em um dia de calor e muito vento. Foi uma prova polêmica, com os sprinters saindo em fuga desde o início e ocupando as vagas que seriam dos montanhistas. Tivemos, também, muitas quedas, inclusive na linha de chegada, onde o TCB foi acionado e decidiu por eliminar Tom Boonen e Sylvain Chavanel, por envolvimento na queda de André Greipel, que disputava a vitória.
Polêmicas à parte, a vitória foi do colombiano Fernando Gaviria (Quickstep). Em segundo chegou o brasileiro Luciano Pagliarini (Saunier Duval), na mesma etapa que vencera em 2019 e fora terceiro em 2020 e 2021. Em terceiro chegou o espanhol Oscar Pereiro Sio (Caisse D’Epargne), no mesmo lugar onde havia vencido em 2022.
O luxemburguês Frank Schleck (Saxo Bank) fez uma corrida segura, na média baixa, terminando na vigésima sétima posição. Desta forma, conquistou o título do Tour da Malásia 2024, seu primeiro no ano e o nono na LMC. Campeão de montanha no ano passado, Frank Schleck foi brilhante aqui, conquistando duas vitórias e um segundo lugar, além de um quinto em outra etapa. Desta forma, se tornou o grande vencedor na Malásia com uma etapa de antecedência.
Quem também teve motivos para comemorar foi o francês Julian Alaphilippe (Quickstep), que se sagrou campeão de montanha. Este foi o seu primeiro título no ano, o décimo segundo na LMC e, curiosamente, seu quinto título de montanha.
O francês Julian Alaphilippe (Quickstep), com o troféu de campeão de montanha. |
Apesar de ainda ser início de temporada e ser comum o ritmo mais baixo, o Tour da Malásia foi decepcionante. Foram nada menos do que cinco abandonos e mais dois ciclistas sendo desclassificados pelo TCB, finalizando a competição com apenas trinta e três atletas.
O Tribunal roubou a cena duplamente. Na terceira etapa, fez dois julgamentos, sendo que no primeiro, desclassificou quatro ciclistas da etapa e os jogou para a última colocação. No segundo, tirou 4 pontos de Fabian Cancellara e Domenico Pozzovivo (que estavam no primeiro julgamento) por envolvimento em outro acidente. E, na última etapa, desclassificou do Tour Sylvain Chavanel (que chegara em segundo) e Tom Boonen (o quarto colocado). Muito criticado desde o ano passado, o auditor Dr. Concha Marítima já inicia o ano se envolvendo em polêmicas. A nova direção da Liga não está nada feliz…
Após o Tour da Malásia, Frank Schleck é o novo líder do ranking, com 46 pontos.
No dia 11, domingo de carnaval, os ciclistas independentes se encontraram na província de San Juan, na Argentina, para a disputa da clássica local. A prova era inteiramente plana, à exceção de uma subida de 5% logo no início, indicando o favoritismo para os sprinters.
Disputada em um dia de sol forte e muito calor, a prova trouxe a mesma situação da anterior, com os corredores da Movistar saindo na fuga e se revezando em ritmo veloz, dando show, porém caindo de produção na metade final e sendo alcançados pelos demais.
Quem ofereceu a melhor estratégia foi o francês Bryan Coquard (Cofidis). Por ser sprinter, sabia que não teria grandes chances na única montanha do traçado e, por isso, se poupou nesta parte para aumentar o ritmo no plano, vencendo com sobras no mesmo lugar onde fora terceiro no ano passado. Em segundo, também a alguma distância dos demais, chegou o brasileiro Magno Nazaret (Vasco da Gama) e, em terceiro, o equatoriano Richard Carapaz (Movistar), em uma prova sem abandonos.
Após a Vuelta a San Juan, Bryan Coquard e Vinicius Rangel são os líderes do ranking, com 5 pontos. Porém, a Liga anunciou mudanças no ranqueamento do Circuito Independente. Agora, os pontos serão distribuídos como na LMC, com 9 para o primeiro colocado, 6 para o segundo, 4 para o terceiro, 3 para o quarto, 2 para o quinto e 1 para o sexto. Isso vale, inclusive, para cada corrida das provas por etapas. Esta mudança será aplicada na próxima corrida.
No dia 16, um crono relógio em Luxemburgo dava início ao Protour do Benelux 2024. A edição deste ano tem suas duas primeiras etapas naquele país, as duas provas de montanha na Holanda e o final na Bélgica, por conta do terceiro lugar de Remco Evenepoel no ano passado. O Protour do Benelux é mais voltado para os ciclistas de clássicas, por conta da maior parte das etapas serem deste tipo, porém os montanhistas também têm chances, dada a quantidade de subidas que terão que encarar.
Disputado em um dia nublado e de temperatura um pouco mais baixa, o contra relógio de abertura terminou com vitória do alemão Marcel Kittel (Katusha), na mesma etapa onde ficara em terceiro no ano passado. Em segundo chegou o francês Sylvain Chavanel (Quickstep) e, em terceiro, o italiano Filippo Pozzato (Acqua & Sapone). Apesar do show de Kittel, o primeiro a fazer um contra relógio no tempo mínimo na temporada, a prova foi de nível muito baixo. Os ciclistas precisam entrar no ritmo…
No dia 21, os 35 ciclistas restantes largaram na Bélgica para a última etapa do Protour do Benelux 2024 com 11 deles ainda na disputa pelo título. Para bater os líderes Danilo Di Luca e Marcel Kittel, alguns resultados teriam que ocorrer nesta prova, que tinha as duas últimas metas volantes da edição deste ano e também uma difícil subida após a metade da prova, com 10% de inclinação. Disputada em um dia parcialmente nublado, a prova viu o pelotão ser completamente esfacelado pelos muitos ataques e contra ataques realizados ao longo de seu percurso e com os sprinters ocupando as posições mais à frente.
Passada a última montanha, sobraram dois ciclistas e um deles atacou com força na parte final, para vencer na “fuga de la fuga”. Era o brasileiro Murilo Fischer (FDJ), que deixou os demais para trás para vencer a sexta etapa, curiosamente, no mesmo lugar onde havia vencido pela primeira vez na LMC, em 2019. Em segundo chegou o argentino Francisco Chamorro (Credite Agricole), repetindo a posição no pódio que conquistara em 2022. Em terceiro, para delírio do público, chegou o belga Philippe Gilbert (Lotto Belisol).
Os postulantes ao título jamais se esforçaram para tentar mudar a situação da tabela e, ao término da corrida, a direção da LMC se debruçava no Regulamento Geral de Competições para ver os critérios de desempate, quando foram avisados de uma surpresa incrível. Com a vitória e os pontos em metas volante, Murilo Fischer acabou conquistando o título do Protour do Benelux 2024, seu primeiro título no ano e o sétimo na LMC. O brasileiro da Française de Jeux, que veio para o Benelux trabalhar pela vitória de Thibaut Pinot, se viu sozinho quando este abandonou e, somando pontos preciosos e pódios nas seis etapas, levou para casa mais um título.
O título de montanha ficou com o alemão Marcel Kittel (Katusha), seu primeiro título no ano, o terceiro de montanha e nono na LMC.
Abandonos, aliás, foram muitos. Com Frank Schleck e Chris Froome deixando a competição na última etapa, foram 7 os ciclistas que não completaram o Protour, superando o número do Tour da Malásia e mostrando que, apesar de ainda estarmos no início da temporada, a forma física dos atletas preocupa.
Entre os ciclistas locais, quem teve a melhor colocação foi o holandês Bauke Mollema (Rabobank), que ficou na terceira colocação geral e, por isso, levará para a Holanda as duas últimas etapas desta competição em 2025. O desempenho dos atletas de Bélgica, Holanda e Luxemburgo foi empolgante e decepcionante ao mesmo tempo. Se a Bélgica conseguiu uma vitória (Greg Van Avermaet, na quinta etapa) e um terceiro lugar (Philippe Gilbert, na sexta etapa), e a Holanda foi segunda três vezes (Mathieu Van Der Poel na segunda etapa e Bauke Mollema na terceira e quinta etapas), Luxemburgo decepcionou ao não conseguir nada. Mas a pior decepção veio com os abandonos de Tom Dumoulin e Frank Schleck.
Após o Protour do Benelux, a liderança do ranking ainda está com Frank Schleck, com 46 pontos.
Na quinta-feira, 22, os ciclistas independentes se encontraram em Flandres, na Bélgica, para uma típica clássica de primavera daquele país. O E3 Harelbeke é uma prova difícil, com subidas de 10 e 11% e trechos em pavê, traçado para quem é ciclista de clássicas.
Disputada em um dia parcialmente nublado, a corrida viu desde o início uma fuga de Egan Bernal que só aumentou com o passar do tempo. Sem ser incomodado, o colombiano da Ineos conseguiu cruzar a linha de chegada com uma vantagem absurda para os demais, vencendo pela primeira vez na temporada. Na emocionante disputa em sprint pelas demais posições, melhor para o francês Bryan Coquard (Cofidis), terceiro em 2023, que ficou com a segunda posição. Em terceiro chegou o equatoriano Richard Carapaz (Movistar). Ninguém abandonou.
Após o E3 Harelbeke, Bryan Coquard segue líder do ranking independente, com 15 pontos.
No dia 23, os ciclistas alinharam na Toscana, região central da Itália, para a primeira clássica do ano. A Strade Bianchi tem apenas uma subida, em 7% no meio da prova, porém vários trechos em sterrato. E seria disputada em um dia nublado, porém quente, ingredientes perfeitos para os corredores de clássicas e até para alguns sprinters.
Logo no início, houve um grande boliche e vários ciclistas foram ao chão. Numa clássica, isso é fatal. O pelotão se dividiu e jamais conseguiu voltar a se reagrupar. A cada trecho de sterrato, mais ciclistas atacavam e se distanciavam dos demais. No final, quatro atletas estavam escapados e prontos para um sprint sensacional. E quem levou a melhor foi Fernando Gaviria. Segundo em 2020, desta vez o colombiano da Quickstep quem levou a melhor, conquistando seu primeiro título no ano e o nono na LMC. Em segundo ficou o suíço Fabian Cancellara (Saxo Bank) e, em terceiro, o alemão Marcel Kittel (Katusha). Em quarto ficou o francês Julian Alaphilippe (Quickstep). Apesar das várias quedas e problemas mecânicos, ninguém abandonou a Strade Bianchi 2024, que teve um bom nível, mostrando que os ciclistas estão entrando no ritmo.
Após a corrida, Frank Schleck segue na liderança do ranking, com 48 pontos.
No dia 26, a região norte da Itália recebeu os ciclistas independentes para o Giro de Laigueglia 2024. Disputada em Laigueglia (ou Ligúria), começava com uma subida de 8% de inclinação e depois tinha duas passagens por um circuito com uma subida de 9% antes da chegada em sprint, uma prova para montanhistas e ciclistas de clássicas.
Realizada em um dia de sol e temperatura em elevação, a prova viu três ciclistas saírem em fuga e o resto do pelotão vir atrás, mas sem um ritmo que pudesse alcançar os escapados, mostrando que a vitória ficaria entre eles. Magno Nazaret aumentava sua vantagem a cada pedalada, mas ao entrar no circuito e encarar as montanhas com 9% de inclinação, sentiu o ritmo e viu os montanhistas assumirem o protagonismo. Melhor para Nairo Quintana, que passou nas montanhas, abriu vantagem e cruzou em primeiro lugar. O colombiano da Movistar havia vencido esta prova em 2022 e, agora, volta a triunfar. O restante do pódio viu uma dobradinha brasileira, com Vinícius Rangel (Imperatriz) em segundo e um exausto Magno Nazaret (Vasco da Gama) em terceiro, repetindo o lugar que conquistara em 2022.
No sprint final, houve uma queda massiva, mas ninguém abandonou. O TCB Independente, dirigido por Dave Brailsford, analisou as imagens e decidiu por não punir ninguém. Desta forma, a corrida terminou com todos os ciclistas cruzando a linha de chegada.
Após o Giro de Laigueglia, Bryan Coquard e Vinícius Rangel lideram o ranking independente, com 16 pontos.
- Fevereiro se encerra com 7 competições disputadas, tendo tanto a primeira prova por etapas como a primeira clássica;
- O Circuito Independente passará a usar a bandeira da CBC (Confederação Brasileira de Ciclismo) em seus pódios;
- Novidades estão sendo preparadas para outros esportes de mesa. Ainda esse ano poderemos ter novidades!
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